Tenho andado a adiar este post, nem sei bem porquê.
O título diz tudo. Sinto-me invisível. Mas não me sinto invisível para os outros, que pouco me importam sinceramente. Sinto-me invisível para o Hugo. Há momentos em que julgo que mesmo que me vestisse de dourado ou prateado ele não ia notar a minha presença. Mas por que é que eu estou a dizer isto tudo?!
Pois bem, na Quinta-feira passada eu tinha acordado mesmo tarde. Não tinha grande coisa para comer em casa e precisava de almoçar. Resolvi ir ao supermercado. No caminho e já a chegar ao local, ao atravessar a estrada, vejo o Hugo quando íamos na passadeira! Antes de olhar para o rosto dele, imediatamente antes, senti que era ele. Não sei como explicar o que senti, mas foi isso. Ele ia acompanhado por um amigo, e iam com sacos do mesmo supermercado para onde eu me dirigia. Coincidência numa Lisboa tão grande, não? Eu continuo a encontrar-me com ele e nunca vou compreender isto! Não tenho capacidade de compreender o motivo disto acontecer comigo. Eu ia vestido de preto e verde, e até sou uma pessoa vistosa, mas ele nunca olhou para mim naquela ocasião. É horrível. Sou invisível para a pessoa de quem mais gostei na minha vida toda. É trágico, mas é a realidade.
Depois daquele pequeno episódio, resolvi fazer mais uma das minhas. Eu ia a falar ao telemóvel com uma amiga, e aquela situação distraiu-me muito. Mesmo assim surgiu-me subitamente a ideia de segui-los. Foi a segunda vez que o fiz. Fui seguindo, a armar-me em agente secreto, de telemóvel na mão que até ajudou a disfarçar mais. Qualquer das formas, ele nunca me ia notar. Sou invisível aos olhos dele. Chegando a uma travessa deixei de o avistar. Talvez tenha dado uma distância de avanço demasiado grande. Mas não interessa. Fiquei com a sensação de que ele morava ali para aqueles lados. E ironia do destino, fica só a uns quarteirões da minha casa.
Nunca vou compreender o que me foi acontecer, como me fui apaixonar por ele, como ele me rejeitou, como estes encontros continuam a acontecer, tudo. Ele que não me peça para o esquecer quando é dele que eu gosto, quando ele continua a aparecer-me à frente de tempos em tempos, quando foi ele que foi estudar para a faculdade onde eu já estudava, quando fui eu avançar com os meus estudos para a mesma faculdade onde ele foi prosseguir com os dele, quando ele mora relativamente perto de mim. Eu sou apenas um ser humano, cheio de imperfeições tal como ele. Não escolhi isto. E por mais que aquele miúdo despreze o que sinto por ele trata-se somente um sentimento, e a coisa mais humana que já alguma vez senti.