Invisível

Tenho andado a adiar este post, nem sei bem porquê. O título diz tudo. Sinto-me invisível. Mas não me sinto invisível para os outros, que pouco me importam sinceramente. Sinto-me invisível para o Hugo. Há momentos em que julgo que mesmo que me vestisse de dourado ou prateado ele não ia notar a minha presença. Mas por que é que eu estou a dizer isto tudo?! Pois bem, na Quinta-feira passada eu tinha acordado mesmo tarde. Não tinha grande coisa para comer em casa e precisava de almoçar. Resolvi ir ao supermercado. No caminho e já a chegar ao local, ao atravessar a estrada, vejo o Hugo quando íamos na passadeira! Antes de olhar para o rosto dele, imediatamente antes, senti que era ele. Não sei como explicar o que senti, mas foi isso. Ele ia acompanhado por um amigo, e iam com sacos do mesmo supermercado para onde eu me dirigia. Coincidência numa Lisboa tão grande, não? Eu continuo a encontrar-me com ele e nunca vou compreender isto! Não tenho capacidade de compreender o motivo disto acontecer comigo. Eu ia vestido de preto e verde, e até sou uma pessoa vistosa, mas ele nunca olhou para mim naquela ocasião. É horrível. Sou invisível para a pessoa de quem mais gostei na minha vida toda. É trágico, mas é a realidade. Depois daquele pequeno episódio, resolvi fazer mais uma das minhas. Eu ia a falar ao telemóvel com uma amiga, e aquela situação distraiu-me muito. Mesmo assim surgiu-me subitamente a ideia de segui-los. Foi a segunda vez que o fiz. Fui seguindo, a armar-me em agente secreto, de telemóvel na mão que até ajudou a disfarçar mais. Qualquer das formas, ele nunca me ia notar. Sou invisível aos olhos dele. Chegando a uma travessa deixei de o avistar. Talvez tenha dado uma distância de avanço demasiado grande. Mas não interessa. Fiquei com a sensação de que ele morava ali para aqueles lados. E ironia do destino, fica só a uns quarteirões da minha casa. Nunca vou compreender o que me foi acontecer, como me fui apaixonar por ele, como ele me rejeitou, como estes encontros continuam a acontecer, tudo. Ele que não me peça para o esquecer quando é dele que eu gosto, quando ele continua a aparecer-me à frente de tempos em tempos, quando foi ele que foi estudar para a faculdade onde eu já estudava, quando fui eu avançar com os meus estudos para a mesma faculdade onde ele foi prosseguir com os dele, quando ele mora relativamente perto de mim. Eu sou apenas um ser humano, cheio de imperfeições tal como ele. Não escolhi isto. E por mais que aquele miúdo despreze o que sinto por ele trata-se somente um sentimento, e a coisa mais humana que já alguma vez senti.

O balão cor-de-rosa

Aquele balão cor-de-rosa não me sai da cabeça. Nesta quinta-feira teve lugar um dos episódios mais peculiares de que tenho memória. Uma coisa que até podia ser banal, mas que para mim teve um significado especial. Final de tarde agitado, como é hábito em Lisboa. Eu estava a dirigir-me para o metro. Ia a passar numa avenida. Quando chego perto de uma intersecção, com semáforos, muito movimentada deparo-me com um balão que por ali vagueava na estrada. Era cor-de-rosa. Com o vento causado pelos carros que passavam, ele não parava de rebolar e voar. Não sei, mas houve ali qualquer coisa que me despertou a atenção. Criei uma ligação com aquele balão naquele momento. E torci por ele. Um balão que estava perdido, no meio de uma confusão e nada nem ninguém lhe prestou atenção. Era como se ele estivesse sozinho, cheio de gente à volta, e prestes a explodir. É como eu me sinto. Deve ser por isso que aquela situação me cativou tanto. Eu só pensava que o balão ia rebentar a qualquer momento. Era carro atrás de carro e ele persistia. Nunca desistiu até que pousou no passeio dos peões. Eu não conseguia deixar de observar aquela situação. Só queria olhar para trás e ver o balão. E lá ficou ele, são e salvo num jardim até que o deixei de avistar. Esta história, à partida, seria insignificante, se eu não estivesse a passar pelo que estou a passar na minha vida actualmente. Mas aquele balão representou muita coisa para mim. Era rosa e eu já aqui assumi no blogue – post “Azul & Rosa” – que uma parte de mim é rosa, a minha identidade de género, a minha vulnerabilidade enquanto pessoa. Depois, era um simples balão, altamente propício a desaparecer de um momento para o outro. E no entanto, tal não aconteceu. Ele superou aqueles obstáculos todos. Eu não consigo parar de pensar nisto. A sério. Penso que se aquele balão ultrapassou todas aquelas barreiras, desafiando todas as probabilidades, eu também hei-de conseguir. Ponho-me a pensar: porque não enfrentar o Hugo de uma vez? O que eu tenho a perder? Se eu fosse um balão, e tudo corresse mal, rebentaria e acabava tudo. Mas não sou e haverá sempre um amanhã. Não há que ter medo daquilo que pode acontecer embora isso assuste, é claro. E portanto, dê por onde der, mesmo que tudo corra mal eu hei-de superar isto e sobreviver.

Frases sobre amor - Parte 6

"Fica-se enamorado quando se dá conta de que a outra pessoa é única." (Jorge Borges)


"Porque o fogo que me faz arder é o mesmo que me ilumina." (Étienne La Boétie)


"O coração tem razões que a razão ignora." (Blaise Pascal)

 "É muito melhor viver sem felicidade do que sem amor." (William Shakespeare)


"Em matéria de amor, o silêncio vale mais do que a fala." (Blaise Pascal)

"Amar é fazer pacto com a dor." (Julie Lespinasse)


"O amor: uma fonte que tem sede." (Marie Noel)


"Donde pode nascer o amor? Talvez de uma súbita falha do universo, talvez de um erro, nunca de um acto de vontade." (Marguerite Duras) 

"No amor somos injustos, porque supomos que o outro é perfeito." (Jean Paul)

"Viver sem amor significa realmente não viver." (Jean Molière)


"É melhor estar triste com amor, do que alegre sem ele." (Johann Goethe)

 "O amor é um sonho que chega para o pouco ser que se é." (Fernando Pessoa)

Meros desabafos

Quanto mais racional tento ser, menos consigo. Este assunto desgastou-me de tal modo que já nem consigo tomar nenhuma decisão, por não ter força para isso. Ando em cima do muro há meses, sem saltar para nenhum lado. Não sei o que fazer. Não sei se insisto ou desisto. A verdade é que já estive mais convicto em prosseguir, mas também não quero ficar por aqui. O Hugo criou as regras do jogo à sua vontade e eu perdi. Contudo, foi legítimo da parte dele. Quem se meteu no caminho dele fui eu e não o contrário. Só tenho é que aguentar. Acho que é por isso que não consigo ganhar-lhe raiva de maneira nenhuma. Não consigo odiá-lo. Deve ser porque isto que sinto é mesmo autêntico. Está tudo ao contrário na minha vida. Desde a minha existência até à minha essência. E acabo por deixar as minhas inseguranças e hesitações estragarem tudo. Tenho é de enfrentar aquilo que realmente sou e dizer as coisas como elas são. Eu não tenho apenas uma orientação sexual que foge à "regra". Eu tenho um transtorno de identidade de género e não tendo sido eu a escolhê-lo, tenho de saber lidar com isso. É um assunto que me envergonha imenso, mas não posso fazer nada. Andei anos a ignorar o que me diziam e agora consigo enxergar aquilo que sou mesmo. Quando aquele amigo me disse que não compreendia o que ia na cabeça das mulheres nem na minha percebi que eu não era como os rapazes. Percebi que havia algo que não batia certo. Percebi que a minha mente não encaixava no meu corpo. Percebi, mas fingi não perceber durante anos, que tenho uma mente feminina a comandar um corpo masculino. :S E isso foi-me atribuído, não foi uma escolha. E há gente que insiste em ignorar isso, e protegem-se, daqueles que são diferentes, atrás de uma cortina de preconceito. Também me foi sugerido em tempos que eu encontrasse um rapaz bissexual para me completar, que só um homem que também se sentisse atraído por mulheres poderia ser compatível com a minha personalidade e desejos. Eu era tão novo, que ignorei tudo. O resultado foi uma vida amorosa desastrosa. Em termos amorosos sou um desastre. E na única vez que me apaixonei verdadeiramente foi por um rapaz que não me percebe, que foge de mim como se eu fosse sei lá o quê. Não consigo compreender por que é que tal coisa tinha logo de acontecer comigo, eu que nunca fui vil, que nunca prejudiquei ninguém em toda a minha vida. Vivo escondido na escuridão, a fugir do destino, com um medo constante do que possam pensar de mim por onde eu passo. Eu ponho-me a pensar e eu nem sei bem o que sou realmente. Por dentro, é como se estivesse a lutar comigo mesmo. A tentar matar aquilo que não quero ser, a tentar esconder a todo o custo o que sou, mas que é aquilo que tenho de ser. Esta luta interna, esta vergonha, esta desilusão amorosa, isto tudo está a acabar comigo. E isto não é drama. Eu fico cada vez mais com a sensação que ninguém me percebe, mesmo aqueles que me estão próximos. Ninguém me percebe, porque eu sou uma excepção (para não dizer aberração) da sociedade. Eu olho para o Hugo e ele é tudo o que se deve ser: o rapaz típico, bonito, inteligente, culto, heterossexual e por aí fora. Eu não sou nada disso. Nem nunca vou ser. Vou ser sempre considerado menos do que os outros. E só Deus sabe porque sou esta pessoa de plástico que sou hoje, que vive de marcas, luxos, futilidades, etc. Porque eu nunca ia aguentar ser considerado um verme. Tive de construir uma muralha. Só assim consegui atenuar os meus medos. E depois penso que quanto mais quis ser importante para ele, que quanto mais quis marcar presença, que quanto mais quis fazer a diferença, menos representei para ele. Acabei por ser um zero à esquerda. Zerinho! Eu continuo com tanto por dizer. Tenha tanta coisa entalada aqui dentro, mas agora não consigo dizer mais nada.

Maldito atraso

Eu era para ter elaborado este post no próprio dia, mas a situação perturbou-me de tal forma que até fugi do blogue. No entanto, vou ter de contar. Vou ter de contar de tão surreal que isto parece. Era terça-feira (dia 24), véspera de feriado. Eu senti um cansaço anormal e decidi ir descansar. Fui dormir uma sesta sem me lembrar que tinha uma aula reagendada para esse dia uma vez que não a ia ter na quarta-feira - feriado. Acordei às 6h da tarde, e lembrei-me que tinha aula. Fui a correr para apanhar um autocarro (não gosto muito de conduzir, como já aqui disse) que ainda demorou a aparecer. Mal vou a chegar à faculdade, ainda dentro do autocarro, avisto logo o Hugo com duas pessoas, nas imediações da universidade. Eu ia ao telemóvel e só pensava "isto não me está a acontecer, mais uma vez!" Não tinha escapatória possível. Para entrar na faculdade, tinha de passar muito perto deles. Foi horrível para mim, é sempre horrível. É horrível porque eu fico uma pilha de nervos quando ele está por perto. Quando vou a entrar dentro do edifício, olho para trás e deu-me a sensação que ele estava a olhar na minha direcção, embora possa ter sido imaginação da minha cabeça. Ponho-me a imaginar se houve a mínima hipótese de ele me ter seguido com o olhar por alguns instantes.. O que me deixa sei lá como. Não prestei grande atenção à aula, como era expectável. O professor, no fim, até veio perguntar-me se eu tinha captado alguma coisa (tal devia ter sido a minha distracção, digo eu). Moral da história: maldito atraso. Eu nunca tinha ido para a uma aula àquela hora e justamente na primeira vez que aconteceu lá estava ele, sentado, a ver-me passar. :O Há coisas que parecem de propósito. Até irrita e dá-me medo. Andámos na mesma faculdade alguns anos e eu tive de aguentar aquilo. Ele acabou o curso e foi para outra faculdade. Eu acabei o curso e fui para a mesma faculdade. Enfim, o resultado está à vista. Estou a viver tudo de novo. :S

Em desespero

Há meses que não vertia uma lágrima. Bloqueei os meus sentimentos de uma forma, tal era o estado gélido da minha alma, que não conseguia sequer chorar. Hoje tive um momento súbito alagado em lágrimas. E não é nada bom sinal nesta altura. O tempo passa. E já passou tanto tempo que para mim é difícil de acreditar. Daqui a um mês vão fazer dois anos que contei ao Hugo o que sentia. Dois anos!!! Ando nesta tristeza misturada com vergonha e desilusão há dois anos. Abdiquei de tantas coisas (reduzi as minha saídas, afastei-me de não sei quantas pessoas) que até me faz pensar que sou uma outra pessoa. Quero e continuo a respeitar os meus ideais, os meus princípios, que parece que acabei por parar no tempo. Ser honesto comigo e para com os meus sentimentos tirou-me muita coisa de mim. Roubou-me a vontade do quer que seja. A cobrança foi alta. Dei e continuo a dar voltas à cabeça a tentar encontrar soluções quando elas simplesmente não existem. Mas eu ando a tentar enganar quem? Que frustração! Parei no tempo por causa desta paixão. Tenho a sensação de que estou cada vez a direccionar-me para a escuridão em vez de fugir dela. Sinto-me preso dentro de um filme de terror, mais do que um filme dramático. É desesperante quando queremos tanto algo que é impossível de alcançar. Mas fica tudo mais desesperante quando se muda de objectivo e mesmo assim é uma missão falhada. Primeiro, tentei chegar ao Hugo, aproximar-me dele, e foi um fracasso total. Depois, aceitando a realidade, tentei afastar os meus pensamentos dele e falhei outra vez. Não sei mais para onde me virar. Não estou mais bem em lugar nenhum. O desespero passou a ser a minha mais recente companhia - outrora foram a tristeza e a desilusão.

Frases sobre amor - Parte 5

"O amor é filho da ilusão e pai da desilusão." (Miguel Unamuno)

"Amar é fazer pacto com a dor." (Julie Lespinasse)

"Amar é cansar-se de estar só: é uma cobardia portanto, e uma traição a nós próprios (importa soberanamente que não amemos)." (Fernando Pessoa)

"Como é insuficiente o coração humano! Um longo amor acaba por cansar." (Louise Ackermann)

"É muito melhor viver sem felicidade do que sem amor." (William Shakespeare)

"O coração tem razões que a razão ignora." (Blaise Pascal)

"O amor é uma bela flor à beira de um precipício. É necessário ter muita coragem para a ir colher." (Stendhal)

"Não há amor como o primeiro, mesmo que esse primeiro seja o último." (Vergílio Ferreira)

"O amor não se vê com os olhos mas com o coração." (William Shakespeare)

"É possível amar e não ser feliz, é possível ser feliz e não amar, mas amar e simultaneamente ser feliz, isso seria milagre." (Honoré de Balzac)

"Aqueles que têm coragem para amar deveriam ter coragem para sofrer." (Anthony Trollope)

"Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele." (Victor Hugo)

"O amor e a razão são dois viajantes, que nunca vivem juntos na mesma hospedaria: quando um chega, parte o outro." (Walter Scott)

Frases sobre vontade

"Se resistimos às nossas paixões, é mais pela fraqueza delas que pela nossa força." (François de la Rochefoucauld)

"A palavra 'impossível' é uma expressão infeliz; nada se pode esperar daqueles que a usam frequentemente." (Thomas Carlyle)

"Nunca é demasiado tarde para ser aquilo que sempre se quis ser." (George Eliot)

"Quanto mais se quer, melhor se quer." (Charles Baudelaire)

"Ao querermos, enganamo-nos muitas vezes. Mas quando nunca queremos, enganamo-nos sempre." (Romain Rolland)

"Aquele a quem se permite actuar à sua vontade em breve baterá com a cabeça contra um muro de tijolos de pura frustração." (Robert Musil)

"Temos mais força do que vontade e é por isso mesmo que nos desculpamos imaginando que as coisas são impossíveis de atingir." (François de la Rochefoucauld)

"Onde há uma vontade forte, não pode haver grandes dificuldades." (Niccolo Maquiavel)

"Para que resulte o possível deve ser tentado o impossível." (Hermann Hesse)

"A vontade é cega, a dor é míope." (Ernst Junger)

"É erro vulgar confundir o desejar com o querer. O desejo mede os obstáculos; a vontade vence-os." (Alexandre Herculano)

"A vontade é tão livre por natureza que jamais pode ser coagida." (René Descartes)

"Quem não sabe introduzir a sua vontade nas coisas, introduz nelas pelo menos um «sentido»: quer dizer, acredita que existe já ali dentro uma vontade (princípio da «fé»)." (Friedrich Nietzsche)

Frases sobre amor - Parte 4

"Os melhores momentos do amor são aqueles de uma serena e doce melancolia, em que choras sem saber porquê, e quase aceitas tranquilamente uma desventura que não conheces." (Giacomo Leopardi)

"O amor é um grande mestre, ensina de uma só vez." (Pierre Corneille)

"É difícil amar aqueles que não estimamos, mas é mais difícil ainda amar aqueles que estimamos mais do que a nós mesmos." (François de la Rochefoucauld)

"Contigo não posso viver, nem sem ti." (Marcial)

"É tolo quem se quer opor ao amor, como se pudesse lutar com ele." (Sófocles)

"Não há disfarce que possa esconder por muito tempo o amor quando este existe, nem simulá-lo quando este não existe." (François de la Rochefoucauld)

"Só uma palavra nos liberta de todo o peso e da dor da vida: essa palavra é o Amor." (Sófocles)

"O amor é a poesia dos sentidos. Ou é sublime, ou não existe. Quando existe, existe para sempre e vai crescendo dia a dia." (Honoré de Balzac)

"O amor é um modo de viver e de sentir. É um ponto de vista um pouco mais elevado, um pouco mais largo; nele descobrimos o infinito e horizontes sem limites." (Gustave Flaubert)

Frases sobre amor - Parte 3

"Nascemos para amar. O amor é o princípio da existência e o seu único fim." (Benjamim Disraeli)

"Amar bem é amar loucamente." (André Suarés)

"Muitas vezes o amado desencadeia a força lentamente acumulada no coração daquele que ama. O amor é uma coisa solitária. É esta descoberta que faz sofrer." (Carson McCullers)

"O amor é estarmos sempre preocupados com o outro." (Marcel Achard)

"O amor sem ciúme não é amor." (Paul Léautaud)

"Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa." (Fernando Pessoa)

"O amor é de uma natureza tal que quanto mais se ama mais se deseja amar." (Giovani Boccaccio)

"O amor arranca as máscaras sem as quais temíamos não poder viver e atrás das quais sabemos que somos incapazes de o fazer." (James Baldwin)

"O amor é dos que nele pensam." (Marcel Achard)

"A palavra exagero não existe no vocabulário do amor." (L. Crescenzo)

"Ser amado é passado; amar é durar." (Rainer Rilke)

"Por mais duro que alguém seja, derreterá no fogo do amor. Se não derreter é porque o fogo não é bastante forte." (Mohandas Gandhi)

"O coração não tem rugas." (Marie Sévigné)

"Muitos são os remédios que curam o amor, mas nenhum é eficaz." (François de la Rochefoucauld)

"O amor é uma tentativa de penetrar no íntimo de outro ser humano, mas só pode ter sucesso se a rendição for mútua." (Octavio Paz)

"Quando não se ama demais, não se ama o suficiente." (Roger Bussy-Rabutin)

"Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal." (Friedrich Nietzsche)

A vida dá voltas

Ponho-me a pensar nas voltas que a minha vida tem dado. Queixo-me que nada acontece, que está tudo igual, que só existe monotonia à minha volta, mas isso não é verdade. As coisas mudaram.
A primeira grande volta da minha vida teve lugar a partir de 2006. Para começar, já não sou aquele menino que foi para Lisboa em busca de um sonho. Aprendi tanto e sozinho. Sem a ajuda de ninguém, abri as portas que me conduziram àquilo que sou hoje. No entanto, nem tudo foram rosas. Foi complicado estabelecer-me. Tive bastantes dificuldades em adaptar-me ao ambiente da faculdade, e como transgénero que sou, com todos os meus maneirismos femininos, senti sempre grande pressão à minha volta. Tive de provar sempre que era competente, que merecia estar ali como qualquer outra pessoa. Tive de provar mais do que a maior parte. Tive, também de me esconder, de me refugiar, para chamar a menor atenção possível. Lembro-me, já para o fim da licenciatura, que quando contei ao Hugo que gostava dele, não frequentei de propósito as aulas de uma cadeira opcional que tínhamos em comum, na qual obtive nota 14 em regime não presencial. Quis evitá-lo o máximo possível e não deu em nada. Foi um preço alto que paguei.
Prejudiquei-me e para quê? Ando a fugir do quê? Sim, é verdade que a nossa sociedade é machista, na qual só os homens viris mas incultos e as mulheres bonitas mas ocas em conhecimento são valorizados. Por um lado, orgulho-me por não ser uma coisa nem outra. Por outro lado, andar em cima da linha é um preço muito alto a pagar. E eu que o diga, meus caros.
Lisboa ajudou-me, deixou-me respirar. Eu andava a sufocar na minha cidade natal por não poder ser eu e só tinha 18 anos. Em Lisboa, posso carregar um bocado no contorno de olhos ou vestir uma roupa mais arrojada que ninguém me vai censurar por isso. Em Lisboa, além de ter aprendido a ser autónomo, pude também ser eu mesmo, fazer uso da minha verdadeira personalidade. E isso não tinha acontecido até então.
Em 2009, foi a segunda grande volta. O ano em que surge o Hugo, que nunca foi mais do que uma ilusão. Já aceitei a rejeição dele, mas não a compreendo. Não consigo. Não havia nada, a meu ver, que impedisse um relacionamento saudável entre nós. Ele parece-me ser um rapaz bem relacionado, mas optou por querer afastar quem mais lhe queria bem - justamente eu. Tenho a certeza que pus ali alguma coisa em causa, mas não sei bem se cheguei a ser encarado como uma ameaça para ele. É uma pena. Ele podia ter aprendido tanto comigo e eu com ele. E um dia eu ia acabar por desistir desta ideia, como ele tanto queria, mas ele só me instigou mais ao dar-me um 'chega para lá', ainda que delicadamente. A minha mente tornou-se uma vastidão de possibilidades. Já lá vão 2 anos e ele continua a dominar o meu pensamento. A minha vida até então era tranquila, menos agitada, mas muito chata. Pelo menos, o Hugo trouxe-me uma uma razão para viver. Deu-me um objectivo, embora eu o tenho falhado completamente.
Em 2011, foi outra viragem. Licenciei-me, finalmente. Depois de todos os percalços, consegui. A área da comunicação social está longe de ser aquilo em que estou à vontade, mas foi aquilo em que acreditei na altura, aquilo em que me revi. Quando somos muito novos tomamos atitudes precipitadas. E eu sempre fui um adolescente impulsivo. Agora sofro as consequências e, por isso, para me preparar bem para o mercado de trabalho estou a pós-graduar-me na área política.
Tenho tantos sonhos. Quero ser escritor, quero ser comentador, e obviamente quero ser um bom jornalista. Quero vingar no campo profissional e sinto que nesse aspecto vou ser bem-sucedido. No resto, já não tenho tanta certeza.
A minha vida deu voltas. Deu sim. Sou um ser humano mais preparado hoje. Sei que, todos os dias, mal ponho os pés na rua, o mundo lá fora não é fácil. Ninguém está aqui para nos facilitar a vida. Estou mais preparado porque finalmente percebi que nem tudo pode ser como quero. Os meus pais falharam nesse aspecto, sempre a tentarem dar-me todo o conforto - é claro que só tenho a agradecer. Mas o Hugo mostrou-me que não é assim. Ele foi o meu primeiro grande "Não"! Embora, em certos momentos, eu tenha pretendido dar-lhe uns estalos na cara, e tenha também tentado odiá-lo, só lhe tenho de agradecer o facto de ele existir. E por mais lamechas que isso soe, é a isso que se chama amor, paixão, o que for. Aprendi muito com ele, mais do que ele imagina. Percebi que não era suposto ele existir na minha vida, mas fora dela. Foi à distância que tudo aconteceu. E tudo isto ensinou-me muito! Muito mesmo. Não posso dizer que sou uma pessoa feliz, porque não sou, mas grato sou com certeza.
E com todas as voltas que a vida ainda venha a dar, eu só espero que este miúdo consiga aquilo que ele quer, que se torne um grande profissional (inteligência não lhe faltará). Depois disto, só farei mais uma tentativa. Não me vou humilhar mais. As coisas são como são. Se ele tiver que ser o melhor que eu nunca tive, que seja.

O vermelho da minha paixão

Sou uma pessoa maioritariamente emotiva. Tenho pouco de racional. Não sei agir com frieza em momentos desesperantes. Isso é algo que eu gostaria de mudar no futuro. Desde que o meu avô faleceu (faz esta terça-feira duas semanas) parece que ando cada vez mais com o coração no lugar do cérebro. Não consigo pensar racionalmente sobre nada disto.
O meu coração arde, dói e está a sangrar. O vermelho da minha paixão não representa nada de bom, nada de mágico, nada de alegre. Simboliza o sangue derramado de um desgosto com uma dimensão incalculável. Com certeza não serei o único no mundo a passar por isto, por isso não quero fazer-me de vítima. Mas algo assim é extremamente nocivo para uma pessoa.
Praticamente, abdiquei da minha vida amorosa por alguém que não poderia ter-me tratado de forma mais gelada, ainda que educada. Abdiquei, no fundo, de ser feliz. Sinto-me um parasita no mundo. Os outros mal se lembram de mim, mas perguntam-me sempre o que devem fazer em relação à pessoa que amam, pedem-me conselhos. E eu penso para mim "que irónico, a minha vida amorosa é um desastre total, um autêntico fracasso e agora ando aqui a dar conselhos a esta gente". Não sei até onde consigo aguentar mais isto. Admito ter pensado mais do que uma vez atentar contra mim, contra a minha vida, e embora me tenha faltado a coragem, também não sei até onde isso seria justo para mim e para alguém que se preocupe verdadeiramente comigo.
Sou uma pessoa emotiva, mas também sempre tive noção dos limites, do que é certo e errado. Nessa medida, sempre fui racional. Mas começo a ter dificuldades em distinguir o que é bom do que é mau. Não sei que iniciativa devo tomar, não sei o que fazer em relação ao Hugo. Tenho a sensação que ele pensa que eu já esqueci isto, que ultrapassei a situação, que ficou tudo bem. :S
Mas não. Não está tudo bem. Tenho algumas coisas mais para lhe dizer. Uma delas pode parecer ridícula, mas eu sinceramente já nem me envergonho disso. Quero pedir-lhe desculpa por ser ele de quem eu fui gostar, quero pedir-lhe desculpa por não ter nascido a rapariga que ele desejava e que um dia lhe poderia dar tudo aquilo que ele sempre quis. Tenho de pedir-lhe desculpa por isso. Por coisas que eu não escolhi, mas tem de ser.
Fico a pensar que para mim o Hugo será para o resto da minha vida o melhor que eu nunca tive e eu para ele serei o maior enigma da sua vida. De alguma forma, à distância, embora perto em vários momentos, tivemos algum impacto um no outro (mais em mim do que nele, ainda assim).
A minha vida foi invadida por esta vermelhidão pintada pela paixão que me comanda. Sou um escravo dos meus sentimentos, sinto-me preso numa cela sem escapatória possível. E eu sinto, sei, que este rapaz nunca me tirará deste sítio, não sem eu lhe implorar desesperadamente.

Frases sobre amor - Parte 2

"Nada é tão bom como o amor, nem tão verdadeiro como o sofrimento." (Alfred de Musset)

"Em amor é um erro falar-se de uma má escolha, uma vez que, havendo escolha, ela tem de ser sempre má." (Marcel Proust)

"Amar é ultrapassarmo-nos." (Oscar Wilde)

"Aqueles que falam das alegrias do amor, por certo, nunca amaram. Amar um ser é senti-lo necessário, portanto, sentirmo-nos nós próprios numa incessante precariedade." (Jean Rostand)

"O amor não se define; sente-se." (Séneca)

"Podemos odiar aqueles que amamos. Os outros são-nos indiferentes." (Henry Thoreau)

"Saber amar não é amar. Amar não é saber." (Marcel Jouhandeau)

"O amor é a ocasião única de amadurecer, de tomar forma, de nos tornarmos um mundo para o ser amado. É uma alta exigência, uma ambição sem limites, que faz daquele que ama um eleito solicitado pelos mais vastos horizontes." (Rainer Rilke)

Frases sobre amor - Parte 1

"Não ser amado é falta de sorte, mas não amar é a própria infelicidade." (Albert Camus)

"O verdadeiro amor é como a aparição dos espíritos: toda a gente fala dele, mas poucos o viram." (François de la Rochefoucauld)

"O amor é a única paixão que não admite nem passado nem futuro." (Honoré de Balzac)

"Os olhos são os intérpretes do coração, mas só os interessados entendem essa linguagem." (Blaise Pascal)

"Amar é descobrirmos a nossa riqueza fora de nós." (Alain)

"O mal nunca está no amor." (André Gide)

"A felicidade é no amor um estado anormal." (Marcel Proust)

"Amor, encantadora loucura; ambição, grave tolice." (Sébastien-Roch Chamfort)

"Nada é tão bom como o amor, nem tão verdadeiro como o sofrimento." (Alfred de Musset)

"Perdoa-se na medida em que se ama." (François de la Rochefoucauld)

"A vida é um sono de que o amor é o sonho, e vós tereis vivido se houverdes amado." (Alfred de Musset)

"Há vários motivos para não amar uma pessoa, e um só para amá-la; este prevalece." (Carlos Drummond de Andrade)

À espera do inesperado

A perda de um familiar próximo deixou-me obviamente emotivo, mas mais do que isso, deixou-me pensativo. Estou completamente obcecado com o sentido da vida. Será que vale a pena tanta gente desentender-se quando a vida é tão curta? Se bem que no meu caso nem houve um desentendimento. Não houve absolutamente nada. E é esse o problema aqui. O Hugo fugiu, sem querer saber o que isto era realmente e sem se importar minimamente como eu ia ficar. Sendo a vida tão curta, haverá mesmo necessidade de haver tanto desprezo, ódio, preconceito e tantas outras coisas neste mundo? No final, ninguém vive para sempre! Acho tudo tão despropositado, mas talvez esteja a simplificar demais.
Sinto-me à espera do inesperado. Sinto-me à espera que um dia o Hugo volte atrás e me procure, esteja eu onde estiver - no meu mundo, onde criei um milhão de fantasias e onde calculei uma infinidade de possibilidades. Tenho estado à espera de um comentário, de um email, de um telefonema. Tudo possibilidades remotas. Estou à espera do inesperado, à espera daquilo que não vai acontecer. Sinceramente não sei mais o que posso fazer em relação a isto. Para mim, desistir de um sonho é como uma facada nas costas mas eu estou cansado de ser ingénuo. Estou cansado de querer acreditar que vou ter um final feliz como nos contos de fadas. Tenho de admitir e principalmente aceitar que tanto eu como o Hugo sabemos que eu não sou quem ele precisa. E não se trata aqui de uma questão de incompatibilidade de personalidades, porque nós mal nos conhecemos. Trata-se de algo mais profundo, uma incompatibilidade de estilos de vida, e claramente, uma incompatibilidade sexual. Tudo se resume a isso, infelizmente. Não quero ler mais aquele post Azul & Rosa no qual falei sobre isso, só para não ter que me desmanchar a chorar outra vez. Tenho de me conformar que não tive a sorte que milhões de pessoas tiveram, de me ter apaixonado por alguém que podia ser aquilo que eu mais desejava e que me podia completar. Eu nunca vou conseguir essa plenitude! O Hugo é o tal, é a pessoa que eu mais quis ter ao pé de mim, mas eu não sou quem ele precisa nem quem ele quer. Simples e doloroso, mas é a realidade.
Decidi continuar, não desistir, mas não está a dar. Não estou a conseguir. Não sou de ferro. Procurei coragem para isto que nunca cheguei a ter de facto. O máximo que posso fazer daqui para a frente é falar-lhe mais uma vez, dizer-lhe como me sinto e depois cabe-lhe a ele a decisão se me quer por perto que vai ser obviamente um "Não!".
Até lá, vou continuar à espera do inesperado...

Momento difícil

O meu avô não me tem saído da cabeça desde Terça-feira. Este tem sido um momento difícil. Ontem à noite nem sequer consegui dormir. Antes de adormecer passei por um momento penoso de choro. Tenho ideia de que era o neto que mais orgulho dava ao meu avô. Não é que ele tivesse preferidos, mas posso afirmar que fui o único que não teve desavenças com ele. Talvez porque eu tenho paciência para as pessoas mais velhas e não é bem o caso dos meus primos e do meu irmão.
Acabei por não ir ao funeral por encontrar-me em Lisboa. Achei a chamada telefónica do meu irmão surpreendente (visto que não somos nada próximos, como nunca fomos), na qual me disse que não havia necessidade de eu sair de Lisboa para ir ao funeral porque toda a família iria. Realmente, eu tinha um trabalho para entregar e mais uma aula e não tinha hipótese, mas eu queria ter ido. Como não fui, vou esta Sexta-feira ao cemitério pôr uma flor. Não me vai fazer nada bem, mas preciso de o fazer - é uma espécie de libertação.
O meu avô vai fazer-me falta como já está a fazer. Embora ninguém tenha culpa, devia ter-lhe dado mais atenção nos seus últimos tempos de vida e não o fiz. E já expliquei a razão por que não o fiz. Não consegui porque o meu pensamento estava voltado para uma paixão que não foi bem sucedida e tudo o resto, para mim, era irrelevante. Dei o meu avô como algo garantido e agora ele foi-se e nunca mais vamos voltar a conversar. Nunca mais vou ouvir as suas história de vida. Isso entristece-me profundamente, mas a vida continua e eu ainda tenho várias metas para alcançar.

Nada é dado como garantido!

Hoje aprendi mais uma lição. Na semana passada quando o meu avô saiu do hospital dei como garantida a sua permanência entre nós durante mais algum tempo. Enganei-me. E não lhe dei a atenção devida nos seus últimos tempos de vida, porque a minha cabeça, no meio desta desilusão amorosa, não dá para mais. O tempo livre que tenho gasto-o a pensar em alguém que não me liga a mínima e enquanto isso vou negligenciando quem realmente gostava ou gosta de mim. Perdi o meu avô materno na altura mais complicada da minha vida. Sinto remorsos por não o ter apoiado suficiente no seu declínio. E não me perdôo por isso. Eu bem via, mas não fui capaz. Tenho medo de ter sido egoísta. No meio destas lágrimas, sinto raiva e tristeza. Estou desapontado comigo mesmo. Continuo a fazer tudo ao contrário.
Não sei como vou conseguir estar naquele funeral amanhã, com aquela gente toda. Não sei mesmo. É o último sítio onde eu queria estar. Tento de afastar a tristeza da minha vida, mas ela persegue-me.
Mas tenho de ver isto como uma lição. Daqui para a frente tenho de dar o devido valor a quem me dá a mim, antes que seja tarde de mais. Nada é dado como garantido. É em vida que temos de perseguir os nossos sonhos, é em vida que temos de apoiar quem nos respeita e gosta de nós, porque depois disso não há rigorosamente mais nada.

Mais uma situação inesperada / Aniversário

Alguns dias passaram desde o meu último post e pode parecer que eu me quero afastar do blogue. Na verdade, por vezes, sinto pouca vontade de escrever pelo simples motivo de começar a achar que já não me ajuda. No entanto, continuo a sentir uma grande necessidade de me expressar pela escrita. O facto de chorar todas as vezes que aqui venho escrever pode ser outro motivo resultante desta minha aversão (talvez seja um termo forte demais, mas é o que eu encontro agora) ao blogue.
Tenho tentado nos últimos dois anos manter o pensamento positivo. Mas há coisas que não posso controlar, que me fogem ao controlo. Não posso meter uma coisa na cabeça que é irrealizável, isto é, a possibilidade de eu ter paz e ser feliz tornou-se uma mera fantasia.
O que me faz pensar assim? Honestamente, eu nunca quis retirar o Hugo da minha vida, ou pelo menos, do meu pensamento. Talvez não tenha feito um esforço suficiente para ficar bem. Só me tenho a mim para me culpar. O que sofri até aqui deve-se a uma insistência estapafúrdia da minha parte em acreditar que um dia aquele rapaz, que o destino escolheu aleatoriamente para mim, ia sequer olhar para mim com outros olhos, quanto mais me aceitar! Fui um idiota, cretino, ridículo e por aí fora. Talvez também esteja a exagerar ao punir-me tão severamente assim. Mas as coisas são como são. Estive mal nisto. Estive mal por não ter largado a questão quando ainda era tudo fresco. Devia ter-lhe dado ouvidos. Quando ele me pediu para não falarmos eu devia ter tentado pensar noutras coisas, sair mais, divertir-me mais, mas não. Fiz exactamente o contrário. Deixei o fogo desta paixão queimar tudo à minha volta, enquanto me consumia a mim próprio também. Agora é tarde. Talvez tenha sido inevitável. Se calhar não estava ao meu alcance pôr um fim aos meus sentimentos pelo Hugo. Começo a acreditar que nunca esteve, mas não me estou a desculpabilizar.
Portanto, não vale a pena eu fingir que não gosto dele e que sou indiferente a tudo. Os acontecimentos bizarros continuam a ter lugar. E eu pura e simplesmente não os posso ignorar. Na véspera do meu aniversário, no dia 31, eu ia a caminho do centro comercial para ir jantar. Eram sensivelmente 20 horas. Quando ia a passar por um prédio, sai da porta um rapaz que se não era o Hugo, era um sósia. O tal rapaz levou uns 2 segundos a colocar o carapuço da camisola na cabeça e como era de noite tive dificuldade em confirmar se era mesmo ele ou não. Entretanto, enquanto ele seguia o mesmo caminho à minha frente eu senti-me mal. Tive uma quebra de tensão ou algo do género tal era o meu estado de nervos. O meu coração batia disparadamente. É sempre assim quando o Hugo está por perto. Mais ninguém alguma vez me deixou assim. O mesmo rapaz ia trajado como uma vestimenta desportiva. Estou a referir isto porque o Hugo pode continuar a ler-me aqui e assim ele pelo menos fica a saber disto e se era mesmo ele ou não naquela ocasião. O que me leva fortemente a crer que era ele é a zona onde o sucedido teve lugar: já nos tínhamos cruzado uma vez ali bem perto e eu sei que ele ia para casa naquela vez. Independentemente de ter sido ele ou não, o importante a reter aqui é o impacto que ele causa em mim, mesmo que não fosse ele ou que não estivesse ali realmente presente. A sensação que senti ali a pensar que era ele só prova que isto não só não acabou como está longe de acabar. Eu quase caí literalmente para o chão. :(
No dia seguinte, 1 de Fevereiro, foi o meu 24º aniversário. Foi ruim. Passei-o a terminar um trabalho da faculdade e fui passar o resto da noite a casa da minha mãe, que somente me deu os parabéns e nada mais. Nem presente, nem bolo, nem grandes conversas, mais nada. Já o meu pai esqueceu-se completamente da data, embora a minha avó tenha inventado uma desculpa para o sucedido. Estes são os meus pais e a importância que eu tenho para eles é esta. Já aqui disse e repito: pertenço a uma família de classe média alta, vivo sem necessidades financeiras, mas sinto um vazio sem dimensão dentro de mim. Eu mal consigo escrever sem ter de chorar um bocado. Estou sozinho. Não posso contar com os meus pais ausentes para nada a não ser para lhes pedir dinheiro ou alguma coisa de que necessite. Quanto aos meus amigos, a maior parte nem sequer imagina o que sinto em relação a isto ou como me sinto em relação ao Hugo, pela simples razão de que eu fecho-me e não falo sobre nada que me deixa infeliz. É um defeito meu sofrer em silêncio, mas chamar a atenção não é o meu feitio. As pessoas que já me criticaram e me odeiam sempre tentaram provar isso (que sou um extravagante, que só tenho mania, e mais não sei quê), mas isso é um embuste. Denigram-me à vontade, mas eu nunca vou ser do tipo de pessoas que quer chamar a atenção. O meu sofrimento em silêncio prova-o. Se quisesse ter feito coisas horríveis ao Hugo como vingança poderia tê-lo feito mas não segui esse caminho e nunca o farei. Não sou assim.
No Sábado à noite tive um festa de aniversário de uma amiga que faz anos no mesmo dia que o meu. Fiz um esforço enorme para sair à noite até que cheguei a um ponto que não consegui mais. Aquilo tudo estava a incomodar-me muito. Despedi-me da aniversariante e saí do bar rapidamente. Na rua, enquanto pensava na minha miserável vida e em todos a divertirem-se, senti vontade de chorar mas contive-me.
Prossegui por um caminho doloroso, no qual não tive direito a atalhos. Não há forma de fugir a isto. Ou é isto ou não é nada. A dor amadurece e eu sei que, mais tarde ou mais cedo, eu hei-de encontrar a luz no meio desta escuridão. Quero um dia ser capaz de olhar para trás a sorrir, quando for independente, quando for pós-graduado, quando tiver o meu emprego, quando tiver o meu próprio apartamento numa zona cara em Lisboa, quando for feliz - sozinho. Sozinho porque já não acredito no amor. Não neste mundo infestado de preconceito e vergonha. Acho que é por isso que estou sozinho. Não tive a sorte de me ter apaixonado por alguém que me pudesse aceitar e que gostasse de mim como sou, como todas as minhas imperfeições - uma por uma. Ter uma disfunção de identidade de género (sentir-me mentalmente mais rapariga do que rapaz), ter esta orientação sexual, ter pais ausentes, não ter amigos compreensivos ou atentos, não ser feliz nunca se tratou de uma escolha! O Hugo um dia vai perceber isso, se ele é a boa pessoa que eu julgo que ele é. Mas infelizmente quando ele lá chegar vai ser tarde demais porque nenhum ser humano é feito de ferro embora eu quisesse que assim fosse. Até onde eu vou aguentar é neste momento uma incógnita para mim.
Vou partilhar uma música que tenho andado a ouvir bastante. A cantora dispensa apresentações. A Adele está a dominar o momento. Qualquer pessoa já se deparou com alguma música dela ou na rádio, ou na internet, ou na televisão. Não há como evitar. A música que vou partilhar chama-se "Hometown Glory". O primeiro verso é notável: "Eu tenho estado a andar no caminho em que sempre andei". Isto chamou-me logo a atenção na primeira vez que ouvi. A canção é charmosa, embora eu prefira outras com que me identifico mais - "Someone Like You" ou "Set Fire to the Rain".

E as minhas opções e escolhas?

Quanto mais o tempo passa, mais difícil é para mim gerir a situação. E as coisas não deviam funcionar assim. Mas é mesmo assim: a forma mais dolorosa e penosa possível é a forma pela qual eu estou a experienciar esta desilusão amorosa.
Estou a convencer-me de que estou a pagar por algo que não escolhi. Quando me conceberam não me foi perguntado com que sexo eu queria nascer. Tive de aceitar e viver assim. Não havia outro caminho que não esse. E até aí, mesmo sofrendo e sentindo-me como uma espelho partido em 1000 pedaços, eu ia aguentando. Ia aguentando viver preso num corpo com que não me identifico, ia aguentando todo o preconceito e intolerância em que me vi envolvido na minha adolescência, ia aguentando o medo e o pavor que tudo isso me trazia. Paguei caro por uma coisa que não escolhi. Não tive direito a opções.
Mas tudo piorou quando entrou esta pessoa na minha vida. Quando digo que entrou, não é que eu tenha enviado um convite formal ao Hugo no qual dizia "Vem Hugo, vem entrar no meu mundo totalmente lixado, no qual eu me sinto um lixo. Vem aturar as minhas frustrações". Mas o que é facto é que ele entrou, de uma maneira ou de outra. Ao fim ao cabo, ele faz tanto parte de mim como qualquer outro familiar ou amigo dele. Digo que piorou porque ingenuamente pensei que ele me ia salvar da bizarrice que é o meu mundo. Eu quis dar o salto para fugir deste insegurança e desta paranóia e procurei a mão dele, mas acordei! Ele nunca esteve lá para mim, nem nunca vai estar. Quando ele me enfeitiçou (não encontro outro termo) com a presença dele, com a sua maneira de ser, com o seu aspecto físico, com tudo que faz parte dele, eu nunca imaginei que isso me viesse a fazer tão mal. E embora ele não tenha culpa absolutamente nenhuma (!!!), como já aqui disse, eu sofri por causa disso. Não me foram dadas opções. Não tive direito de escolha nesta matéria. Mais uma vez, paguei bem caro por uma coisa que não escolhi.
Não sei até onde isto é justo ou não. Acho que é isso que se chama de vida, no sentido lato. Dou voltas à cabeça para tentar compreender onde falhei na minha vida miserável para merecer um martírio destes, mas não encontro nada que possa justificar tudo isto. Só queria ter tido direito a opções, a escolhas, como toda a gente tem. Só queria ter podido escolher a minha identidade de género e a minha maneira de ser para não enfrentar opiniões demoníacas sobre a minha pessoa. Só queria ter podido escolher legitimamente uma pessoa para amar, alguém que pudesse respeitar os meus genuínos sentimentos. Talvez este mundo não seja para mim. Talvez eu tenha vindo aqui parar só para vingar no campo académico-profissional. Talvez isto seja só uma fase de transição para mim. Mas não será assim que toda a gente pensa acerca da vida? Só queria ter tido os mesmos direitos dos outros e ser feliz como eles. Tenho a sensação de que por ser como sou tenho de provar ser melhor que tudo e todos para ser minimamente respeitado. Só queria que isto não fosse assim. Só queria ter tido opções para não ter de enfrentar este destino tão fatal, no qual não tive direito de escolha.

Coisas que dão que pensar...

Cheguei a descrever aqui no blogue uma série de episódios insólitos que o rapaz proibido protagonizou. Situações impensáveis para mim, difíceis de conceber, que aconteceram mesmo por mais bizarras que para mim tenham sido. Quando eu e o Hugo ainda andávamos ambos a frequentar a licenciatura, para além dos encontros diários na faculdade obviamente, recordo-me de duas situações. Lembro-me de uma vez o ver descer as escadas rolantes de um centro comercial mesmo no momento em que eu ia a passar. Pensando melhor, acho que foi aquele momento que consolidou verdadeiramente os meus sentimentos por ele. Era a primeira vez que eu o via sem ter ninguém ao meu lado, sem ter aquela pressão da vergonha que o meio ambiente me causava sempre. Senti-me ali livre para gostar dele, sem sentir qualquer censura por parte de ninguém. Foi como se ali a minha paixão tivesse ganho vida, tivesse florescido, sem nenhum impedimento. Acredito que foi a partir daqueles segundos que eu comecei a pensar nele incessantemente. Outra situação teve lugar em Julho de 2010. Lembro-me que nos cruzámos numa passadeira para peões. Era de noite, ele vinha com um saco de compras de supermercado e eu que reparo na presença dele sempre com alguma antecedência, naquela vez não sucedeu. Só dei por ele mesmo na passadeira e fiquei super nervoso. Ele olhou para mim, do género "conheço este miúdo, anda na mesma faculdade que eu". Mas aquele olhar foi meio estranho e passei meses a pensar naquilo, a tentar decifrar o que o rosto dele poderia ter transparecido, mas sem sucesso. Naquele noite, fiz uma coisa de que me arrependo e que já confessei aqui - segui-o por uns instantes mas acabei por perdê-lo de vista. Houve outros episódios mais recentes, nomeadamente o do autocarro e do email, e podem ser lidos nos posts "Surreal" e "Mais Uma Surpresa" (clicar na hiperligação).
Mas hoje venho contar a mais recente situação. E desde já informo que fiquei sem reacção alguns segundos, a olhar fixamente para o visor do meu computador. Eu estava normalmente a passar o tempo na rede social Facebook, a comentar alguns conteúdos de amigos e a partilhar vídeos como gosto habitualmente de fazer e quando faço um refresh na página aparece-me Hugo... nas sugestões de amigos. Sim, ele mesmo. Eu não queria acreditar, muito honestamente. Eu nunca imaginei que ele algum dia me fosse aparecer ali. Irónico eu pensar assim, não? Nós temos amigos em comum adicionados, mas como são tão poucos nunca pensei que ele me viesse a aparecer no meu Facebook para eu o adicionar. Ponho-me a pensar se isto é recíproco, ou seja, se eu também apareço nas sugestões de amigos dele. Não percebo muito bem destas coisas do Facebook, mas vou informar-me. Assusta-me um bocado, mas não é tão mau assim. Até já pensei adicioná-lo discretamente, mas ele ia somar 1 + 1 e perceber que era eu, mais cedo ou mais tarde. E não quero invadir-lhe o espaço, não vá ele pensar que eu estava a gozar com ele.
Primeiro eu só queria estar nos mesmos espaços físicos que o Hugo (já que psicologicamente estávamos e estamos a milhões de quilómetros), mas depois, mesmo quando me tentei afastar ele ia aparecendo, de uma maneira ou de outra. Porquê? Para quê? Por que é que se o destino não quis que fossemos sequer conhecidos um do outro, por que é que o mesmo destino teima em nos querer aproximar quando é ele que impõe esta barreira? Ou será tudo fruto da minha imaginação? Quem me dera!!! Quem me dera que aquela frase - "adeus e boa sorte" - que o Hugo me disse um dia tenha sido pura fantasia.

Será possível perder o que nunca se teve?

O meu primeiro post, em 2012. A minha ausência foi propositada. Precisei de um tempo para mim. A minha cabeça estava desarrumada como uma gaveta e não está muito melhor. Só que tentar fugir não adianta, nem resolve nada.
Há várias coisas de que quero falar futuramente e hei-de ir publicando mais posts ao longo desta semana. Por agora, vou apenas racionar um pouco sobre a questão que coloco no título: "Será possível perder o que nunca se teve?" Eu ando a pensar tanto nisto. Esta sensação não me larga. Se o Hugo nunca esteve comigo, é porque não estava destinado. Mas eu também não quero pensar que o destino seja fatal, vinculativo. Acredito que há muitas coisas que estão ao nosso alcance, através das nossas acções, da nossa perseverança, da nossa insistência. Eu não desisti do Hugo, mas também já não acredito mais nisto. Não me quero iludir mais. Não quero imaginar mais que se cair aos pés dele a chorar que ele me vai estender a mão. Sei que gosto dele, que isso é certo, que isto dura desde o final de 2009 e é isso. O resto são inconstâncias. A minha ingenuidade já não me deixa mais cego. Consigo ver tudo com muita clareza agora. Construí castelos de areia no ar e tudo desmoronou. Senti-me no fim da linha, perdi o chão e por mais péssimo que me possa sentir, pior estado de espírito do que aquele não existe. 2011 foi ainda pior do que 2010. Não quero voltar mais para aquela escuridão, mas ela persegue-me e pela frente só tenho uma vasta neblina. Não vai ser fácil.
É como se tivesse perdido algo que nunca foi meu, algo que nunca me foi destinado. Mas ele era alguém que eu almejava como se não houvesse amanhã. Mergulhei num mar de expectativas, rodei num furacão de possibilidades e mesmo assim teve lugar quase o pior dos cenários.
Perdi a luta, o sonho ficou. Perdi... perdi sim, aquilo que nunca tive mas que povoou os meus sonhos, pensamentos e desejos mais escondidos. Perdi, o que tenho e o que não tenho. As minhas lágrimas comprovam-no e um dia espero que elas tenham valido a pena. Até porque num dia perdemos, mas no outro já estamos a ganhar.