Limites. Toda a gente os tem. Toda a gente tem vontades e expectativas; todos querem chegar a algum lado, mas impõem limites a si mesmos quando a adversidade é grande, quando ela chega ao cúmulo do insuportável. Mas que limites são esses? Como saber delimitá-los? Não sei. Só sei que tenho também os meus, ou melhor, quis tê-los. Sinto-me esgotado; já nem se trata de cansaço mental. Por dentro, sinto-me devastado, destruído, mutilado. Isto é o inferno para mim. Esta caminhada acabou comigo. Isto magoa-me, porque quase me matei a caminhar à procura de uma solução para o que sinto e nunca cheguei a lado nenhum. Foi uma completa desilusão, para não dizer frustração. Como afirmei aqui há uns bons meses, gostaria de dizer que prossegui incessantemente numa linha recta, mas andei desesperadamente os últimos dois anos em círculos, à procura e à espera da aceitação/aprovação deste rapaz. Foi tudo em vão. Agora eu sei que tudo o que eu disse, tudo o que eu fiz, ou tudo que venha a dizer e fazer será inútil. É inútil. Ele não admira a minha paixão; ele desvaloriza-a como se rasgasse um papel e o deitasse no lixo. Mas isso é tão comum, embora eu me sinta completamente sozinho. Como eu, independentemente do sexo, orientação sexual ou identidade de género, haverá milhões de pessoas neste mundo a sofrer por desgostos de amor. O que eu sinto até pode ser plural, mas eu sou único. E só eu sei como me isto me afectou e me corrompeu a alma. O pior é que nunca procurei ajuda. Fechei-me. Não fui capaz de falar do Hugo a nenhum/a amigo/a. Pelo menos, não a ninguém fisicamente próximo a mim. Saberia que, ou me julgariam a mim ou àquilo que sinto, e basta de reprovação na minha vida. Este sentimento é meu: seja bom, seja mau, seja certo, seja errado; é meu. Tenho direito de vivê-lo, sem ter que ser criticado ou humilhado por isso. Este desespero pertence-me e não é orgulhosamente que o assumo. Mas é só meu e por isso nunca quis partilhá-lo com ninguém importante para mim. Fiz mal por ter pensado assim, mas a vergonha e o medo falaram mais alto e nesta altura já não faz sentido contar a quem quer que seja.
Talvez por não ter tido um ombro amigo em que chorar, por não ter ouvido uma voz a dar-me conselhos é que deixei esta paixão rebentar da maneira que rebentou ao ponto de me sacudir assim. Parece que explodiu uma bomba dentro de mim. Sinto-me desfeito, em mil pedaços. Foi por não ter tido uma orientação, por me ter perdido neste labirinto imenso, que não consegui impor limites. A minha paixão não foi delimitada; o que sinto pelo Hugo é infinito e irreplicável. Nem sei ao certo até que ponto gosto dele e essa incerteza assusta-me. A sensação com que fico é que a distância, a rejeição e a indiferença não serviram de limites (embora ele tenha pensado que assim fossem quando mos impôs); foram, pelo contrário, o fogo que inflamou esta paixão descontrolada.
Mas tem de haver limites e há, só que podem não funcionar e de uma forma ou de outra chega-se lá. Eu acabei de lá chegar porque não consigo mais. O Hugo impôs-me limites como eu disse acima, mas não funcionaram. A situação em que ficámos é incerta. Do lado dele pode ter ficado tudo claro e resolvido; do meu não. Desisti de querer convencê-lo, de querer mudá-lo, de querer comovê-lo. Apaixonei-me pelo modo como ele é, não pela forma como eu queria que ele fosse. Mesmo que eu conseguisse modificá-lo a meu belo proveito, quem me garante que eu iria continuar a gostar dele tão intensamente? Provavelmente, não iria porque não seria aquela maneira de ser dele que me cativou. E é aqui que mora a nossa incompatibilidade. Só queria deixar de sentir isto como se fosse um erro irremediável. Só queria que ficássemos bem, que respeitássemos as maneiras de ser um do outro para podermos seguir os nossos caminhos como ele tanto deseja. Mas com esta indiferença toda eu vou continuar a fantasiar e à procura de maneiras de o alcançar, o que é altamente desgastante e perigoso para a minha saúde mental e também física.
Não há volta a dar. Não é possível voltar ao passado para tentar corrigir as coisas. É tarde demais para criar barreiras de protecção; é tarde demais para impor limites. Resta-me suportar e gerir as consequências dos meus indesejados sentimentos e dos meus arrojados actos. A questão fica no ar: mereço eu esta punição por algo que não escolhi e não procurei?
Talvez por não ter tido um ombro amigo em que chorar, por não ter ouvido uma voz a dar-me conselhos é que deixei esta paixão rebentar da maneira que rebentou ao ponto de me sacudir assim. Parece que explodiu uma bomba dentro de mim. Sinto-me desfeito, em mil pedaços. Foi por não ter tido uma orientação, por me ter perdido neste labirinto imenso, que não consegui impor limites. A minha paixão não foi delimitada; o que sinto pelo Hugo é infinito e irreplicável. Nem sei ao certo até que ponto gosto dele e essa incerteza assusta-me. A sensação com que fico é que a distância, a rejeição e a indiferença não serviram de limites (embora ele tenha pensado que assim fossem quando mos impôs); foram, pelo contrário, o fogo que inflamou esta paixão descontrolada.
Mas tem de haver limites e há, só que podem não funcionar e de uma forma ou de outra chega-se lá. Eu acabei de lá chegar porque não consigo mais. O Hugo impôs-me limites como eu disse acima, mas não funcionaram. A situação em que ficámos é incerta. Do lado dele pode ter ficado tudo claro e resolvido; do meu não. Desisti de querer convencê-lo, de querer mudá-lo, de querer comovê-lo. Apaixonei-me pelo modo como ele é, não pela forma como eu queria que ele fosse. Mesmo que eu conseguisse modificá-lo a meu belo proveito, quem me garante que eu iria continuar a gostar dele tão intensamente? Provavelmente, não iria porque não seria aquela maneira de ser dele que me cativou. E é aqui que mora a nossa incompatibilidade. Só queria deixar de sentir isto como se fosse um erro irremediável. Só queria que ficássemos bem, que respeitássemos as maneiras de ser um do outro para podermos seguir os nossos caminhos como ele tanto deseja. Mas com esta indiferença toda eu vou continuar a fantasiar e à procura de maneiras de o alcançar, o que é altamente desgastante e perigoso para a minha saúde mental e também física.
Não há volta a dar. Não é possível voltar ao passado para tentar corrigir as coisas. É tarde demais para criar barreiras de protecção; é tarde demais para impor limites. Resta-me suportar e gerir as consequências dos meus indesejados sentimentos e dos meus arrojados actos. A questão fica no ar: mereço eu esta punição por algo que não escolhi e não procurei?