Houve momentos em que pensei que eu era simplesmente aquilo que as pessoas diziam que eu era. Cheguei a pensar que era somente aquilo que as pessoas pensam que eu sou, mas não sou mesmo como elas me pintam. Nem perto, nem longe. Foi um processo lento e complicado até eu perceber que não sou uma aberração, mas tão humano como qualquer outro. Custou-me enquanto não percebi. E ainda me custa, quando ouço bocas foleiras ou por saber o que realmente ainda pensam de mim. Verdade seja dita, eu talvez tenha procurado isso, mas não me apetece disfarçar forçadamente nada. Tenho de preservar a minha identidade, preciso de ser eu mesmo, porque mais ninguém pode fazer isso por mim. A minha vida não gira em torno dos outros, mas de mim. E começo a importar-me cada vez menos com a opinião alheia. Aquilo estava destruir-me. Eu não posso, nem agora, nem nunca, impedir que alguém se venha a rir nas minhas costas ou que me humilhe em via pública. Já passei por coisas das quais não me quero recordar mais. No fundo, os outros sempre tiveram inveja de mim e talvez sintam alguma insegurança em relação às suas preferências sexuais. Eu até hoje ainda não percebi por que é que aquele que é diferente despoleta tanto ódio em alguém.
Eu tenho sido uma das pessoas mais imparciais de sempre. Não me consigo lembrar de uma única confusão nos anos que passei na escola ou na faculdade. Nem uma! E no entanto o ódio persegue-me, sempre me perseguiu. Não entendo como é que alguém se sente bem a odiar outra pessoa. É um prazer mórbido. E nem estou a falar por mim, já não é o meu caso. Já não me permito sofrer com o preconceito e com o veneno dos outros. Superei isso. Amadureci. Não sou mais aquele adolescente que se se ia abaixo com todas as acusações e humilhações. Isso acabou. Mas se hoje sou uma pessoa fútil, artificial, vingativa, calculista, e de certa forma, maldosa, a culpa não foi minha. Foram as circunstâncias da vida. Uma pessoa tem que agarrar as armas que tem à mão. Fui à luta, como qualquer outro. Mas eu sou mais do que este aspirante a classe social alta que sou, sou mais do que esta avassaladora paixão que sinto pelo Hugo, sou mais do que as roupas de marca que visto, sou mais dos perfumes caros e maquilhagem que uso, sou mais do que a licenciatura que tirei, sou mais do que o "gay" que os outros dizem que sou. Sou mais do que tudo isso. Valho muito mais do que isso tudo. Mais uma vez: eu não sou como os outros me pintam. As pessoas, na verdade, não me conhecem, porque eu nunca me dei realmente a conhecer. Nem a minha própria mãe me conhece e revelou-se uma grande desilusão há uns meses. Não preciso que ninguém me acuse de coisas que eu nunca fiz nem de ninguém que me julgue e que me desrespeite. Para mim, a minha mãe já não significa grande coisa na minha vida e agora estou mais perto do que nunca de me tornar 100% independente.
Preciso de me livrar de todas as pessoas cínicas à minha volta, incluindo amigos, e isso também se aplica a um dos meus progenitores. Preciso de pessoas que me respeitem como eu sou e que não me controlem, que não digam o que devo ou não fazer ou como devo ou não ser. Preciso de paz e liberdade e felizmente agora sinto que os ventos começaram a soprar a meu favor com esta licenciatura. Daqui para a frente vou começar a viver por mim e para mim, sem ter que me preocupar com o que os outros acham de mim ou daquilo que eu faço. Há cura para o preconceito: é a liberdade. Se sou livre, sou imune à maldade e nada me pode apanhar.
O Hugo... Irrita-me o facto de que alguém praticamente desconhecido para mim seja tão importante para mim. Já disse vezes sem conta que não o escolhi e não me consigo "livrar" dele. Pedi-lhe ajuda, pedi indirectamente que ele me salvasse do sufoco que eu estava a viver e que ele nem imaginava, mas foi em vão. Ele foi egoísta e preconceituoso como todos os outros. E lamento muito. Não queria nada disto.
Mas hoje posso respirar fundo e dizer que sou um Miguel mais confiante, mais determinado, emancipado, amadurecido, enfim, um jovem adulto que está no poder da sua própria vida e sem se deixar ser afectado por mais ninguém! Isso chama-se crescer e eu finalmente cresci.
Eu tenho sido uma das pessoas mais imparciais de sempre. Não me consigo lembrar de uma única confusão nos anos que passei na escola ou na faculdade. Nem uma! E no entanto o ódio persegue-me, sempre me perseguiu. Não entendo como é que alguém se sente bem a odiar outra pessoa. É um prazer mórbido. E nem estou a falar por mim, já não é o meu caso. Já não me permito sofrer com o preconceito e com o veneno dos outros. Superei isso. Amadureci. Não sou mais aquele adolescente que se se ia abaixo com todas as acusações e humilhações. Isso acabou. Mas se hoje sou uma pessoa fútil, artificial, vingativa, calculista, e de certa forma, maldosa, a culpa não foi minha. Foram as circunstâncias da vida. Uma pessoa tem que agarrar as armas que tem à mão. Fui à luta, como qualquer outro. Mas eu sou mais do que este aspirante a classe social alta que sou, sou mais do que esta avassaladora paixão que sinto pelo Hugo, sou mais do que as roupas de marca que visto, sou mais dos perfumes caros e maquilhagem que uso, sou mais do que a licenciatura que tirei, sou mais do que o "gay" que os outros dizem que sou. Sou mais do que tudo isso. Valho muito mais do que isso tudo. Mais uma vez: eu não sou como os outros me pintam. As pessoas, na verdade, não me conhecem, porque eu nunca me dei realmente a conhecer. Nem a minha própria mãe me conhece e revelou-se uma grande desilusão há uns meses. Não preciso que ninguém me acuse de coisas que eu nunca fiz nem de ninguém que me julgue e que me desrespeite. Para mim, a minha mãe já não significa grande coisa na minha vida e agora estou mais perto do que nunca de me tornar 100% independente.
Preciso de me livrar de todas as pessoas cínicas à minha volta, incluindo amigos, e isso também se aplica a um dos meus progenitores. Preciso de pessoas que me respeitem como eu sou e que não me controlem, que não digam o que devo ou não fazer ou como devo ou não ser. Preciso de paz e liberdade e felizmente agora sinto que os ventos começaram a soprar a meu favor com esta licenciatura. Daqui para a frente vou começar a viver por mim e para mim, sem ter que me preocupar com o que os outros acham de mim ou daquilo que eu faço. Há cura para o preconceito: é a liberdade. Se sou livre, sou imune à maldade e nada me pode apanhar.
O Hugo... Irrita-me o facto de que alguém praticamente desconhecido para mim seja tão importante para mim. Já disse vezes sem conta que não o escolhi e não me consigo "livrar" dele. Pedi-lhe ajuda, pedi indirectamente que ele me salvasse do sufoco que eu estava a viver e que ele nem imaginava, mas foi em vão. Ele foi egoísta e preconceituoso como todos os outros. E lamento muito. Não queria nada disto.
Mas hoje posso respirar fundo e dizer que sou um Miguel mais confiante, mais determinado, emancipado, amadurecido, enfim, um jovem adulto que está no poder da sua própria vida e sem se deixar ser afectado por mais ninguém! Isso chama-se crescer e eu finalmente cresci.