Um vazio enorme

Se formos ao dicionário procurar pela palavra "vazio" surge-nos uma definição do género: "espaço sem nada dentro". É exactamente como me sinto. Foi assim que o Hugo me deixou. Sinto-me como um jardim sem flores, como um oceano sem água, como fogo sem chamas. De há alguns tempos para cá que tenho vindo a sentir isto, mas sempre ignorei até não conseguir negar mais a mim mesmo. Sinto um vazio em mim do tamanho do mundo. A minha vida estagnou. Admito. Aquilo que consegui até hoje, nos mais diversos aspectos, não é suficiente para cobrir o vazio que esta paixão deixou em mim. Fracassei. Fracassei por ter nascido justamente assim, fracassei por não ter conseguido aproximar-me da pessoa que mais desejei na minha vida toda, fracassei indirectamente em tudo o resto porque para mim nada faz sentido. E para mim, uma pessoa com um ego elevado transformado em defesa pessoal, admitir uma coisa destas é duro. É duro perder, principalmente aquilo que se quer mais. E o que eu quis foi só compreensão, atenção, respeito, porque sabia que ele não me poderia dar mais do que isso, mas nem isso ele pôde dar-me. Parece que só a minha paixão não fracassou. Lutou contra tudo e contra todos, contra o ódio, contra o preconceito, contra a desilusão, contra a vergonha e venceu. A minha paixão floriu na maior das tempestades. É honestamente a única coisa que tenho como garantida neste momento. Só sei que aquilo que sinto pelo Hugo é perigosamente infinito e isso deixa-me sem chão. :'(
Eu já nem consigo sentir nada que me possa entristecer porque não acontece absolutamente nada. Vi o Hugo algumas vezes nas últimas semanas e é só. Há algo que me está a bloquear. Quero falar com ele, mas sinto alguma coisa a prender-me. Acho que é o medo de reviver toda aquela angústia do ano passado. Mas este vazio está a acabar comigo e faz de mim uma forma sem conteúdo. Sinto-me destruído por dentro. Só vejo vácuo à frente. Não consigo enxergar nada. O futuro é totalmente incógnito.

"O coração precisa encher-se de alegrias ou de dores; umas e outras o alimentam; o que não pode suportar é o vazio." (Alphonse Karr)

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