Quanto mais o tempo passa, mais difícil é para mim gerir a situação. E as coisas não deviam funcionar assim. Mas é mesmo assim: a forma mais dolorosa e penosa possível é a forma pela qual eu estou a experienciar esta desilusão amorosa.
Estou a convencer-me de que estou a pagar por algo que não escolhi. Quando me conceberam não me foi perguntado com que sexo eu queria nascer. Tive de aceitar e viver assim. Não havia outro caminho que não esse. E até aí, mesmo sofrendo e sentindo-me como uma espelho partido em 1000 pedaços, eu ia aguentando. Ia aguentando viver preso num corpo com que não me identifico, ia aguentando todo o preconceito e intolerância em que me vi envolvido na minha adolescência, ia aguentando o medo e o pavor que tudo isso me trazia. Paguei caro por uma coisa que não escolhi. Não tive direito a opções.
Mas tudo piorou quando entrou esta pessoa na minha vida. Quando digo que entrou, não é que eu tenha enviado um convite formal ao Hugo no qual dizia "Vem Hugo, vem entrar no meu mundo totalmente lixado, no qual eu me sinto um lixo. Vem aturar as minhas frustrações". Mas o que é facto é que ele entrou, de uma maneira ou de outra. Ao fim ao cabo, ele faz tanto parte de mim como qualquer outro familiar ou amigo dele. Digo que piorou porque ingenuamente pensei que ele me ia salvar da bizarrice que é o meu mundo. Eu quis dar o salto para fugir deste insegurança e desta paranóia e procurei a mão dele, mas acordei! Ele nunca esteve lá para mim, nem nunca vai estar. Quando ele me enfeitiçou (não encontro outro termo) com a presença dele, com a sua maneira de ser, com o seu aspecto físico, com tudo que faz parte dele, eu nunca imaginei que isso me viesse a fazer tão mal. E embora ele não tenha culpa absolutamente nenhuma (!!!), como já aqui disse, eu sofri por causa disso. Não me foram dadas opções. Não tive direito de escolha nesta matéria. Mais uma vez, paguei bem caro por uma coisa que não escolhi.
Não sei até onde isto é justo ou não. Acho que é isso que se chama de vida, no sentido lato. Dou voltas à cabeça para tentar compreender onde falhei na minha vida miserável para merecer um martírio destes, mas não encontro nada que possa justificar tudo isto. Só queria ter tido direito a opções, a escolhas, como toda a gente tem. Só queria ter podido escolher a minha identidade de género e a minha maneira de ser para não enfrentar opiniões demoníacas sobre a minha pessoa. Só queria ter podido escolher legitimamente uma pessoa para amar, alguém que pudesse respeitar os meus genuínos sentimentos. Talvez este mundo não seja para mim. Talvez eu tenha vindo aqui parar só para vingar no campo académico-profissional. Talvez isto seja só uma fase de transição para mim. Mas não será assim que toda a gente pensa acerca da vida? Só queria ter tido os mesmos direitos dos outros e ser feliz como eles. Tenho a sensação de que por ser como sou tenho de provar ser melhor que tudo e todos para ser minimamente respeitado. Só queria que isto não fosse assim. Só queria ter tido opções para não ter de enfrentar este destino tão fatal, no qual não tive direito de escolha.
Estou a convencer-me de que estou a pagar por algo que não escolhi. Quando me conceberam não me foi perguntado com que sexo eu queria nascer. Tive de aceitar e viver assim. Não havia outro caminho que não esse. E até aí, mesmo sofrendo e sentindo-me como uma espelho partido em 1000 pedaços, eu ia aguentando. Ia aguentando viver preso num corpo com que não me identifico, ia aguentando todo o preconceito e intolerância em que me vi envolvido na minha adolescência, ia aguentando o medo e o pavor que tudo isso me trazia. Paguei caro por uma coisa que não escolhi. Não tive direito a opções.
Mas tudo piorou quando entrou esta pessoa na minha vida. Quando digo que entrou, não é que eu tenha enviado um convite formal ao Hugo no qual dizia "Vem Hugo, vem entrar no meu mundo totalmente lixado, no qual eu me sinto um lixo. Vem aturar as minhas frustrações". Mas o que é facto é que ele entrou, de uma maneira ou de outra. Ao fim ao cabo, ele faz tanto parte de mim como qualquer outro familiar ou amigo dele. Digo que piorou porque ingenuamente pensei que ele me ia salvar da bizarrice que é o meu mundo. Eu quis dar o salto para fugir deste insegurança e desta paranóia e procurei a mão dele, mas acordei! Ele nunca esteve lá para mim, nem nunca vai estar. Quando ele me enfeitiçou (não encontro outro termo) com a presença dele, com a sua maneira de ser, com o seu aspecto físico, com tudo que faz parte dele, eu nunca imaginei que isso me viesse a fazer tão mal. E embora ele não tenha culpa absolutamente nenhuma (!!!), como já aqui disse, eu sofri por causa disso. Não me foram dadas opções. Não tive direito de escolha nesta matéria. Mais uma vez, paguei bem caro por uma coisa que não escolhi.
Não sei até onde isto é justo ou não. Acho que é isso que se chama de vida, no sentido lato. Dou voltas à cabeça para tentar compreender onde falhei na minha vida miserável para merecer um martírio destes, mas não encontro nada que possa justificar tudo isto. Só queria ter tido direito a opções, a escolhas, como toda a gente tem. Só queria ter podido escolher a minha identidade de género e a minha maneira de ser para não enfrentar opiniões demoníacas sobre a minha pessoa. Só queria ter podido escolher legitimamente uma pessoa para amar, alguém que pudesse respeitar os meus genuínos sentimentos. Talvez este mundo não seja para mim. Talvez eu tenha vindo aqui parar só para vingar no campo académico-profissional. Talvez isto seja só uma fase de transição para mim. Mas não será assim que toda a gente pensa acerca da vida? Só queria ter tido os mesmos direitos dos outros e ser feliz como eles. Tenho a sensação de que por ser como sou tenho de provar ser melhor que tudo e todos para ser minimamente respeitado. Só queria que isto não fosse assim. Só queria ter tido opções para não ter de enfrentar este destino tão fatal, no qual não tive direito de escolha.