O vermelho da minha paixão

Sou uma pessoa maioritariamente emotiva. Tenho pouco de racional. Não sei agir com frieza em momentos desesperantes. Isso é algo que eu gostaria de mudar no futuro. Desde que o meu avô faleceu (faz esta terça-feira duas semanas) parece que ando cada vez mais com o coração no lugar do cérebro. Não consigo pensar racionalmente sobre nada disto.
O meu coração arde, dói e está a sangrar. O vermelho da minha paixão não representa nada de bom, nada de mágico, nada de alegre. Simboliza o sangue derramado de um desgosto com uma dimensão incalculável. Com certeza não serei o único no mundo a passar por isto, por isso não quero fazer-me de vítima. Mas algo assim é extremamente nocivo para uma pessoa.
Praticamente, abdiquei da minha vida amorosa por alguém que não poderia ter-me tratado de forma mais gelada, ainda que educada. Abdiquei, no fundo, de ser feliz. Sinto-me um parasita no mundo. Os outros mal se lembram de mim, mas perguntam-me sempre o que devem fazer em relação à pessoa que amam, pedem-me conselhos. E eu penso para mim "que irónico, a minha vida amorosa é um desastre total, um autêntico fracasso e agora ando aqui a dar conselhos a esta gente". Não sei até onde consigo aguentar mais isto. Admito ter pensado mais do que uma vez atentar contra mim, contra a minha vida, e embora me tenha faltado a coragem, também não sei até onde isso seria justo para mim e para alguém que se preocupe verdadeiramente comigo.
Sou uma pessoa emotiva, mas também sempre tive noção dos limites, do que é certo e errado. Nessa medida, sempre fui racional. Mas começo a ter dificuldades em distinguir o que é bom do que é mau. Não sei que iniciativa devo tomar, não sei o que fazer em relação ao Hugo. Tenho a sensação que ele pensa que eu já esqueci isto, que ultrapassei a situação, que ficou tudo bem. :S
Mas não. Não está tudo bem. Tenho algumas coisas mais para lhe dizer. Uma delas pode parecer ridícula, mas eu sinceramente já nem me envergonho disso. Quero pedir-lhe desculpa por ser ele de quem eu fui gostar, quero pedir-lhe desculpa por não ter nascido a rapariga que ele desejava e que um dia lhe poderia dar tudo aquilo que ele sempre quis. Tenho de pedir-lhe desculpa por isso. Por coisas que eu não escolhi, mas tem de ser.
Fico a pensar que para mim o Hugo será para o resto da minha vida o melhor que eu nunca tive e eu para ele serei o maior enigma da sua vida. De alguma forma, à distância, embora perto em vários momentos, tivemos algum impacto um no outro (mais em mim do que nele, ainda assim).
A minha vida foi invadida por esta vermelhidão pintada pela paixão que me comanda. Sou um escravo dos meus sentimentos, sinto-me preso numa cela sem escapatória possível. E eu sinto, sei, que este rapaz nunca me tirará deste sítio, não sem eu lhe implorar desesperadamente.

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