Estou cada vez mais decidido em andar com isto para a frente. Agora é mesmo. É o meu futuro que está em causa, porque o presente tornou-se insustentável. Estou a preparar-me mentalmente e ando a escrever. Sei que não tenho outra opção se quero dar novos contornos a esta história. Tinha de chegar a este ponto para poder prosseguir. Mas a partir do momento em que eu me apresentar oficialmente ao Hugo, fico exposto. Exposto ao desconhecido, exposto a um mundo invisível que não consigo percepcionar. Tudo na vida tem um preço. Quem adivinharia que em Novembro de 2009, depois daquela aula no auditório, em que vi o Hugo pela primeira vez, ele nunca mais me sairia da cabeça? Pela primeira vez, senti-me vivo, por dentro e por fora. Ele tornou-se a cor no cinzento do meu olhar. Quem adivinharia que aquele meu interesse súbito por uma pessoa que não conhecia de todo, se iria tornar em algo sério depois de eu ter sabido mais acerca? E quem diria que esta paixão, que nasceu sem ser desejada, teria consequências tão nefastas?
Os nossos actos têm consequências e eu, neste momento, preciso de estar bem consciente do que vou fazer e das repercussões que os meus actos causarão. Depois de feito, não há volta a dar. Eu queria muito que ele guardasse segredo sobre a minha identidade, que não me expusesse, mas como já o fez uma vez, duvido que ele me poupe nesta vez também. Principalmente nesta vez em que não vai haver mais nada a desvendar. Se ele me atacar com palavras ásperas ou com pensamentos maldosos, vai estar a atacar-se a si mesmo porque, para o bem e para o mal, eu faço parte dele porque é dele que eu gosto. Mas ele ainda não conseguiu perceber isso, razão pela qual me tem deixado a sofrer assim.
Nos últimos meses, fiquei obcecado com o medo, com a vergonha, com os erros. Eu não tenho que me esconder como um criminoso. Se o meu crime é gostar de outra pessoa infinitamente, então que seja preso imediatamente! Senti-me assim inúmeras vezes, acorrentado, enxovalhado, escravo desta paixão. Enquanto todos se divertiam (incluindo ele) eu chorava, sozinho, num canto do quarto. E garanto que, tal como a minha identidade de género, isso também nunca foi uma escolha. Não posso ser considerado um empecilho tão grande para ele só porque nutri sentimentos que não eram supostos. Honestamente, já nem sei bem o que está certo ou errado. Pensei em tempos que gostar dele era errado, mas agora acho que o que não é certo é eu ter de me esconder dele porque, afinal de contas, o que sinto é humano e inocente.
Ponho-me a pensar em possibilidades, em futuros cenários. É difícil conceber a ideia de que todo o meu esforço não vai dar em nada. Ele possivelmente vai bloquear-me na rede social, vai odiar-me, vai maldizer-me, vai troçar de mim com aqueles amigos que ele tanto venera, mas que estão pouco interessados em respeitar os seres humanos diferentes deles. Ou será que estou a ser demasiado ríspido e injusto? Talvez não. Na outra vez, fizeram-me sentir como um lixo! E isso, será justo?! Por mais que eu me tente mentalizar, eu nunca vou estar preparado correctamente para enfrentar o que aí vem. Nunca! Não suporto a possibilidade de, mais uma vez, ele não comunicar e se remeter ao silêncio. Isso assusta-me e ao mesmo tempo revolta-me porque eu não mereço.
Não quero pensar só nas consequências, quero pensar no impacto. Cansei-me de ser um zero à esquerda. Fazer a diferença é tudo o que quero. E um dia ele vai poder associar o meu nome e rosto à pessoa que mais dele gostou.
Os nossos actos têm consequências e eu, neste momento, preciso de estar bem consciente do que vou fazer e das repercussões que os meus actos causarão. Depois de feito, não há volta a dar. Eu queria muito que ele guardasse segredo sobre a minha identidade, que não me expusesse, mas como já o fez uma vez, duvido que ele me poupe nesta vez também. Principalmente nesta vez em que não vai haver mais nada a desvendar. Se ele me atacar com palavras ásperas ou com pensamentos maldosos, vai estar a atacar-se a si mesmo porque, para o bem e para o mal, eu faço parte dele porque é dele que eu gosto. Mas ele ainda não conseguiu perceber isso, razão pela qual me tem deixado a sofrer assim.
Nos últimos meses, fiquei obcecado com o medo, com a vergonha, com os erros. Eu não tenho que me esconder como um criminoso. Se o meu crime é gostar de outra pessoa infinitamente, então que seja preso imediatamente! Senti-me assim inúmeras vezes, acorrentado, enxovalhado, escravo desta paixão. Enquanto todos se divertiam (incluindo ele) eu chorava, sozinho, num canto do quarto. E garanto que, tal como a minha identidade de género, isso também nunca foi uma escolha. Não posso ser considerado um empecilho tão grande para ele só porque nutri sentimentos que não eram supostos. Honestamente, já nem sei bem o que está certo ou errado. Pensei em tempos que gostar dele era errado, mas agora acho que o que não é certo é eu ter de me esconder dele porque, afinal de contas, o que sinto é humano e inocente.
Ponho-me a pensar em possibilidades, em futuros cenários. É difícil conceber a ideia de que todo o meu esforço não vai dar em nada. Ele possivelmente vai bloquear-me na rede social, vai odiar-me, vai maldizer-me, vai troçar de mim com aqueles amigos que ele tanto venera, mas que estão pouco interessados em respeitar os seres humanos diferentes deles. Ou será que estou a ser demasiado ríspido e injusto? Talvez não. Na outra vez, fizeram-me sentir como um lixo! E isso, será justo?! Por mais que eu me tente mentalizar, eu nunca vou estar preparado correctamente para enfrentar o que aí vem. Nunca! Não suporto a possibilidade de, mais uma vez, ele não comunicar e se remeter ao silêncio. Isso assusta-me e ao mesmo tempo revolta-me porque eu não mereço.
Não quero pensar só nas consequências, quero pensar no impacto. Cansei-me de ser um zero à esquerda. Fazer a diferença é tudo o que quero. E um dia ele vai poder associar o meu nome e rosto à pessoa que mais dele gostou.