Tréguas?

O stress que a faculdade me está a causar não tem precedentes. A pressão agora é maior, pois estou na recta final. O meu medo de falhar é enorme e falta tão pouco. Não posso fraquejar agora. No ano passado fraquejei por motivos óbvios. Este ano os resultados foram bem melhores porque pude desfrutar de alguma serenidade embora todos os cantos daquela faculdade me tenham feito lembrar do Hugo.
Às vezes nem quero acreditar que gosto tanto daquela pessoa, que surgiu do nada na minha vida, que me marcou como mais ninguém só pela sua presença, com quem nunca tive um verdadeiro diálogo, mas em quem confiei como nunca tinha confiado em mais ninguém. Seria muito improvável isso acontecer novamente por quem quer que seja. Ele é o tal e ao mesmo tempo não é. Estou cansado disto. O Hugo não me vai compreender nunca, não me vai aceitar nunca, nem o que sou nem o que sinto por ele. Estou muito cansado desta hostilidade da parte dele. Não há guerra nenhuma, mas parece que estamos a lutar um contra o outro, há um ano, por querermos coisas diferentes. Preciso de tréguas. Preciso que a hostilidade e a indiferença acabem, preciso de um momento de descanso. Hugo, nunca me dirigi directamente a ti por aqui, mas não aguento mais isto. Algo me diz que tu continuas a acompanhar-me aqui pelo blogue. Pensa no meu pedido. Preciso de tréguas! :'(

Meditações

Continuo a nadar num mar de pensamentos. Parece que este blogue nunca mais vai ter um fim. Tenho sempre tantas coisas para contar... O pior é que pensar nisto tudo faz-me sofrer, magoa-me. É uma dor que arde intensamente e a ferida vai inflamando. A mágoa que carrego dentro de mim não tem dimensão. Ela só é uma vastidão.
Eu, tendo em consideração tudo pelo que tenho passado até aqui, tento convencer-me que sou um vencedor por ter suportado isto, por ter corrido atrás daquilo que eu achava que fazia sentido e que era certo, por nunca ter desistido. Mas isso é uma treta! Por dentro estou desfeito em pedaços. Já nem me lembro da última vez em que me sentia uma pessoa autenticamente feliz. Ultimamente, tenho pensado nas coisas que me deixaram mais vulnerável e, obviamente, triste. A escolha errada do curso, o eterno preconceito de pessoas invejosas e maldosas, a indiferença do Hugo pela minha pessoa e o desentendimento e consequente afastamento da minha mãe. Estes acontecimentos, todos juntos, acabaram com aquilo que eu havia construído uma vida inteira: a estabilidade e o equilíbrio do meu 'eu'.
São tempos difíceis, a adversidade impera. Esta quinta-feira passada, dia 23, tive um ataque de histeria ao ponto de querer destruir o meu quarto. Depois corri para a casa-de-banho e ali fiquei a chorar desesperadamente, no chão. São estes acontecimentos que me fazem crer que algo não está bem na minha vida. Não dá para ignorar. Não recebo acompanhamento psicológico por minha opção. Recuso-me porque se o recebesse seria admitir o meu fracasso pessoal e nada disto acabou! Uma vez fiz uma metáfora curiosa : comparei-me a um desses carros de corrida. Eu sou como eles. Vou a alta velocidade, a perseguir os meus sonhos, embora com o medo constante de me despistar e de me magoar. Mas esse é o preço da vida, certo? Se eu não arriscar, não sei o que conquisto ou não, não sei se venço ou perco a guerra. Ficar na dúvida? Nem pensar! Nesta altura do campeonato prefiro sofrer por arriscar do que por não arriscar. O Hugo brevemente vai ter notícias minhas, sem mais joguetes, sem mais disfarces. Vai ser o culminar de um ano e meio. Um ano e meio de curiosidade, de dúvida, de ansiedade, de desilusão, de sofrimento e de angústia. Esses são os resultados de uma paixão que nunca deveria ter acontecido. Foi dessa forma que o Hugo quis, subtilmente, que eu encarasse a situação. Mas eu não tenho culpa por ele ter a orientação sexual que tem, nem por eu ter a identidade de género que tenho. É isso mesmo! Estou cansado de rodeios. A partir de agora falo das coisas como elas realmente são. Vou entrar na vida do Hugo, mesmo sabendo que ele não me deseja nela. E isso está a acabar comigo. Mas eu preciso de fugir da escuridão e da vergonha em que me tenho refugiado. Ele precisa de me ver, de ser solidário comigo e sentir todo o sofrimento que vai cá dentro por causa dele. :( Não tenho nada para além das estrelas que me acompanham, jornada a jornada, nestas noites de agonia. E como minhas aliadas serão elas a iluminar o ainda longo caminho que tenho de percorrer até à pessoa que me modificou, de forma definitiva.

A desilusão mascarada de ilusão

Ilusão é sinónimo de fantasia. A desilusão é o antónimo de desilusão e sinónimo de decepção. E por incrível que pareça, estas duas andam sempre de mãos dadas. Embora a ilusão e a desilusão sejam inimigas e se odeiem, elas não podem sobreviver uma sem a outra ou deixariam de existir. Quando nos iludimos há-de acontecer alguma coisa que nos vai desiludir. Quando estamos desiludidos há-de aparecer alguma coisa que nos volte a iludir. Agora, a forma como cada um reage e enfrenta isso é que difere. Eu, pessoalmente, vou-me muito a baixo depois de uma decepção e a minha recuperação é sempre lenta. Mas nenhuma das minhas desilusões anteriores se compara a esta que sinto há um ano. O Hugo marcou definitivamente a maior desilusão da minha vida e marca o virar da página na minha história. Eu estava iludido, estava a viver uma farsa. Não signifiquei nada para ele em momento algum, mas a ilusão apoderou-se de mim e fez-me pensar em coisas ridículas, fez-me sofrer. Agora o meu coração está partido em pedaços e só tenho a mim para me culpar.
É cada vez mais difícil para mim conter estas lágrimas e acalmar esta dor dentro de mim que me está a matar lentamente. No passado sábado à noite, fui com um grupo de amigos à Feira da Agricultura que tem lugar anualmente em Santarém e senti-me horrivelmente mal. Eram milhares e milhares de pessoas e eu percebia que estavam todos felizes, enquanto se divertiam. Eu? Eu ali estava, a pensar no que não devia, a deixar esta desilusão continuar o seu massacre para acabar comigo.
Eu estou tão instável e mal mentalmente que até já pensei pedir ajuda ao Hugo, num acto de desespero. Acho que se ele fosse mesmo uma boa pessoa como eu penso que ele é, ele haveria de se comover com o meu estado actual. Parece que pedir-lhe auxilío é a única coisa que me resta, embora eu não queira que ela sinta pena de mim. Isso não e é isso que me faz adiar o inevitável. A esperança é a última a morrer, mas eu já não vou misturá-la com ilusão. A ilusão é apenas uma máscara usada pela desilusão e infelizmente eu descobri isso tarde demais.

Altura complicada (estudos)

Esta é sempre uma altura do ano complicada para mim. Mas neste ano ainda está a ser pior. O ano lectivo aproxima-se do seu fim, e no meu caso, aproxima-se também o final da minha licenciatura. Ando num estado de nervos tal que até já pus a possibilidade de voltar a tomar mais Xanax XR (a bomba de que voz falei anteriormente) e já os tenho comigo. Não estou a suportar esta pressão das avaliações da faculdade, misturadas com a paixão, medo e vergonha que eu sinto do Hugo. Só me apetece gritar! A minha mente está a ser invadida por uma tempestade sem precedentes. Não sei para onde me virar, sinceramente. Esta semana tenho várias frequências e eu não consigo concentrar-me durante um grande espaço de tempo. Mas ando a fazer um esforço. Contudo, a medida que me concentro e faço um esforço para terminar o curso, parece que o vazio que existe em mim vai aumentando. É como se eu estivesse a perder a minha identidade, enquanto estou a aplicar-me nos estudos, no meio deste sofrimento.
O meu limite continua a ser desconhecido. Surpreendo-me todos os dias. Cada dia que passa eu surpreendo-me. Nunca pensei aguentar tanto. Nunca pensei chegar tão longe. Quando o Hugo me deu uma tampa há um ano eu pensei que a minha vida tinha acabado ali. Estava enganado. Embora tenha sido cruel e muito mau o que me aconteceu, acabou por ser uma bela surpresa a forma como contornei a situação. Descobri que sou uma pessoa forte. Lutei, mesmo não sabendo bem contra o quê. Mas confesso que não me apetece mais continuar. Acho que o meu limite não está muito longe. Mas ninguém vai fazer isto por mim e eu vou continuar até onde conseguir.