Coldplay

Os Coldplay... Nem consigo sequer expressar a minha adoração por esta banda. Ultimamente, tenho andado a ouvi-los mais do que o habitual.
Cresci a ouvir A Rush of Blood to the Head (2002), mas tornei-me um seguidor ferrenho a partir do X&Y (2005). O Mylo Xyloto (2011) é o meu CD preferido deste ano. É absolutamente magnífico. Gosto do modo como eles alternam entre o pop-rock e o rock alternativo.
Mas por que é que eu estou a mencionar os Coldplay aqui e agora? Porque apesar de todas as canções mexidas, eles fizeram outras tantas que me comoveram mesmo! Porque são algumas canções deles que me acompanham em momentos de desespero, molhados pelas lágrimas do meu choro. Porque de alguma maneira eles tornaram-se a banda sonora da minha angústia. Na "Yellow", o Chris Martin diz "Olha para as estrelas / Olha como elas brilham para ti"; Eu atravessei o oceano / Eu superei barreiras por ti": tudo isto fez-me pensar muito; que eu realmente dei muita importância ao Hugo sem ele nunca me ter dado a mim, que eu me submeti a coisas, que fiz coisas que nunca mais farei por ninguém. A "The Scientist" é igualmente profunda: "Tu não sabes o quão adorável tu és / Tive que encontrar-te, dizer-te que preciso de ti"; "Nunca ninguém disse que era fácil". Isto comove-me mesmo. :'( Eu não devia ouvir estas coisas, mas é inevitável. Prefiro chorar rios a ouvir estas coisas do que reprimir este sofrimento em mim que poderia a ter consequências graves se não o fizesse.
Preciso dele, preciso de ajuda, mas os Coldplay são a minha terapia agora. Eles vão actuar ao vivo cá em Portugal, no Estádio do Dragão (Porto), a 18 de Maio de 2012. Eu e uma amiga gostaríamos mesmo de ir ao concerto. É longe e eu até já estou a colocar a hipótese de ir até lá de carro, embora eu deteste e tenha um pavor absurdo de conduzir. Mas acho que se tornou essencial para mim ouvir estas canções lá, ao vivo, e sentir as emoções à flor da pele. Tenho de ir. Vou fazer um esforço para isso.
Deixo alguns vídeos que adoro:

Talk



Yellow



The Scientist



Speed of Sound



God Put a Smile Upon Your Face



Every Teardrop Is a Waterfall

O que eu mais queria no Natal...

Mais um Natal... Custa-me a acreditar que mais um ano está a terminar. O tempo voa. Esta época anda a deprimir-me mais e mais. O efeito é inverso ao pretendido. A minha Ceia de Natal nem foi má de todo. Deu para me distrair minimamente. Apenas acho um bocado incómodo andar a saltitar de ramo familiar em ramo familiar: na véspera de Natal estou com a família materna; no dia de Natal vou ao encontro da família paterna. Ando sem paciência para estas festas de final de ano e sem paciência para estar assim com tanta gente.
Parece mentira... o Natal era a altura do ano pela qual eu passava a vida à espera e agora só quero que isto passe depressa. Nunca imaginei que eu mudasse tanto a minha perspectiva das coisas.
No outro dia estava no Facebook, vi uma publicação de uma página e nos comentários alguém dizia que aquilo que ela queria como presente ninguém lhe podia oferecer. Eu, imediatamente, pensei o mesmo. Por mais presentes, por mais dinheiro que me oferecessem, eu sabia desde logo, que ninguém me ia oferecer o que eu realmente queria. O que seria isso? Seria algo que só o Hugo me podia dar. O melhor presente que ele me podia ter dado era a sua compreensão, tolerância, compaixão, aceitação. E ele não deu. E receio que em Natal nenhum me venha a dar. E é por isso que esta quadra deixou de ter sentido para mim. Sinto-me oco. Tantos presentes (roupas, dinheiro, etc) e no fundo não tenho nada. É como se não tivesse mesmo. A minha mãe no fim de todos se terem retirado disse-me que ficou contente por eu ter dado valor aos meus presentes, por ter revelado interesse. Eu, por outro lado, só pensava que aquilo eram meros bens materiais, sem significado, irrelevantes ao pé do que eu realmente queria ter. Estou cansado desta mania dos meus pais de acharem que eu fico feliz com um bocado de dinheiro, como se fosse um ser acéfalo ou um bocado de plástico sem conteúdo e sem emoções. Atingi o limite. Este Natal foi dispensável. Estou a chorar no dia de Natal, com muita pena minha. O que eu mais queria no Natal foi a única coisa que não recebi. E nunca dependeu de mim. O meu Natal está feito. Acabou.

Frases sobre angústia

"Para que percorres inutilmente o céu inteiro à procura da tua estrela? Põe-na lá." (Vergílio Ferreira)

"O céu é uma abóbada escura por cima de mim. Não vejo o caminho. Para me iluminar acendo em mim um sol de angústia." (Alexandru Busuioceanu)

"Uma felicidade apaixonada assemelha-se à angústia." (Jean Moréas)

"A única coisa que me separa da árvore ou de um monte de terra, é a angústia." (Anne Hébert)

"As nossas tragédias são sempre de uma profunda banalidade para os outros." (Oscar Wilde)

"A origem de toda a angústia é a de ter perdido o contacto com a verdade." (Vilhelm Ekelund)

"O hábito é que me faz suportar a vida. Às vezes acordo com este grito: - A morte! A morte! - e debalde arredo o estúpido aguilhão. Choro sobre mim mesmo como sobre um sepulcro vazio. Oh! Como a vida pesa, como este único minuto com a morte pela eternidade pesa! Como a vida esplêndida é aborrecida e inútil! Não se passa nada, não se passa nada. Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. O tempo mói: mói a ambição e o fel e torna as figuras grotescas." (Raúl Brandão)

"A angústia é a disposição fundamental que nos coloca perante o nada." (Martin Heidegger)

"Se a íntima angústia de cada um se lesse escrita na cara, muitos dos que inspiram inveja só fariam pena." (Pietro Metastásio)

"Se de noite chorares pelo sol, não verás as estrelas." (Rabindranath Tagore)

Frases sobre fraqueza

"Odiarmos a fraqueza... porquê? Na maioria das vezes, porque somos necessariamente fracos." (Friedrich Nietzsche)

"A fraqueza faz-se respeitar mais do que a energia. É por isso que os fortes são maltratados e os fracos flutuam sempre." (George Sand)

"Se ontem te sentiste caído, hoje é o dia para te levantares." (Henry Wells)

"A fraqueza é o único defeito que não sabemos corrigir." (François de la Rochefoucauld)

"A fraqueza absoluta é a espécie de ilusão permitida pela simulação do controlo de não agir." (Ana Hatherly)

Drama

Quanto mais penso, pior fico. A minha vida é um desastre tão grande… Demasiado dramática! Quem me lê até pode pensar que eu dramatizo demais, só para chamar a atenção. Não me faço de vítima. Não sou desse tipo, tanto que ninguém - daqueles que me rodeiam - sabe como me sinto e já ando assim há dois anos, sensivelmente. Isso sim, é dramático. Nunca fui de chamar a atenção, de todo. Sempre preferi sofrer em silêncio.
Mas tudo apontava para este estado de perdição, misturado com loucura, medo e tristeza. Desde a minha infância que as coisas não batiam certo. Hoje sou um jovem adulto semi-independente, supostamente seguro de si, com formação superior: tinha, supostamente, tudo para ser feliz. Porém, há várias coisas que me apoquentam ainda e me impedem de prosseguir. Para começar, a minha identidade de género é algo que me desfoca, que me afecta, que me magoa. Senti sempre ser um fardo para os outros, uma vergonha. Às vezes chega a passar-me pela cabeça que sou um erro, um mero erro. Para quem está de fora é muito fácil julgar-me só pela minha aparência, pela minha maneira de ser exterior, mas esquecem-se quase sempre que, por dentro, sou tão igual como eles, que temos os mesmos direitos e que ninguém está acima de ninguém. A verdade é que nunca vou ser como a maioria dos rapazes, sejam eles de que orientação sexual forem. Também nunca vou ser como as raparigas porque não tenho os seus atributos físicos. Perdi-me ali no meio desta fronteira. Vou querer ser sempre aquilo que não sou e vou ser sempre aquilo que não quero. O meu cérebro não condiz com o meu corpo. Sou alguém que não deveria ser. E isso foi o rastilho para que muita coisa não corresse bem na minha vida. Tenho de renegar o meu papel social que a sociedade tanto gosta de atribuir às pessoas, consoante o seu sexo.
Depois, a relação dolorosa que tenho com a minha mãe, desde a adolescência, desgasta-me. Nós nunca nos vamos dar completamente bem, porque somos muito diferentes. Eu sei que ela tem orgulho em mim e no meu percurso, mas também sei que não aprova o meu outro lado – a minha maneira de ser. Mas eu nasci assim, não há como contornar isso. Não foi uma escolha e ela nunca vai entender isso, como o resto não entende. Agradeço-lhe muito o que fez por mim quando precisei, nunca me falhou no aspecto financeiro, mas falhou noutras coisas como o afecto e a compreensão. A ausência do meu pai também me custou muito. Eu cresci quase sem a sua figura. Aos 6, 7 anos não é uma boa altura para se lidar com a separação dos pais, mas aconteceu comigo, como deve ter acontecido com outras tantas pessoas. Sofri muito com isso. Magoa-me saber que as duas pessoas que me puseram no mundo, se tornaram uma espécie de inimigos e que nunca mais se vão dar bem. Ainda hoje sofro por saber que tive de lidar com isso tão pequeno. Mas sei que hoje estão ambos felizes, cada um no seu lado e isso de certa forma conforta-me. Mas a verdade é que até os posso perdoar, mas nunca me vou esquecer da pressão da minha mãe e da ausência do meu pai. Isso deixou marcas profundas em mim, impossíveis de apagar.
Quando me mudei para Lisboa, em 2006, as coisas mudaram para melhor. Fiquei a viver por minha conta, sem o controlo da minha mãe. Adorei aquela mudança. Mas agora isso já não chega. Quero ser independente a 100%, quero emancipar-me, em todos os aspectos, de uma vez por todas.
E no meio disto, entra o Hugo: o meu maior dilema. Desisti de tentar perceber porque é que gosto dele. É inexplicável. Só sei que gosto e que nos últimos dois anos foi só nele que pensei. E destrói-me por dentro saber, ou melhor sentir, que só isso incomoda-o. Queria tanto que ele conseguisse encarar isto com naturalidade - somos dois seres humanos, afinal de contas. A certa altura sentia-me a afogar com tanta solidão e com tudo o que se passava no meio familiar e procurei-o com a minha mão para ele me acudir, mas ele nunca esteve lá para mim. Por ele, eu tinha-me afogado. Mas, mesmo assim, não tenho a certeza se ele tivesse sabido que eu estava assim, se não teria agido de outra forma e tido outra postura perante mim. Esta paixão ainda agravou mais o meu estado psicológico, mas eu nunca o culpei por nada. Ele não está minimamente ligado a mim nem sabia o que se passava comigo; só sabe aquilo que vou contando no blogue (e na maior parte das vezes é só sobre ele). Ainda estou à espera dele, à espera que ele me salve deste mar de fogo que me consome a cada dia. Olho para a neblina, mas ele nunca mais aparece. Será que ele vai aparecer algum dia? Será que o preconceito e o receio vão deixá-lo ajudar-me? A pessoa que mais o admirou na vida toda? Será que ele vai conseguir construir uma amizade comigo, algum dia? Só ele pode acabar com o meu drama, mas eu vou procurar arranjar uma forma de compreender se ele não o quiser fazer.

Frases sobre ilusão

"Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos." (Fernando Pessoa)

"Não abandones as tuas ilusões. Sem elas podes continuar a existir, mas deixas de viver." (Mark Twain)

"Construímos estátuas de neve e choramos ao ver que derretem." (Walter Scott)

"Corremos alegres para o precipício, quando pomos pela frente algo que nos impeça de o ver." (Blaise Pascal)

"Prefiro o sonho à ilusão; no sonho sabe-se que temos os olhos fechados; na ilusão julgamos tê-los abertos." (Condessa Diane)

"Deve-se estabelecer a proposição: só vivemos graças a ilusões - a nossa consciência aflora à superfície." (Friedrich Nietzsche)

"Há ilusões que se parecem com a luz do dia; quando acabam, tudo com elas desapareceu." (Marguerite Duras)

"Perder uma ilusão torna-nos mais sábios do que encontrar uma verdade." (Ludwig Borne)

"As ilusões sustentam a alma como as asas sustentam o pássaro." (Victor Hugo)

"É bem barato construir castelos no ar e bem cara a sua destruição." (François Mauriac)

Frases sobre indiferença

"A indiferença é o sono da alma." (Charles Favart)

"Ouves-me mas não me escutas." (Jean Baif)

"O olhar indiferente é um perpétuo adeus." (Malcolm Chazal)

"Não há nada mais duro do que a suavidade da indiferença." (Juan Montalvo)

"O maior pecado para com os nossos semelhantes, não é odiá-los mas sim tratá-los com indiferença; é a essência da desumanidade." (Bernard Shaw)

Frases sobre saudades

"Saudade é amar um passado que ainda não passou. É recusar o presente que nos magoa. É não ver o futuro que nos convida..." (Pablo Neruda)

"A saudade não está na distância das coisas, mas numa súbita fractura de nós, num quebrar de alma em que todas as coisas se afundam." (Vergílio Ferreira)

"A saudade é a memória do coração." (Coelho Neto)

"O tempo não pára, só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo." (Mário Quintana)

A ironia de "Someone Like You"

Há qualquer coisa na Adele de fascinante. Não é só a classe; as suas canções têm um significado verdadeiramente intenso. É o caso de "Someone Like You", que se tornou na minha banda sonora nos últimos tempos. Na canção ela diz que vai encontrar alguém como a tal pessoa de quem gosta. Apesar da melodia ser altamente melancólica e da letra ser bastante triste, ouço-a sempre com um sorriso dada a ironia (excepto quando me dá para soltar umas lágrimas). E é tanta ironia que torna isto tão dramático porque, no final de contas, se se está a dizer que se vai encontrar alguém como aquela pessoa já se está a elogiá-la e a confessar que ela é única e insubstituível. De alguma forma, eu enquadro-me aqui porque eu podia dizer que ia encontrar alguém como ele quando sei que isso é totalmente impossível. Mexe com a minha cabeça o facto de eu mesmo poder ter escrito vários versos desta música.

Frases sobre infelicidade

"Nunca somos tão infelizes como supomos, nem tão felizes como havíamos esperado." (François de la Rochefoucauld)

"A infelicidade é a nossa maior mestra e amiga. É a que nos ensina o sentido da vida." (Anatole France)

"A origem dos nossos desgostos encontra-se quase sempre nos nossos erros." (Jean Massillon)

"É melhor ser infeliz, mas estar inteirado disso, do que ser feliz e viver como um idiota." (Fiodor Dostoievski)

"As infelicidades esquecem-se, mas não se perdoam." (Marie Sévigné)

"Há quem adquira o mau costume de ser infeliz." (George Sand)

"Muitas vezes julgamo-nos constantes nas infelicidades quando apenas sentimos desânimo, e sofremo-las sem ousar olhá-las de frente, como os poltrões que se deixam matar por medo de se defenderem." (François de la Rochefoucauld)

Frases sobre preconceito

"Nunca é tarde para abrirmos mão dos nossos preconceitos." (Henry Thoreau)

"Os preconceitos, meu amigo, são os reis do vulgo." (Voltaire)

"O preconceito é filho da ignorância." (William Hazlitt)

"Os preconceitos têm mais raízes do que os princípios." (Niccolo Maquiavel)

"Tempo difícil esse em que estamos, onde é mais fácil partir um átomo do que um preconceito." (Albert Einstein)

"Os preconceitos são a razão dos imbecis." (Voltaire)

Frases sobre sofrimento / dor

"Quanto mais se ama mais se sofre. A totalidade das dores possíveis para cada alma é proporcional ao seu grau de perfeição." (Henri Amiel)

"Não é possível chorar e pensar ao mesmo tempo, pois cada pensamento absorve uma lágrima." (Jules Renard)

"O sofrimento é a lei de ferro da Natureza." (Eurípedes)

"A dor que não fala, geme no coração até que o parte." (William Shakespeare)

"É bom aprender a ser sábio na escola da dor." (Ésquilo)

"A dor é como uma dessas varetas de ferro que os escultores enfiam no meio do barro, ela sustém, é uma força!" (Honoré de Balzac)

"A dor que não ajuda ninguém é absurda." (André Malraux)

"Para as traições, para as mentiras, para o que é vil e falso, tem a gente remédio: tem o orgulho; mas para a dor que te faz mal, para essa nenhum remédio há." (Florbela Espanca)

"Para chorar é necessário ver. A mais pequenina dor que diante de nós se produza e diante de nós gema, põe na nossa alma uma comiseração e na nossa carne um arrepio, que lhe não dariam as mais pavorosas catástrofes passadas longe, noutro tempo ou sob outros céus." (Eça de Queirós)

"A dor é a escada de fogo que nos conduz à vida eterna." (Abílio Guerra Junqueiro)

"Sofrer, é só uma vez; vencer, é para a eternidade." (Soren Kierkegaard)

"Muito aprendeu quem bem conheceu o sofrimento." (Anatole France)

"Os sofrimentos humanos têm facetas múltiplas: nunca se encontra outra dor do mesmo tom." (Ésquilo)

"Posso partilhar tudo, menos o sofrimento." (Oscar Wilde)

"Porque a dor é mais dor se se cala." (Giovanni Pascoli)

"À medida que nos elevamos na escala dos seres, a capacidade nervosa aumenta, ou seja, a capacidade de sofrer. Sofrer e pensar seriam então a mesma coisa?" (Gustave Flaubert)

"Todos podemos controlar a dor excepto aquele que a sente." (William Shakespeare)

"Quem não quiser sofrer que se isole. Feche as portas da sua alma quanto possível à luz do convívio." (Fernando Pessoa)

"A dor é a substância da vida e a raiz da personalidade, pois somente sofrendo se é uma pessoa." (Miguel Unamuno)

"Entre a dor e o nada, escolho a dor." (William Faulkner)

"As grandes almas sofrem em silêncio." (Friedrich Schiller)

Frases sobre ciúmes

"O orgulho tem as suas bizarrias, como as outras paixões: temos vergonha de admitir que sentimos ciúme, mas honramo-nos de o ter sentido e de ser capazes de o vir a ter." (François de la Rochefoucauld)

"O que torna a dor do ciúme tão aguda é que a vaidade não pode ajudar-nos a suportá-la." (Stendhal)

"Só o ciúme me faz saber se estou apaixonada." (Madame de La Fayette)

"O ciúme nasce sempre com o amor, mas nem sempre morre com ele." (François de la Rochefoucauld)

"Os ciumentos encontram sempre mais do que aquilo que procuram." (Madeleine Scudéry)

"É impossível exprimir a perturbação que o ciúme causa a um coração em que o amor ainda se não tenha declarado." (Madame de La Fayette)

"O ciúme vê com lentes, que fazem grandes as coisas pequenas, gigantes os anões, verdades as suspeitas." (Camilo Castelo Branco)

"Há muitas espécies de ciúme; o mais raro é o do coração." (Duque de Lévis)

"Aquele que conhece as torturas do ciúme, não sente o ferrão de nenhuma outra dor." (Emanuel Wertheimer)

"Greatest Day": mais do que uma canção

Os Take That são um dos meus grupos musicais favoritos; tornei-me um seguidor ferrenho desde que saiu, em 2008, o álbum The Circus (álbum que inclui a minha música preferida, "Said It All"). Quando ouvi esta canção pela primeira vez (faz pouco mais de três anos), adorei-a de imediato mas nunca imaginei o significado que um dia viria a ter para mim. "Greatest Day" refere a possibilidade de um certo dia ser o melhor da nossas vidas se tivermos por parte aquela tal pessoa. A canção é fabulosa, a mensagem é forte e o vídeo é impressionante. Hoje ainda tem mais significado para mim do que tinha na altura em que saiu. Sinto-me bem a ver e ouvir isto; dá-me ânimo que é exactamente do que eu mais preciso agora. Vou estar à espera do meu "melhor dia".

Limites

Limites. Toda a gente os tem. Toda a gente tem vontades e expectativas; todos querem chegar a algum lado, mas impõem limites a si mesmos quando a adversidade é grande, quando ela chega ao cúmulo do insuportável. Mas que limites são esses? Como saber delimitá-los? Não sei. Só sei que tenho também os meus, ou melhor, quis tê-los. Sinto-me esgotado; já nem se trata de cansaço mental. Por dentro, sinto-me devastado, destruído, mutilado. Isto é o inferno para mim. Esta caminhada acabou comigo. Isto magoa-me, porque quase me matei a caminhar à procura de uma solução para o que sinto e nunca cheguei a lado nenhum. Foi uma completa desilusão, para não dizer frustração. Como afirmei aqui há uns bons meses, gostaria de dizer que prossegui incessantemente numa linha recta, mas andei desesperadamente os últimos dois anos em círculos, à procura e à espera da aceitação/aprovação deste rapaz. Foi tudo em vão. Agora eu sei que tudo o que eu disse, tudo o que eu fiz, ou tudo que venha a dizer e fazer será inútil. É inútil. Ele não admira a minha paixão; ele desvaloriza-a como se rasgasse um papel e o deitasse no lixo. Mas isso é tão comum, embora eu me sinta completamente sozinho. Como eu, independentemente do sexo, orientação sexual ou identidade de género, haverá milhões de pessoas neste mundo a sofrer por desgostos de amor. O que eu sinto até pode ser plural, mas eu sou único. E só eu sei como me isto me afectou e me corrompeu a alma. O pior é que nunca procurei ajuda. Fechei-me. Não fui capaz de falar do Hugo a nenhum/a amigo/a. Pelo menos, não a ninguém fisicamente próximo a mim. Saberia que, ou me julgariam a mim ou àquilo que sinto, e basta de reprovação na minha vida. Este sentimento é meu: seja bom, seja mau, seja certo, seja errado; é meu. Tenho direito de vivê-lo, sem ter que ser criticado ou humilhado por isso. Este desespero pertence-me e não é orgulhosamente que o assumo. Mas é só meu e por isso nunca quis partilhá-lo com ninguém importante para mim. Fiz mal por ter pensado assim, mas a vergonha e o medo falaram mais alto e nesta altura já não faz sentido contar a quem quer que seja.
Talvez por não ter tido um ombro amigo em que chorar, por não ter ouvido uma voz a dar-me conselhos é que deixei esta paixão rebentar da maneira que rebentou ao ponto de me sacudir assim. Parece que explodiu uma bomba dentro de mim. Sinto-me desfeito, em mil pedaços. Foi por não ter tido uma orientação, por me ter perdido neste labirinto imenso, que não consegui impor limites. A minha paixão não foi delimitada; o que sinto pelo Hugo é infinito e irreplicável. Nem sei ao certo até que ponto gosto dele e essa incerteza assusta-me. A sensação com que fico é que a distância, a rejeição e a indiferença não serviram de limites (embora ele tenha pensado que assim fossem quando mos impôs); foram, pelo contrário, o fogo que inflamou esta paixão descontrolada.
Mas tem de haver limites e há, só que podem não funcionar e de uma forma ou de outra chega-se lá. Eu acabei de lá chegar porque não consigo mais. O Hugo impôs-me limites como eu disse acima, mas não funcionaram. A situação em que ficámos é incerta. Do lado dele pode ter ficado tudo claro e resolvido; do meu não. Desisti de querer convencê-lo, de querer mudá-lo, de querer comovê-lo. Apaixonei-me pelo modo como ele é, não pela forma como eu queria que ele fosse. Mesmo que eu conseguisse modificá-lo a meu belo proveito, quem me garante que eu iria continuar a gostar dele tão intensamente? Provavelmente, não iria porque não seria aquela maneira de ser dele que me cativou. E é aqui que mora a nossa incompatibilidade. Só queria deixar de sentir isto como se fosse um erro irremediável. Só queria que ficássemos bem, que respeitássemos as maneiras de ser um do outro para podermos seguir os nossos caminhos como ele tanto deseja. Mas com esta indiferença toda eu vou continuar a fantasiar e à procura de maneiras de o alcançar, o que é altamente desgastante e perigoso para a minha saúde mental e também física.
Não há volta a dar. Não é possível voltar ao passado para tentar corrigir as coisas. É tarde demais para criar barreiras de protecção; é tarde demais para impor limites. Resta-me suportar e gerir as consequências dos meus indesejados sentimentos e dos meus arrojados actos. A questão fica no ar: mereço eu esta punição por algo que não escolhi e não procurei?

Frases sobre coragem

"A coragem que vence o medo tem mais elementos de grandeza que aquela que o não tem. Uma começa interiormente; outra é puramente exterior. A última faz frente ao perigo; a primeira faz frente, antes de tudo, ao próprio temor dentro da sua alma." (Fernando Pessoa)

"A maior prova de coragem é suportar as derrotas sem perder o ânimo." (Robert Ingersoll)

"Eu não tenho nenhuma coragem, mas procedo como se a tivesse, o que talvez venha dar ao mesmo." (Gustave Flaubert)

"A coragem vai-se buscar tanto à desesperação como à esperança; não se tem nada a perder ou tem-se tudo a ganhar." (Condessa Diane)

"Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo." (Mark Twain)

"Devemos ir buscar a coragem ao nosso próprio desespero." (Séneca)

"Mesmo o mais corajoso de nós só raras vezes tem a coragem de afirmar aquilo que ele propriamente «sabe»..." (Friedrich Nietzsche)

"Pois a coragem cresce com a ocasião." (William Shakespeare)

"É a esta força que mantém sempre a opinião justa e legítima sobre o que é necessário temer e não temer, que chamo e defino coragem." (Platão)

"A coragem real é mais paciente que audaciosa." (Étienne Sénancour)

"Tente a sua sorte! A vida é feita de oportunidades. O homem que vai mais longe é quase sempre aquele que tem coragem de arriscar." (Dale Carnegie)

"A perfeita bravura consiste em fazer sem testemunhas aquilo que faríamos diante de todos." (François de la Rochefoucauld)

"Algumas pessoas foram consideradas corajosas porque tinham medo de fugir." (Thomas Fuller)

Frases sobre orgulho

"Se não tivéssemos orgulho, não nos queixaríamos dos outros." (François de la Rochefoucauld)

"Há dois graus no orgulho: um, em que nos aprovamos a nós próprios; o outro, em que não podemos aceitar-nos. Este provavelmente o mais requintado." (Henri Amiel)

"O orgulho é cheio de silêncio." (Charles Philippe)

"O orgulho é como um íman apontado constantemente para um objecto: a personalidade; porém, ao contrário do íman - ela não possui pólo atractivo - repele em todas as direcções." (Charles Philippe)

"Eu não sou muito má, mas, em compensação, sou extraordinariamente orgulhosa, e de todos os meus imensos defeitos é esse que eu mesma mais tenho combatido em vão." (Florbela Espanca)

"O orgulhoso sente despeito mesmo quando o levam para diante: olha maldosamente para os cavalos da sua carruagem." (Friedrich Nietzsche)

"Compreendo que um homem seja orgulhoso; não compreendo que mostre sê-lo." (Fernando Pessoa)

"Não te enchas de ar: a menor picadela esvaziaria-te." (Friedrich Nietzsche)

Frases sobre medo

"De todas as paixões, o medo é aquela que mais debilita o bom senso." (Jean Retz)

"Tememos tudo como mortais, mas desejamos tudo como se fossemos imortais." (François de la Rochefoucauld)

"Temê-lo-ei em breve, quando ele já não me temer." (Jean Racine)

"Do que tenho medo é do teu medo." (William Shakespeare)

"Nenhuma paixão pode, como o medo, tão efectivamente roubar o espírito da capacidade de agir e pensar." (Edmund Burke)

"Ao bom e sincero amor está sempre junto o temor." (François Rabelais)

"Correr riscos reais, além de me apavorar, não é por medo que eu sinta excessivamente - perturba-me a perfeita atenção às minhas sensações, o que me incomoda e me despersonaliza." (Fernando Pessoa)

"Perde-se a vida quando a pretendemos resgatar à custa de demasiadas preocupações." (William Shakespeare)

"Quando se receou de mais aquilo que pode acontecer, acaba-se por encontrar algum alívio quando isso acontece." (Joseph Joubert)

"Prometemos conforme as esperanças e agimos conforme os medos." (François de la Rochefoucauld)

"O que nos ajuda mais a conservar e manter a nossa força é o facto de sermos amados; e o que se lhe opõe mais é o facto de termos medo. O medo é mau guarda da nossa longevidade; a benevolência, pelo contrário, é fiel e dura até à eternidade." (Marcus Cícero)

"Temer não é desdenhar; não se despreza aquilo que se teme." (Astolphe Custine)

"De todas as paixões baixas, o medo é a mais amaldiçoada." (William Shakespeare)

"O medo é um impulso da alma, que se sacode ou cede diante do perigo real ou imaginário." (Jean de La Bruyère)

Frases sobre derrota

"Faz parte da natureza dos mortais pisar ainda mais em quem já caiu." (Ésquilo)

"Não fazer nada, é ser vencido." (Charles de Gaulle)

"Aceitar a ideia de uma derrota é ser vencido." (Ferdinand Foch)

"O que mais me interessa saber, não é se falhaste mas se soubeste aceitar o desaire." (Abraham Lincoln)

"De repente, fugir tornou-se uma dignidade. Já ninguém aguenta uma derrota. A persistência, a determinação e, sobretudo, a bendita paciência são hoje qualidades desprezíveis. Aguentar e esperar pela próxima oportunidade consideram-se teimosias gananciosas, arrogâncias, estupidezes." (Miguel Esteves Cardoso)

Frases sobre tristeza

"A alma resiste muito mais facilmente às mais vivas dores do que à tristeza prolongada." (Jean Jacques Rousseau)

"Uma história triste agrada sempre. No seu sentido mais profundo, a vida é bela e alegre. Todos nós tivemos já a experiência disso milhares de vezes. Provas sobre provas de que não há primavera sem flores, nem outono sem frutos. Mas, apegados como estamos à aparência de tudo, esquecemos a voz do profundo, e ouvimos deliciados o som da superfície. Temos o vício da tristeza." (Miguel Torga)

"A única coisa que consola os tristes é a tristeza - a alegria irrita-os." (Florbela Espanca)

"Cuidado com a tristeza. Ela é um vício." (Gustave Flaubert)

"A única verdadeira tristeza está na ausência de desejo." (Charles Ramuz)

"A tristeza é um livro sábio que se tem no coração e que nos diz centenas de coisas - impede-nos de apodrecer como um cogumelo debaixo de uma árvore; pouco a pouco vai fabricando uma provisão de ensinamentos para a vida." (Juliusz Slowacki)

"Feliz na tristeza, triste na alegria." (Giordano Bruno)

"Chora aos berros como as crianças até te estafares. Verás que depois adormeces." (Vergílio Ferreira)

Frases sobre timidez

"A timidez é o mais vulgar de todos os fenómenos. O que há de mais vulgar em todos nós é termos medo de sermos ridículos..." (Fernando Pessoa)

"A timidez, inesgotável origem de tantas infelicidades na vida prática, é a causa directa, mesmo única, de toda a riqueza interior." (Emil Cioran)

"Ser tímido em relação a uma pessoa é confessarmos a nossa inferioridade perante ela. Mas tal receio de lhe desagradar, mesmo lisonjeando-a, não a obriga a simpatizar connosco." (Claude Crébillon Fils)

"A timidez é uma condição alheia ao coração, uma categoria, uma dimensão que desemboca na solidão." (Pablo Neruda)

"A timidez é um grande pecado contra o amor." (Anatole France)

Frases sobre vergonha

"Que encontras de mais humano? Poupar a vergonha a alguém." (Friedrich Nietzsche)

"A vergonha é a mais violenta de todas as paixões." (Madame de la Fayette)

"O que torna os tormentos da vergonha e da inveja tão agudos, é que a vaidade não serve para os suportar." (François de la Rochefoucauld)

"A quem chamas mau? Àquele que quer envergonhar sempre." (Friedrich Nietzsche)

"Quem cora já está culpado; a verdadeira inocência não tem vergonha de nada." (Jean Jacques Rousseau)

"Sinto vergonha, logo existo." (Vladimir Soloviev)

Frases sobre fracasso

"O fracasso quebra as almas pequenas e engrandece as grandes, assim como o vento apaga a vela e atiça o fogo da floresta." (Benjamim Franklin)

"O fracasso é a oportunidade de começar de novo com mais inteligência e redobrada vontade." (Henry Ford)

"Se tudo mais falhar, a imortalidade pode sempre ser assegurada por um erro espectacular." (John Galbraith)

"Se fracassar, ao menos que fracasse ousando grandes feitos, de modo que a sua postura não seja nunca a dessas almas frias e tímidas que não conhecem nem a vitória nem a derrota." (Theodore Roosevelt)

"Tenta. Fracassa. Não importa. Tenta outra vez. Fracassa de novo. Fracassa melhor." (Samuel Beckett)

"Todo o fracasso é o condimento que dá sabor ao êxito." (Truman Capote)

Frases sobre desespero

"O que mais desespera, não é o impossível. Mas o possível não alcançado." (Robert Mallet)

"O desespero é o maior dos nossos erros." (Luc de Clapiers Vauvenargues)

"O desespero ganha muitas vezes batalhas." (Voltaire)

"O desespero é o suicídio do coração." (Jean Paul)

"Aquilo a que chamamos o nosso desespero é frequentemente a dolorosa avidez de uma esperança insatisfeita." (George Eliot)

"Para o desesperado, a partida não parece menos impossível do que o retorno." (Thomas Mann)

Frases sobre paixão

"É-se bem fraco quando se está apaixonado." (Marquês de La Fayette)

"A paixão, tal como a arte, vive só para si: a arte para a arte, a proeza para a proeza, a coragem para a coragem, o amor para o amor, a embriaguez para a embriaguez, o prazer para o prazer. Quem disse que a vida é um sonho? A vida é um jogo." (Gabriele D'Annunzio)

"Um pouco de paixão aumenta o espírito, demasiada apaga-o." (Stendhal)

"A paixão destrói mais preconceitos do que a filosofia." (Denis Diderot)

"Só são paixões as que nos tocam primeiro e nos surpreendem; as outras não passam de ligações a que levamos voluntariamente o nosso coração. As verdadeiras inclinações arrancam-no mesmo quando não queremos." (Marquês de La Fayette)

"Uma paixão tão completamente centrada em si recusa o resto do mundo tal como a água límpida e calma filtra todas as matérias estranhas." (Virginia Woolf)

"A beleza é bela; a paixão, o amor absoluto são mais belos e mais adoráveis." (Joseph Gobineau)

"Há suplício na paixão, e o termo indica-o." (Alain)

"A paixão é uma febre de espírito que nos enfraquece sempre." (William Penn)

"Todas as paixões são exageradas e são paixões apenas porque exageram." (Sébastien-Roch Chamfort)

"Um apaixonado que pensa não é um apaixonado." (Norman Douglas)

"Quem põe ponto final numa paixão com o ódio, ou ainda ama, ou não consegue deixar de sofrer." (Ovídio)

"A paixão aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõe." (William Shakespeare)

"A maior escravidão é ser escravo das próprias paixões." (Thomas Fuller)

"As paixões têm a sua lógica própria e fabricam injustiças, o que faz com que seja perigoso segui-las. Logo, devemos ser cautelosos mesmo quando aos nossos olhos parecem justificáveis." (François de la Rochefoucauld)

Ateei fogo à chuva

Ateei fogo à chuva. Aconteceu o inesperado. Uma paixão que tanto foi um perigo como uma bênção. Uma paixão que sobreviveu num mundo paralelo, onde ninguém a pôde destruir ou sequer tocar. Uma paixão que desafiou o destino e a probabilidade.
Ateei fogo à chuva. A paixão foi um jogo em que ganhava sempre o mesmo jogador: tu. Agora sei jogar melhor o jogo em que me envolveste e que sempre ganhavas graças à tua indiferença. Agora sei lidar melhor com isto. Já consigo aceitar a tua rejeição sem concordar com ela.
Ateei fogo à chuva. O fogo queimava-me enquanto eu chorava. O meu coração dói, pertence-te, mas tu deixaste-o cair.
Ateei fogo à chuva. Atirei-nos às chamas. Isto doeu e nunca foi simples, nem fácil. Nunca pensei gostar tanto de alguém inalcançável nem tu imaginaste que um dia ia aparecer alguém como eu no teu caminho a aclamar um sentimento impensável. Certo?
Ateei fogo à chuva para ver tudo arder, só para não sofrer mais. O improvável aconteceu e agora só há um caminho: a esperança.

Frases sobre esperança

"Em todas as lágrimas há uma esperança." (Simone de Beauvoir)

"A esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero." (Victor Hugo)

"Um dia tudo será excelente, eis a nossa esperança; hoje tudo corre pelo melhor, eis a nossa ilusão." (Voltaire)

"A esperança é um empréstimo que se pede à felicidade." (Joseph Joubert)

"Não há esperança sem medo, nem medo sem esperança." (Bento de Espinoza)

"A esperança é um alimento da nossa alma, ao qual se mistura sempre o veneno do medo." (Voltaire)

"As angústias mais cerradas deixam sempre clareira alumiada por uma réstia de esperança." (Camilo Castelo Branco)

"Enquanto há vida, há esperança." (Marcus Cícero)

Frases sobre sonhos

"Não se sonha, ou, se se sonha, é de uma maneira interessante. É necessário aprender a estar acordado da mesma maneira: ou de maneira nenhuma ou de uma maneira interessante." (Friedrich Nietzsche)

"De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos." (Fernando Pessoa)

"O amor é o único sonho que não se sonha." (Paul Fort)

"Nada de grande se faz sem sonho." (Ernest Renan)

"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso." (Fernando Pessoa)

"Sonhar é a felicidade, esperar é a vida." (Victor Hugo)

"Crê nos sonhos, pois neles está escondida a porta da eternidade." (Khalil Gibran)

"Porque é que o sonho é o símbolo do ideal e da beleza, se ele é quase sempre um pesadelo?" (Vergílio Ferreira)

"Os sonhos são como a tradução para uma língua de coisas intraduzíveis de outra; ou como a transposição para linguagem - forçosamente confusa ou complicada - de sentimentos vagos ou complexos, que a redacção normal não pode comportar." (Fernando Pessoa)

"Eu sonho. Por vezes penso que é a única coisa certa que se deve fazer." (Haruki Murakami)

"Os melhores sonhos de todos são aqueles que nos põem a pensar e a mexer. Os únicos sonhos de que vale a pena falar são os que não nos deixam dormir." (Miguel Esteves Cardoso)

Um vazio enorme

Se formos ao dicionário procurar pela palavra "vazio" surge-nos uma definição do género: "espaço sem nada dentro". É exactamente como me sinto. Foi assim que o Hugo me deixou. Sinto-me como um jardim sem flores, como um oceano sem água, como fogo sem chamas. De há alguns tempos para cá que tenho vindo a sentir isto, mas sempre ignorei até não conseguir negar mais a mim mesmo. Sinto um vazio em mim do tamanho do mundo. A minha vida estagnou. Admito. Aquilo que consegui até hoje, nos mais diversos aspectos, não é suficiente para cobrir o vazio que esta paixão deixou em mim. Fracassei. Fracassei por ter nascido justamente assim, fracassei por não ter conseguido aproximar-me da pessoa que mais desejei na minha vida toda, fracassei indirectamente em tudo o resto porque para mim nada faz sentido. E para mim, uma pessoa com um ego elevado transformado em defesa pessoal, admitir uma coisa destas é duro. É duro perder, principalmente aquilo que se quer mais. E o que eu quis foi só compreensão, atenção, respeito, porque sabia que ele não me poderia dar mais do que isso, mas nem isso ele pôde dar-me. Parece que só a minha paixão não fracassou. Lutou contra tudo e contra todos, contra o ódio, contra o preconceito, contra a desilusão, contra a vergonha e venceu. A minha paixão floriu na maior das tempestades. É honestamente a única coisa que tenho como garantida neste momento. Só sei que aquilo que sinto pelo Hugo é perigosamente infinito e isso deixa-me sem chão. :'(
Eu já nem consigo sentir nada que me possa entristecer porque não acontece absolutamente nada. Vi o Hugo algumas vezes nas últimas semanas e é só. Há algo que me está a bloquear. Quero falar com ele, mas sinto alguma coisa a prender-me. Acho que é o medo de reviver toda aquela angústia do ano passado. Mas este vazio está a acabar comigo e faz de mim uma forma sem conteúdo. Sinto-me destruído por dentro. Só vejo vácuo à frente. Não consigo enxergar nada. O futuro é totalmente incógnito.

"O coração precisa encher-se de alegrias ou de dores; umas e outras o alimentam; o que não pode suportar é o vazio." (Alphonse Karr)

Uma frase importante

Eu sou um fã de frases de grandes escritores e filósofos, mas esta mexeu comigo de uma maneira que nenhuma outra conseguiu. Quero acreditar que todas as vezes que chorei não foram em vão, que há esperança, que um dia eu vou conseguir seja lá o que for. Eu choro desesperadamente, mas as minhas lágrimas são todas providas de esperança.

"Em todas as lágrimas há uma esperança." (Simone de Beauvoir)

Mais uma surpresa

Vim passar o fim-de-semana à minha terra natal. Sábado à noite e fui sair. Não que seja algo regular eu fazer ou que a vontade tivesse sido muita mas devido à insistência da minha amiga, lá fui. Até foi divertido. Revi amigos de infância em dois bares diferentes. Depois vim fazer um ceia para a minha casa com duas amigas e saíram daqui há bocado, cerca das 4:30 horas.
Estou sem sono muito por causa do que descobri na sexta-feira. E que descoberta! Foi uma grande surpresa. Mais uma. Como se não bastassem as outras... Ultimamente, têm-me acontecido tantas coisas relacionadas com o Hugo. Estou mesmo à beira de um ataque de nervos. Passando a explicar o que se trata: é algo que eu desejava desde a altura que quis contar ao Hugo o que sentia. Naquela primeira mensagem que lhe enviei no Facebook, em Maio de 2010, eu inocentemente pedi-lhe o número de telemóvel e o email, em alternativa. Obviamente, ele não me deu nada. Onde é que eu tinha a cabeça para pedir algo assim, logo na primeira conversa? Eu era ingénuo, mas ele com certeza pensou antes que eu era um invasor. Errei mesmo fortemente, mas isso já não posso corrigir. Prosseguindo, esta surpresa está relacionada com isso. A forma como consegui não vem agora ao caso, mas eu tenho em meu poder o endereço de email dele, neste momento. Veio parar-me às "mãos" da forma mais tonta que pode haver. Eu fiquei boquiaberto. Não pedi a ninguém. Eu sempre tive oportunidade de obter isto por terceiros, mas não quis. Não quis invadir o espaço do Hugo. Sempre quis respeitá-lo. E respeito-o. Mas também me respeito e respeito o que sinto por ele. E é por isso que tenho de contactá-lo por email. Quero dizer-lhe umas coisas antes de me apresentar formalmente.
Isto tornou-se a minha cruzada. Conquistar a confiança daquele miúdo tornou-se a minha luta. Nas últimas noites tenho sentido um vazio horrível em mim. Tem sido sempre assim quando me vou deitar. E está difícil de suportar. Vou ter de fazer isto, mas se ele respeitar os meus sentimentos por ele ele vai conseguir entender a nobreza dos meus actos. Não queria que ele entendesse a utilização do email dele como uma forma de perseguição. Só estou a tentar provar-lhe que mereço mais do que ninguém a atenção dele. Enfim, foi mais uma surpresa e agora só quero enviar-lhe o bendito email.

O futuro

Estou cada vez mais decidido em andar com isto para a frente. Agora é mesmo. É o meu futuro que está em causa, porque o presente tornou-se insustentável. Estou a preparar-me mentalmente e ando a escrever. Sei que não tenho outra opção se quero dar novos contornos a esta história. Tinha de chegar a este ponto para poder prosseguir. Mas a partir do momento em que eu me apresentar oficialmente ao Hugo, fico exposto. Exposto ao desconhecido, exposto a um mundo invisível que não consigo percepcionar. Tudo na vida tem um preço. Quem adivinharia que em Novembro de 2009, depois daquela aula no auditório, em que vi o Hugo pela primeira vez, ele nunca mais me sairia da cabeça? Pela primeira vez, senti-me vivo, por dentro e por fora. Ele tornou-se a cor no cinzento do meu olhar. Quem adivinharia que aquele meu interesse súbito por uma pessoa que não conhecia de todo, se iria tornar em algo sério depois de eu ter sabido mais acerca? E quem diria que esta paixão, que nasceu sem ser desejada, teria consequências tão nefastas?
Os nossos actos têm consequências e eu, neste momento, preciso de estar bem consciente do que vou fazer e das repercussões que os meus actos causarão. Depois de feito, não há volta a dar. Eu queria muito que ele guardasse segredo sobre a minha identidade, que não me expusesse, mas como já o fez uma vez, duvido que ele me poupe nesta vez também. Principalmente nesta vez em que não vai haver mais nada a desvendar. Se ele me atacar com palavras ásperas ou com pensamentos maldosos, vai estar a atacar-se a si mesmo porque, para o bem e para o mal, eu faço parte dele porque é dele que eu gosto. Mas ele ainda não conseguiu perceber isso, razão pela qual me tem deixado a sofrer assim.
Nos últimos meses, fiquei obcecado com o medo, com a vergonha, com os erros. Eu não tenho que me esconder como um criminoso. Se o meu crime é gostar de outra pessoa infinitamente, então que seja preso imediatamente! Senti-me assim inúmeras vezes, acorrentado, enxovalhado, escravo desta paixão. Enquanto todos se divertiam (incluindo ele) eu chorava, sozinho, num canto do quarto. E garanto que, tal como a minha identidade de género, isso também nunca foi uma escolha. Não posso ser considerado um empecilho tão grande para ele só porque nutri sentimentos que não eram supostos. Honestamente, já nem sei bem o que está certo ou errado. Pensei em tempos que gostar dele era errado, mas agora acho que o que não é certo é eu ter de me esconder dele porque, afinal de contas, o que sinto é humano e inocente.
Ponho-me a pensar em possibilidades, em futuros cenários. É difícil conceber a ideia de que todo o meu esforço não vai dar em nada. Ele possivelmente vai bloquear-me na rede social, vai odiar-me, vai maldizer-me, vai troçar de mim com aqueles amigos que ele tanto venera, mas que estão pouco interessados em respeitar os seres humanos diferentes deles. Ou será que estou a ser demasiado ríspido e injusto? Talvez não. Na outra vez, fizeram-me sentir como um lixo! E isso, será justo?! Por mais que eu me tente mentalizar, eu nunca vou estar preparado correctamente para enfrentar o que aí vem. Nunca! Não suporto a possibilidade de, mais uma vez, ele não comunicar e se remeter ao silêncio. Isso assusta-me e ao mesmo tempo revolta-me porque eu não mereço.
Não quero pensar só nas consequências, quero pensar no impacto. Cansei-me de ser um zero à esquerda. Fazer a diferença é tudo o que quero. E um dia ele vai poder associar o meu nome e rosto à pessoa que mais dele gostou.

Frases

"Amor não se conjuga no passado, ou se ama para sempre ou nunca se amou verdadeiramente." (Fernando Pessoa)

"A paixão sem a razão é cega, a razão sem a paixão é inactiva." (Bento de Espinoza)

"Não ser amado é falta de sorte, mas não amar é a própria infelicidade." (Albert Camus)

"Os meus sonhos são um refúgio estúpido, como um guarda-chuva contra um raio." (Fernando Pessoa)

"A paixão é uma febre de espírito que nos enfraquece sempre." (William Penn)

"É-se bem fraco quando se está apaixonado." (Madame de La Fayette)

Reflexões

A noite passada tive um sonho desconcertante. A coisa que mais temo nesta história com o Hugo foi aquilo com que sonhei. Nem me atrevo a mencionar. Só digo que supera o medo que eu tenho da humilhação, supera a vergonha que os outros me fazem sentir por gostar dele, supera tudo isso. Foi horrível, fez-me acordar super abatido embora o alívio tenha sido grande depois.
A presença do Hugo assombra-me em todos os lugares, vejo-o noutros tantos e mesmo assim estamos sempre distantes. Quero-o aqui, mas isso parece-me cada vez mais utópico. Estamos separados por uma fronteira, uma fronteira de preconceito, intolerância, vergonha, e somos de mundos diferentes. Mais do que isso, continuamos basicamente dois desconhecidos. Será possível medir a tragédia que isso representa na minha vida? Mas nunca me farei de desentendido na matéria. Sei bem a razão. Ele fugiu porque tem motivos para isso. Pelo menos na cabeça dele. Só que ao mesmo tempo, não consigo ser racional em relação a isto. Ele pensa coisas de mim que eu gostaria mesmo de esclarecer. Este é o assunto número 1 que mais me fez chorar nos últimos dois anos e, neste momento, sinto-me esgotado psicologicamente.
O Hugo tem estado irredutível. Se bem me recordo, contactei-o umas quatro vezes e só obtive uma resposta. Não sei se ele voltou a contactar-me (parece-me que na última vez ele nem me bloqueou), mas as contas no Facebook que eu usava para o contactar eram falsas e já nem tenho acesso àquilo. O único meio de contacto que ele teria comigo seria este blogue e não o vejo a comentar aqui – é demasiado impessoal e tem demasiada exposição para algo do género. E é por isso que se tornou imperativo apresentar-me oficialmente. Abrir o jogo. Demorou um ano e meio. Faz este mês um ano e meio que lhe falei pela primeira vez. Agora sinto que não tenho outra saída. Não vou utilizar terceiras pessoas, não vou criar mais perfis falsos, não o vou perseguir para obter o email ou número de telemóvel. Não vou mais invadir o espaço dele. Sei que sou indesejado, mas quem merecerá mais a atenção dele, quando sou eu a pessoa que mais o adorou e adora? Por que é que isso é assim tão inconcebível para ele a ponto de me ignorar desta maneira? Queria que ele me explicasse o ponto de vista dele, mas também queria poder demovê-lo.
Sinto-me patético a escrever isto tudo. Não é a primeira vez que sinto isto, confesso. O blogue foi o meu refúgio em tempos de angústia, acreditem. Foi o meu refúgio naquelas alturas em que eu estava bem lá em baixo, em que eu não queria partilhar o meu sofrimento com pessoas conhecidas e sim com desconhecidos por saber que esses nunca me iriam julgar ou condenar. Acho até que “A Minha Intensa Paixão” me salvou quando eu me sentia a cair, me orientou quando eu me perdi. No fundo, ajudou-me a superar o martírio, que na verdade ainda não terminou.
Comecei ontem à noite a redigir a mensagem que lhe vou enviar brevemente. Receio a reacção dele. Desta vez receio mesmo. Desta vez vou ser eu mesmo, ali, a enfrentá-lo. Desta vez ele vai mesmo desvendar o enigma que eu representei ao longo dos últimos meses. Tudo tem um preço. Isto vai doer. Bem sei. Tenho de me preparar para perder, para perder o que nunca tive. Vai ser uma abordagem diferente. Mas como suplicar a amizade a alguém que nos despreza pelo facto de simplesmente sentirmos o que sentimos? Seja lá qual for a forma, eu finalmente encontrei a luz ao fundo do túnel. O problema agora é ter forças para chegar ao fim.
Seja lá o que acontecer, eu já venci algumas batalhas. A minha vida começou a mudar, a partir de Julho. Finalizar a licenciatura foi a minha maior vitória até hoje. Teve um sabor especial, ainda para mais porque eu estive a um ponto de desistir. Aquela faculdade fazia-me mal à alma (e agora tudo se repete mas isso é outra conversa, que até já mencionei). Andei ali mais um ano, a sentir a presença dele. Em Outubro, obtive outra vitória. Ser admitido na pós-graduação fez-me sentir forte, fez-me acreditar mais em mim, que eu podia eventualmente chegar ao topo. De certa forma, emancipei-me. Hoje sou um ser humano que, como qualquer outro, teve as suas alegrias e tristezas, mas que chegou onde muita gente não chegou: e esse sítio que se chama ter orgulho em nós próprios. É certo que não nasci da forma que eu queria. E, ironicamente ou não, esse é o factor que afasta o Hugo de mim! À partida, não era suposto ter orgulho em mim. Mas quando me conceberam ninguém me perguntou: queres nascer rapaz ou rapariga? Honestamente, eu não me adoro. Não represento aquilo que eu queria ser na verdade, mas sou assim. E nunca se tratou de uma escolha. Foi sempre um dado adquirido. A minha identidade de género mandou-me abaixo vezes sem conta e os outros com quem lidei sempre fizeram questão que assim fosse. Mas não morri e conquistei coisas de que me posso orgulhar. Consegui amadurecer, consegui formar-me, consegui sobreviver no meio da escuridão, no meio do preconceito e do ódio. E isto tudo faz-me pensar muito… Que talvez não seja boa ideia tentar trazer o Hugo para o meu mundo, aborrecê-lo com as minhas inseguranças, basicamente, com o meu drama. Embora eu tenha trunfos – a minha paixão, a minha amizade, a minha dedicação – será que eles são uma boa moeda de troca? Um dia ele dar-me-á essa resposta, um dia que já esteve mais distante.

Surreal

Esta quinta-feira, à tarde, vivi um momento surreal. Embora não tenha aula às quintas-feiras, desloquei-me à faculdade (instituição de pós-graduação no caso) para tratar de um assunto. A vontade era nula, ainda por cima estava a chover, mas eu tinha de lá ir. Quando lá cheguei passei-me logo porque a secretaria só reabria às 17 horas. Aquilo foi logo um presságio, julgo eu. Tive de esperar meia-hora e decidi ir para a recepção da biblioteca ou lá o que é aquilo. Basicamente, e passo a explicar, eu estava no sítio que dá acesso às salas de leitura. Toda a gente tem de passar por aquele recinto para ir ou sair dessas salas. Eram quase 17 horas, saí dali e comecei a dirigir-me para a secretaria. Quando vou no corredor, olho para o lado direito e vejo o Hugo, do outro lado, a ir para as escadas. Eu, mais uma vez, fiquei atónito. Ainda por cima ele vinha, nada mais, nada menos, com um dos seus amigos/colegas que, inclusivamente, me ridicularizou (sem sequer me conhecer, obviamente) na época em que eu contei ao Hugo o que sentia. Eu, ali, naquele momento, só pensava no facto de estar a viver tudo de novo. Custou-me mesmo. De mencionar também que se eu tivesse ficado no mesmo sítio onde estava (recepção da biblioteca ou lá o que é aquilo) eles iam esbarrar praticamente em mim. Bem-dita a hora que eu saí dali. Depois de tratar do meu assunto, ainda fui ao centro de fotocópias e fui então embora. Estava a chover horrivelmente naquela altura e eu estava à espera do autocarro. Houve uma parte em que eu olhei para trás e olhei para a porta da faculdade e pareceu-me ele outra vez. Olhei de novo e confirmei que era mesmo. Não sei bem como me senti com aquela tortura psicológica toda. Eu continuava incrédulo. Era a segunda vez que ele aparecia em mais ou menos meia-hora. Mas isto ainda piorou... Ele mal viu o 'nosso' autocarro (isto soa irónico, mas pelos vistos eu uso o mesmo que ele quando quero ir para casa), correu para o apanhar. Eu recusei-me em entrar com ele. Optei por ficar ali fora, à chuva, ao frio. Apanhei o autocarro seguinte. Ele se calhar ainda julga que sou eu que o persigo. Não sei se ele me anda a ler aqui (a minha intuição diz que sim, pelo menos), mas fique bem ciente que hoje fui eu que não quis estar por perto. Expus-me ao mau tempo só para não ter de ir outra vez com ele no mesmo autocarro. Não sei o que se está a passar. Estas situações estão a destruir-me. Isto é surreal, parece um pesadelo.

Isto é desesperante!

Não, isto não é fita. Se há coisa que detesto é chamar a atenção despropositadamente. Mas esta história adensa-se e começa a enlouquecer-me. Isto que vou contar é inacreditável, principalmente para mim. Esta quarta-feira à noite voltei a ver o Hugo. Começa a acontecer a um ritmo semanal e eu percebi que não estou preparado para suportar todos estes encontros como aguentei naquele ano lectivo. Hoje saí mais cedo da aula (eram umas 8 horas da noite), ainda fui tratar de umas fotocópias e fui esperar o autocarro que, por sua vez, demorou. Eu estava já a perder a paciência e entrei logo quando chegou. Quando as portas daquilo iam a fechar entra repentinamente o Hugo. Eu naquele momento acho que nem pensei em nada como na outra vez. Fiquei perplexo, sem reacção, estava em negação, não queria acreditar. Foi um momento surreal. E agora estou aqui em casa e ainda mal acredito que vim aquele caminho todo, no mesmo espaço que ele, a fingir, a agir como se nada fosse comigo. Foi horrível. Contrariamente às outras vezes eu nem estava nervoso. Estava bastante sereno, mas deveras abatido. Triste porque percebi ali que isto nunca esteve destinado a acabar como eu pressupus ou desejei. Ele foi mesmo para o fundo do autocarro e eu só voltei a olhar para ele quando saí. Ele nunca denota a minha presença. Sou quase invisível para ele, mas ao mesmo tempo tenho medo de deixar de ser. Para a próxima, como vai ser? Senta-se ao meu lado? Eu não consigo assimilar isto. Não mereço isto e estou cansado destas coincidências bizarras. Isto magoa-me. A minha alma sente-se mutilada. Estou a sofrer e não estou bem. Hoje bati no fundo. Cheguei a casa com as lágrimas nos olhos, mal conseguia subir as escadas do prédio (foi ali que eu pude finalmente chorar à vontade e foi um grande alívio). Estes momentos em que choro sozinho custam-me, ainda para mais porque eu não consigo parar logo. Os meus olhos secaram e agora ardem. Aqui em Lisboa é bom chegar a casa e poder, por exemplo, chorar à vontade sem ter ninguém por perto, mas esta solidão também não me está ajudar. Se tivesse alguém ao meu lado, naquele momento, tinha reagido de outra forma.
Eu tenho de frisar isto novamente: não fui eu que escolhi o Hugo. Há qualquer coisa em mim que se sente anormalmente e inexplicavelmente atraída pelo aspecto dele, pela maneira de ser dele, no fundo, pela essência dele. Sinto que ele completa-me como ser humano. Isto nunca me aconteceu na vida, só com ele. Estou doente de amor. Sou um ser humano infinitamente apaixonado por outro ser humano. Preciso definitivamente de lhe pedir ajuda, preciso que ele acabe com esta indiferença ou eu vou acabar mesmo muito mal. Será que ele vai-me auxiliar? O meu estado é tão lastimável agora, que até acho que ele poderia ponderar. Foi hoje que percebi o quão ilimitado é o que sinto por ele e isto é desesperante. :'(

Desabafo

Por mais perto que eu estivesse do Hugo, era escusado. Sempre estivemos longe. Sempre! Podíamos andar nos mesmos espaços físicos, como andamos novamente, mas mentalmente estávamos e estamos a quilómetros de distância. Ele num mundo e eu noutro. Não somos somente diferentes, somos opostos. Somos como o sim e o não e como a cor branca e a cor preta. Será que estamos destinados a ser inimigos? Será que o meu amor não tem outra solução senão tornar-se ódio? Será que nunca vai haver tréguas?
Eu estava dentro de um cubo de vidro, no qual via o Hugo passar ali perto a toda hora, onde o medo da rejeição imperava e me consumia. Eu gritava lá dentro, mas o Hugo nunca me ouvia, nunca prestou atenção. Eu sufoquei. Não sei se estava mais desesperado do que triste ou vice-versa. Será possível ter-se a mínima noção do que é isso e de que efeitos isso pode ter numa pessoa?
Não consigo deixar de pensar que esta paixão e todo o sofrimento que ela acarretou são uma punição. Porém, não sei no que falhei para merecer isto.
O Hugo foi o meu inferno e o meu paraíso, foi a minha dor e a minha anestesia, foi a minha desilusão e a minha ilusão, foi o meu pesadelo e o meu sonho, foi a minha tristeza e a minha alegria, foi o meu fim e a minha esperança.
A minha paixão e a desilusão têm tido uma amizade perigosa. É nos momentos mais tristes, dolorosos e agoniantes que descobrimos que afinal somos fortes. Eu descobri que era forte e por isso nunca desisti de lhe provar que ele está errado em querer manter-me afastado dele. Tornou-se vital para mim demonstrar-lhe que ele falhou ao desprezar-me a mim e aos meus sentimentos. E não vejo nada mais legítimo do que isso.
Ando a preparar-me para o confrontar, se bem que esta vez vai ser derradeira. Estou a preparar-me para aguentar mais uma vez o julgamento dele, o preconceito de quem o rodeia e toda a humilhação que daí possa advir. Já superei tanta coisa e se já dei esta guerra por perdida já não tenho nada mais a perder, não é verdade?
Acho que nunca vou compreender o porquê do Hugo insistir em fazer sofrer a pessoa que mais dele gostou em toda a vida. Admito a minha ignorância. Não nasci para compreender isso. Sou humano, não sou perfeito e por isso não percebo.

Encontro inesperado - Parte 2

O encontro da semana passada não me sai da cabeça... Não consigo deixar de pensar nisto. Não consigo! Não consigo deixar de pensar nele, ali, tão perto, mas sempre tão longe. Estamos sempre tão distantes. Cada um a seguir caminhos diferentes, que de vez em quando se cruzam. Mas cruzam-se porquê? Se isto nunca teve futuro, se ele nega-me uma simples amizade, por que é que me aparece à frente de tempos em tempos? Para quê isto? Eu não mereço isto e ele sabe que não. Por que é que quando eu começo a mentalizar-me que tenho de desistir de sonhar com isto, volta tudo ao mesmo?
Maissuma quarta-feira... Faz uma semana que o vi. E quando chegar à faculdade vou mentalizado que o posso ver outra vez. Isto é uma tortura psicológica! Por mais que eu me prepare mentalmente que ele me pode aparecer novamente à frente, vai ser outro encontro inesperado. Acho que a minha alma não está preparada para outro choque destes. Já lhe perdi o jeito...
Ainda na segunda-feira à noite andei no Facebook e estive mesmo quase a entrar no perfil dele, depois de meses, mas resisti. Só vi a fotografia de perfil, da qual gostei bastante confesso. Aquilo é uma tentação, mas eu não vou mais invadir a privacidade dele. Pelo menos até mostrar-lhe quem sou de verdade. E quanto a isso, muito em breve haverá novidades... Muito em breve.

Encontro inesperado

Nesta terça-feira à noite, dia 18, aconteceu um incidente comigo mas eu nem sequer vou mencioná-lo porque nem se compara ao que vou falar aqui hoje.
Fui a mais um dia de aulas. A minha pós-graduação parece árdua, mas eu estou a adorar. Até simpatizo com a maior parte dos colegas (coisa que não aconteceu enquanto eu estava a frequentar a licenciatura) e o primeiro professor é bastante afável. Estava na aula e estava apreciar a vista sobre Lisboa. Gosto mesmo de morar cá. Adoro a faculdade, adoro a forma como me receberam aqui. Para não mencionar que foi sempre nesta faculdade que eu quis tirar o meu curso. Estudar na antiga faculdade foi um erro, que eu não pude corrigir. Nunca gostei muito daquilo nem daquela gente. Mas depois ponho-me a pensar: e se eu não tivesse estudado ali, como é que conhecia o Hugo? Pois é, tudo na vida tem o seu motivo... Agora estou, onde sempre quis estar. E estou a estudar algo que me interessa realmente, embora tenha andado desmotivado por motivos óbvios.
Mas agora perguntarão vocês: a que se deve esta introdução toda sobre faculdades? Pois bem, como eu aqui já tinha dito, eu e o Hugo fomos colegas, estudámos na mesma faculdade entre os anos 2007 e 2009 (embora eu só tenha notado a presença dele em 2009 - quando tudo começou). O que deve ser estranho para ele é que eu andei ali por perto dele e ele não pode associar quem é a pessoa porque eu até agora não fui capaz de me expor directamente, embora ele já me tinha visto vezes e vezes. Ironia ou não, eu optei por frequentar uma pós-gradução que ele também frequentou. Na altura eu estava reticente, achei que era má ideia e comentei isso com uma pessoa que me incentivou. Mas depois pensei: aquilo tem a duração de um ano. Quando ele a acabar, entro eu a seguir e nunca nos iremos reencontrar. Mas não foi bem assim. Isso mudou na quarta-feira. Eu vi o Hugo! Demorei cerca de um segundo para o reconhecer. Estivemos a 1 metro de distância um de outro. Um metro! Foi aliás uma das vezes em que mais perto estive dele, embora eu me tenha afastado daquele sítio posteriormente. Um ano e três meses desde a última vez que o vi e ele aparece-me assim ao acaso, ali na rua. Inacreditável, mas verídico. Eu até já me andava a convencer que nunca mais o ia ver. A aula tinha acabado, já era de noite e eu estava na paragem do autocarro, à espera. Quando me viro, estava o Hugo sentado. Eu virei as costas e pensei "isto não me está acontecer! Ele aqui?". Havia ali algumas pessoas, e eu não queria dar nas vistas, mas deu-me vontade de chorar. Contive-me, mas foi difícil. No entanto, tremia por todos os lados. Olhei para ele uma série de vezes. Não deu para evitar, embora ele estivesse de costas. Ele está lindo! OK, isto é lamechas, mas para quê omitir? Isto é o meu espaço, afinal de contas. O autocarro dele apareceu primeiro que o meu e lá foi ele. Ironicamente, aquele seria o autocarro que eu apanharia caso fosse para casa. Que filme! Por mais que aquela situação me estivesse a dar cabo dos nervos, eu estava a adorar estar ali ao pé dele. Era uma sensação dicotómica. Sabia bem como sabia mal. Era uma sensação eléctrica. Doía, mas eu sentia-me bem. Ele pareceu-me bem, o que me conforta imenso. Estou feliz por ele, muito feliz mesmo.
Quer isto tudo dizer que agora, eu e ele, estudamos "juntos" outra vez, só que noutra faculdade. Eu honestamente ainda não estou em mim. Ainda não deu para assimilar isto. Pensei que ele já lá não andasse. E agora ponho-me a pensar... Um dia destes acabo com esta charada, digo-lhe quem realmente sou e depois? Ele apanha-me e tenho medo que as coisas se descontrolem, de ambos os lados. Não quero guerra, só quero paz. Há uma coisa de que eu preciso: de que ele me compreenda, me aceite e não menospreze o que sinto por ele porque é verdadeiro. Sem compromissos, sem nada. Só quero isso. Ser alguém para ele.

Não te peço mais nada, Hugo!

O rapaz proibido

O rapaz proibido... Aquele por quem não era suposto eu ter-me apaixonado. O rapaz que apareceu do nada, que entrou na minha vida sem o ter desejado.
Enlouqueci, desesperei, chorei, gritei, lutei, lamentei, tudo pelo rapaz proibido. O rapaz proibido fez-me rir, como chorar; fez-me tremer; fez-me saltar; fez-me sonhar.
A minha paixão diz-se platónica. A minha paixão não é como tantas outras. Não é falsa, não é efémera, não é cega. Ela é real, ela dura há muito tempo e eu consigo ver tudo com clareza agora.
O Hugo não entendeu nada disto e não me aceita. Nem sequer tentou. O preconceito pode ter-me vencido em inúmeras circunstâncias da minha vida, mas por outro lado também o venceu a ele. O Hugo deixou o preconceito destruir algo que poderia ter-se tornado numa amizade pura e diferente entre nós. Resumidamente, o preconceito venceu-nos aos dois. Os amigos, a família, a profissão, a vida, enfim, tudo o que faz parte dele ficou ironicamente à minha frente. Logo eu que provavelmente fui a pessoa que mais o amou ou vai amar na vida toda. Ele não me aceitou, não me respeitou, mas eu não censuro nada disso. Uma pessoa tem de ser livre para tomar as suas decisões, mesmo que nem sempre elas sejam acertadas. Nós seguimos caminhos diferentes. Enquanto ele optou pelo caminho do desprezo e indiferença, eu acabei por perdê-lo de vista e agora não consigo sair deste labirinto de sofrimento e angústia.
Ele privou-me de conhecer a felicidade; no entanto, a felicidade talvez nunca tenha desejado conhecer-me. Talvez o meu destino seja mesmo eu nunca completar-me como pessoa e ser apenas uma alma neste mundo que somente vai vingar no campo profissional. A plenitude da vida não existe para mim. Há um elo em falta. E chega de ingenuidade. As coisas são como são e agora eu vejo tudo claramente. Chamar-se-á isso de maturidade? Penso que sim.
O meu rapaz proibido, o Hugo, nem sequer prestou atenção. Nem sequer tentou perceber o porquê e o que estava por detrás disto. A minha paixão era a cena principal no palco, mas nos bastidores escondia-se uma solidão imensa. E por isso mesmo, eu vi o Hugo como o meu Messias, o meu salvador, que um dia me iria resgatar deste mundo de solidão e dor onde eu moro. Infelizmente, ele não se importou com o que eu sentia, ou com o que eu precisava. Eu estava no fundo do poço a implorar por ajuda, mas ele nem sequer se apercebeu. Mas quem sou eu para julgar o egoísmo dele? Eu, um estorvo, um forasteiro no mundo dele. Derramei lágrimas e lágrimas na esperança de aliviar a minha desilusão - sempre em vão.
Procurei no rapaz proibido protecção, um porto de abrigo. Em vez disso, fiquei à deriva, neste mar imenso de sensações. Desilusão, humilhação, tristeza, arrependimento, eu sei lá mais o quê. Vamos pôr os pontos nos i's de uma vez por todas. Temos orientações sexuais diferentes. Não sou nada daquilo que ele pretende, mas procuro nele aquilo que eu sei que ele me pode dar. Somos incompatíveis, portanto. Mas é ele que me pode completar, mesmo assim. Vale a pena atormentar-me desta maneira? Com certeza que não, mas eu não o escolhi embora ele pense que sim.
Depois deste tempo todo (1 ano, aproximadamente), sem diálogo, e com toda a indiferença que ele me deu, só quero confrontá-lo, mostrar-lhe que não sou uma ilusão, um espectro, que sou real, que existo e que sou eu que gosto dele como ninguém alguma vez gostou. E quero mostrar-lhe que amar é humano, que não escolhe sexo, idade, classe social, raça, nacionalidade ou religião. Só me apetece chorar à frente dele, por mais humilhante que isso possa ser. Mas para quê ter vergonha da pessoa de quem se gosta? É inútil tentar não ter, contudo.

O rapaz proibido vai fazer parte de mim para sempre e com quatro simples letras se escreve o seu nome: Hugo.

"Perder com Classe e Vencer com Ousadia"

"Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é 'muito' para ser insignificante."

Li isto no Facebook e fascinou-me de imediato. O autor, até ao momento, é desconhecido para mim. De alguma forma, o primeiro e o terceiro versos significam muito para mim. Nem precisaria de dizer porquê. O primeiro: foi através da minha determinação que cheguei onde cheguei (licenciatura concluída, pós-graduação de seguida), mesmo quando não tinha vontade nenhuma. O terceiro: a última luta que me resta chama-se Hugo e neste aspecto sei que me espera uma grande derrota.

O que vem aí...

Tenho andado meio ausente do blogue, porque ando com a mente ocupada... Estas insónias que tenho tido, por um lado, têm me ajudado.

O que vem aí são dois posts bastante importantes..

- "A Minha Intensa Paixão Volume 2": uma colecção de canções marcantes, com grande significado para mim e que vou partilhar. Provavelmente, já ouviram algumas delas tocaram aqui.

- "O Rapaz Proibido": provavelmente o texto mais profundo que alguma vez redigi, e confesso que ando reticente em publicá-lo. De qualquer forma, ainda ando a escrever e o resultado final pode ser bastante diferente. Logo se vê.

Mais um sonho

Esta sexta-feira foi um dia em cheio para mim. As minhas férias de Verão propriamente ditas terminaram. Precisei afastar-me de Lisboa por uns bons tempos, afastar-me de todas as memórias que me assombravam.
Mas agora é tempo de arregaçar as mangas e ir à luta. E isso não é fácil quando se vive um paixão platónica, que nos destrói por dentro a cada dia. Mas eu lá fui, à luta. Nesta sexta-feira fui candidatar-me a uma pós-graduação. Foi difícil escolher. Sofri até decidir-me até porque esta é exactamente a mesma pós-graduação que o Hugo frequentou no ano lectivo passado, na mesma exacta faculdade em que me fui candidatar. Ou seja, o nosso percurso académico está a ser exactamente igual. Será que posso chamar isso de ironia bizarra? Não sei. Há coisas na vida que não se podem explicar. Eu nem sei porque gosto tanto dele sequer, portanto nem vale a pena pensar muito nisto.
Mas a minha ida à nova faculdade foi muito engraçada. Para já, porque se dirigiram a mim por “doutor” enquanto me tratavam da documentação. Achei engraçado porque foi a primeira vez e porque afinal valeu o esforço e agora há quem reconheça o meu empenho. Depois, foi uma aventura. Quem me conhece sabe que eu sou a desorientação em pessoa. Não é preciso muito para eu me perder em Lisboa, embora eu more lá há anos. A ida correu bem, fui directamente do Marquês de Pombal até ao Pólo Universitário sem percalços. Mas a vinda… LOL. Eu até me estou a rir. Perdi-me completamente. Peguei no telemóvel e liguei a uma amiga, que acompanhou o episódio todo. Foram gargalhadas atrás de gargalhadas. Queria voltar ao Marquês de Pombal, mas fui parar a Algés! Lá consegui regressar, supostamente, para o M. Pombal mas perdi-me novamente. Acabei por ir para Picoas. Nunca tinha andado ali a pé. Lá encontrei a estação de metro e consegui orientar-me. Foi uma tarde muito engraçada.
Enfim, corri atrás de mais um sonho. Embora desmotivado, a vida continua e eu tenho de lutar para ser alguém importante, profissionalmente falando. Neste momento, são os meus estudos, a minha formação académica, que me fazem querer continuar. Se não tivesse isso para me agarrar, nem sei. Não é fácil viver nas minhas condições psicológicas actuais, mas estou a dar o meu melhor.

Vida pessoal & vida académica / profissional

Eu começo a achar que nunca me vou realizar como pessoa, talvez apenas como profissional. A minha vida pessoal é um desastre total. A verdade é que quando eu tinha 18 anos era a carreira profissional o mais importante para mim. E foi assim até aos meus 21 anos, altura em que conheci o Hugo. Lembro-me de referir sempre isso com uma amiga, com quem aliás já nem falo muito. Para nós, a carreira era o mais importante, estava acima de tudo. Eu era obcecado com a carreira profissional. O pessoal da minha antiga cidade criticava-me bastante que eu sentia a necessidade de completar um curso superior para assim calar bocas sujas. E fui feliz nisso, vinguei, consegui. Mas agora vejo que não chega! Não me sinto nada realizado como pessoa. O buraco que o Hugo deixou no meu coração é demasiado grande para cicatrizar com apenas o sucesso profissional que eu possa vir a obter.
Mas talvez eu não tenha nascido para ser verdadeiramente feliz. Talvez a minha existência se deva apenas ao facto de que uma pessoa LGBT como eu pode chegar onde quer, profissionalmente falando. Mas eu nunca quis ser um exemplo a seguir. Longe disso. Limitei-me a ser eu. EVou continuar a minha formação. Fui quase coagido a fazê-lo. Senti uma grande pressão por parte de familiares também. Mas agora sou eu mesmo que quero continuar o meu percurso académico. E vou fazê-lo também pela minha avó, a única pessoa que acreditou em mim e no meu sucesso desde o príncipio. Aliás, a minha licenciatura dedico-a a ela. Ando a decidir-me o que pretendo, se uma pós-graduação ou mestrado. Mas estou muito inclinado para a pós-graduação, que ironicamente o Hugo frequentou. Nem nisso me livro dele.
Mas enfim, não me vou iludir e pensar que mesmo chegando, quiçá, a um doutoramento um dia que isso me vai fazer completamente feliz porque não vai. Ninguém pode viver sem amor uma vida inteira. Mas eu até que me tenho aguentado bem nesse campo. E depois de escrever isto, ainda fica tanta coisa por dizer...

Paixão / Magia, Encanto

Não creio que seja possível amar mais do que uma pessoa, diga-se com uma paixão ardente. Pode gostar-se de uma pessoa, e depois outra, com serenidade, mas sem aquela loucura da paixão. Aquela paixão ardente que se sente uma vez jamais pode ser repetida ou sequer igualada. As pessoas podem namorar, casar, as vezes que quiserem. Mas nada muda esse facto. Pode sentir-se muita coisa por alguém, mas uma paixão avassaladora como a que eu tenho experienciado só se sente uma vez e não se iluda quem ache o contrário. A paixão é um sentimento esquisito, porque ao contrário de todos os restantes, nós podemos sentir paixão por alguém que não nos é próximo e é aí que tudo começa por seguir um mau caminho. No amor, na amizade, e no resto, há proximidade, correspondência e partilha, e na paixão nem sempre isso acontece. E por isso eu digo, a paixão é astuta e maldosa e acho que não faz bem a ninguém. É astuta porque surge do nada, sem que possamos combatê-la; quando a detectamos é tarde demais, ela já nos terá invadido. É maldosa porque dói, porque arde, porque chega ao ponto de nos fazer querer morrer. Dei-me ao trabalho de ir ver a definição de "paixão" no dicionário e saltam-me logo à vista expressões como "afecto violento, amor ardente". Nem pergunto porquê. Eu odeio a paixão e por isso mesmo é que nunca mais me vou apaixonar. Quem puder, que a evite. Não me revejo a gostar de mais alguém assim como aconteceu com o Hugo. Não há qualquer hipótese de isso acontecer. Nenhuma mesmo! E eu não afirmo isto todo contente, até porque eu antes disto invejava os apaixonados e deu no que deu.
Por outro lado, a opinião dos outros faz cada vez menos sentido para mim, muito por culpa da paixão. Os outros estão a perder importância no meu dia-a-dia e já quase não interferem no meu comportamento social, o que me agrada. Afirmei anteriormente que nunca deixei de ser eu por causa de ninguém, embora atendesse muito ao que achavam de mim. Fui sempre eu, ao contrário de muita gente artificial que anda por aí. Posso ser materialista e ter mil e um defeitos, mas fui sempre eu e abraço cada defeito meu. A vida dá voltas, já se costuma dizer. É engraçado, agora não quero nem preciso da aprovação dos outros para me sentir bem. Agora só anseio pela aprovação de uma única pessoa, o Hugo. Não posso deixar de me rir disto, embora devesse é chorar. A minha vida deixou de girar à volta de tudo e todos. Era uma procura doentia pela aceitação do panorama social no geral, eu queria desesperadamente sentir-me pertencente ao todo social. Ao contrário disso, a minha vida passou a girar à volta de uma só pessoa e sinto como se a minha sobrevivência agora dependesse dessa pessoa em particular. A aceitação pelo Hugo é soberana para mim, nesta altura. Podia ter o mundo todo contra mim, mas se soubesse que ele me aceitava, eu estaria bem. É mais ou menos isso. Cada vez mais fico com a certeza de que o encanto do Hugo só poderia ser quebrado quando eu finalmente fizesse parte da vida dele. Não me interessa se a bem ou mal. O que interessa é eu não ser mais ignorado. Prefiro que ele me odeie, que me diga coisas horríveis. Tanto faz. O que preciso mesmo é de significar alguma coisa para ele, e de lhe falar, de o ver por perto. Só assim esta magia poderia desaparecer, que é o que ele quer, eu sei. Enquanto ele estiver longe, eu vou continuar a criar ilusões, na minha mente, por causa deste encanto. Não basta ele desejar-me sorte e querer-me longe. Isso foi ineficaz e esteve muito longe de resultar. Para ele foi fácil, para mim nem tanto. Deus sabe o quanto eu quis respeitar a posição dele, mas ele também não respeitou nada do que sinto. Isto não passou, nem vai passar desta forma. Esta distância e este desprezo não estão a funcionar. Eu ponho-me a imaginar milhões de coisas acerca dele. Não o vejo há tanto tempo, não sei como ele está, não sei em que é que está a trabalhar, não sei se está tudo a correr bem. Sou tão irrelevante! Para ele, eu quis ser o número 1 mas acabei por ser nada. E isto está a destruir-me por dentro e tornou-se insustentável. A minha falta de importância para ele e a minha ausência na vida dele estão a matar-me. Será possível alguém compreender o que estou aqui a dizer? Eu simplesmente não me quero meter no meio da vida dele, sem respeitar o espaço dele e depois fico neste impasse. Estou perdido. Não sei que atitude tomar, falta-me coragem, mas assim também não consigo estar mais.

Não sou como me pintam!

Houve momentos em que pensei que eu era simplesmente aquilo que as pessoas diziam que eu era. Cheguei a pensar que era somente aquilo que as pessoas pensam que eu sou, mas não sou mesmo como elas me pintam. Nem perto, nem longe. Foi um processo lento e complicado até eu perceber que não sou uma aberração, mas tão humano como qualquer outro. Custou-me enquanto não percebi. E ainda me custa, quando ouço bocas foleiras ou por saber o que realmente ainda pensam de mim. Verdade seja dita, eu talvez tenha procurado isso, mas não me apetece disfarçar forçadamente nada. Tenho de preservar a minha identidade, preciso de ser eu mesmo, porque mais ninguém pode fazer isso por mim. A minha vida não gira em torno dos outros, mas de mim. E começo a importar-me cada vez menos com a opinião alheia. Aquilo estava destruir-me. Eu não posso, nem agora, nem nunca, impedir que alguém se venha a rir nas minhas costas ou que me humilhe em via pública. Já passei por coisas das quais não me quero recordar mais. No fundo, os outros sempre tiveram inveja de mim e talvez sintam alguma insegurança em relação às suas preferências sexuais. Eu até hoje ainda não percebi por que é que aquele que é diferente despoleta tanto ódio em alguém.
Eu tenho sido uma das pessoas mais imparciais de sempre. Não me consigo lembrar de uma única confusão nos anos que passei na escola ou na faculdade. Nem uma! E no entanto o ódio persegue-me, sempre me perseguiu. Não entendo como é que alguém se sente bem a odiar outra pessoa. É um prazer mórbido. E nem estou a falar por mim, já não é o meu caso. Já não me permito sofrer com o preconceito e com o veneno dos outros. Superei isso. Amadureci. Não sou mais aquele adolescente que se se ia abaixo com todas as acusações e humilhações. Isso acabou. Mas se hoje sou uma pessoa fútil, artificial, vingativa, calculista, e de certa forma, maldosa, a culpa não foi minha. Foram as circunstâncias da vida. Uma pessoa tem que agarrar as armas que tem à mão. Fui à luta, como qualquer outro. Mas eu sou mais do que este aspirante a classe social alta que sou, sou mais do que esta avassaladora paixão que sinto pelo Hugo, sou mais do que as roupas de marca que visto, sou mais dos perfumes caros e maquilhagem que uso, sou mais do que a licenciatura que tirei, sou mais do que o "gay" que os outros dizem que sou. Sou mais do que tudo isso. Valho muito mais do que isso tudo. Mais uma vez: eu não sou como os outros me pintam. As pessoas, na verdade, não me conhecem, porque eu nunca me dei realmente a conhecer. Nem a minha própria mãe me conhece e revelou-se uma grande desilusão há uns meses. Não preciso que ninguém me acuse de coisas que eu nunca fiz nem de ninguém que me julgue e que me desrespeite. Para mim, a minha mãe já não significa grande coisa na minha vida e agora estou mais perto do que nunca de me tornar 100% independente.
Preciso de me livrar de todas as pessoas cínicas à minha volta, incluindo amigos, e isso também se aplica a um dos meus progenitores. Preciso de pessoas que me respeitem como eu sou e que não me controlem, que não digam o que devo ou não fazer ou como devo ou não ser. Preciso de paz e liberdade e felizmente agora sinto que os ventos começaram a soprar a meu favor com esta licenciatura. Daqui para a frente vou começar a viver por mim e para mim, sem ter que me preocupar com o que os outros acham de mim ou daquilo que eu faço. Há cura para o preconceito: é a liberdade. Se sou livre, sou imune à maldade e nada me pode apanhar.
O Hugo... Irrita-me o facto de que alguém praticamente desconhecido para mim seja tão importante para mim. Já disse vezes sem conta que não o escolhi e não me consigo "livrar" dele. Pedi-lhe ajuda, pedi indirectamente que ele me salvasse do sufoco que eu estava a viver e que ele nem imaginava, mas foi em vão. Ele foi egoísta e preconceituoso como todos os outros. E lamento muito. Não queria nada disto.
Mas hoje posso respirar fundo e dizer que sou um Miguel mais confiante, mais determinado, emancipado, amadurecido, enfim, um jovem adulto que está no poder da sua própria vida e sem se deixar ser afectado por mais ninguém! Isso chama-se crescer e eu finalmente cresci.

Azul & Rosa

Inevitavelmente, eu tenho um bocado das cores azul e rosa em mim. Vão acompanhar-me para sempre. Azul e rosa vão ser sempre cores opostas e os opostos atraem-se, recorrentemente. No entanto, eu vou estar sempre ali no meio. Não sou uma coisa nem outra e ao mesmo tempo sou as duas coisas. Sou como não quero e quero ser o que não sou.
O azul costuma estar associado à frieza, depressão, monotonia. Também à paz, à ordem, à harmonia. O azul é uma cor masculina e agressiva, com a qual eu me identifico pouco mas que está em mim. Uma parte de mim é azul. Sou azul por ter nascido com este corpo. Sou azul por ser frio e depressivo. Sou azul por ser quem sou.
Por sua vez, o rosa está relacionado com o amor altruísta e verdadeiro, com a sensibilidade, com o carinho e com a inocência. O cor-de-rosa está culturalmente relacionado com o elemento feminino ou homossexual. Por razões óbvias, eu sinto-me mais rosa do que azul, embora contra a minha vontade não o seja. Sou rosa porque quero ser o que realmente não sou.
Procurei no Hugo aquilo que o azul representa (força, estabilidade, confiança), que não é mais do que aquilo de que o rosa carece. Mas como é que o azul aceitará outro azul se aquilo que ele procura é puramente rosa? Eu não represento nada daquilo que aquele rapaz procura, embora quisesse. E isso é trágico. Não espero que ninguém compreenda o que estou a dizer, mas estou a dizê-lo porque sinto necessidade de o fazer. No meio disto tudo, desta procura e rejeição, perdi-me.
Dê por onde der, eu vou ter sempre estas duas cores em mim. Não sou somente uma ou outra. E mais do que ninguém, lamento por ser assim e por não ter direito a ser amado por quem quero pelo simples facto de eu ser azul e rosa. E eu não posso mudar isso. O azul é a minha existência, o rosa a minha essência.
Para finalizar, esta foi só uma forma de me manifestar sobre o meu transgenerismo. Precisava desesperadamente de o fazer e foi assim que consegui fazê-lo.

Inevitável

Ontem à noite, estava na cama, e massacrava-me mais um bocado com esta história. Aliás, não há uma única noite em que eu não pense sobre isto antes de dormir.
As pessoas que me lêem provavelmente ficam com uma ideia errada de mim, podem pensar que sou um pobre coitado, um mal amado, etc. Até um certo ponto, isso é certo. Às vezes sinto-me como lixo por causa disto, já chorei rios, não tenho problemas em afirmar. Mas sou tudo menos um fracasso. No meio de tanta melancolia e sofrimento, licenciei-me (e não sei como, se calhar por subestimar-me demais). Porém, assumo as minhas derrotas. Admito que perdi esta guerra. Admito que falhei no que toca ao Hugo e noutras tantas coisas que agora não vêm ao caso. Não o abordei como deveria ter sido, não fui capaz de fazê-lo mudar de ideias em relação a isto ou a mim. Admito que o destino me derrotou. Destino esse que me levou até ao Hugo, como se fosse inevitável isso ter acontecido. Parece que vivi a minha vida toda para chegar até àquele grande momento: ver e tomar conhecimento do Hugo.
Apesar de toda a desilusão e tristeza que experienciei, também fui feliz. Naquela época, entre eu ter-me apaixonado pelo Hugo e antes de lhe ter contado o que sentia (estou a falar de 4 meses e qualquer coisa) estive nas nuvens. Era uma alegria sem precedentes que se apoderou de mim. Era uma alegria artificial, uma ilusão que eu estava a viver, mas soube-me bem. Acho que também foi inevitável isso ter acontecido dada a minha ingenuidade. Mas foi bom, mesmo sabendo tudo o que veio a seguir. Mas isso não importa mais. Tenho que me agarrar àquilo que é positivo e deixar as coisas más de lado.
Faz mais de um ano que me cruzei com ele na rua e desde então que nunca mais o vi pessoalmente. Daqui a alguns meses fazem dois anos que gosto dele. E isto não é fictício, é pura realidade. Vivo das memórias e tenho medo do futuro. Não faço ideia de como vai ser daqui para a frente. Não me encontro profissionalmente, não é uma área que me agrade, honestamente. Mas agora não há volta a dar. Também não me sinto mentalmente capaz de enveredar por um mestrado ou pós-graduação, embora o vá fazer. Talvez eu tenha de fazer esse esforço, para ocupar a minha mente. Quanto à parte afectiva, ainda é mais complicado. O meu lado racional já desistiu do Hugo. Não tenho hipóteses. Arde só de pensar, quanto mais admitir. Mas o meu lado emotivo, nunca desistiu, aliás nunca parou de pensar em arranjar uma forma. Uma forma de tocar a consciência daquele rapaz, de o sensibilizar. E por mais racional que eu tenha tentado ser, uma coisa é certa: eu já não sei viver sem a figura do Hugo. Eu não sei o que é isso. É como se ele tivesse feito parte de mim desde que nasci. É como se ele me completasse. Sinto a presença dele, como sempre senti quando frequentávamos a faculdade na mesma altura. Há algo nele que me atrai profundamente e não estou a falar do aspecto físico. Parece algo magnético. Quem me dera que isso fosse tudo uma treta e eu pudesse seguir com a minha vida, mas é bem real. O que fazer? Tenho medo de me magoar mais, mas se calhar magoar-me-ia mais se desistisse de quem gosto. Estou num desespero enorme. Perdi-me neste labirinto de contradições e não encontrarei uma saída tão cedo. E embora perdido, já decidi qual é o caminho que vou seguir, quer ele me leve à liberdade ou não.

Não é uma escolha, nunca foi

Nunca houve espaço para mim na vida do Hugo. O orgulho e o preconceito dele simplesmente não me deixam fazer parte da sua vida e ele não está disposto a fazer um mínimo esforço para que isso aconteça, nunca fez. A leitura que faça disto tudo é que a princípio ele julgou que tudo não passava de uma brincadeira, de um jogo, de alguém que o queria “apanhar”. Depois ele caiu em si, contou o sucedido aos mais próximos e de seguida troçaram da situação e de mim (embora no fundo ele não achasse graça nenhuma). Após isso, a ideia de haver um rapaz que ele desconhece pessoalmente e que gosta dele atormentou-o por meses (principalmente nos momentos em que ele estava sozinho e que tinha tempo para pensar), até que ele amadureceu a ideia e tentou esquecer tudo o que sinceramente duvido. Foi mais ou menos assim que que situação evoluiu no lado dele.
A verdade é que eu amaldiçoei-me por ser o que sou, por ser como sou e por, consequentemente, gostar dele. A verdade é que verti mais lágrimas por ele no último ano do que na minha vida toda. A verdade é que eu não gosto dele ao acaso, porque se assim fosse nunca me tinha exposto a isto. Se tivesse havido liberdade de escolha, eu nunca teria escolhido o Hugo porque sei que seria o melhor para ambos. A verdade é que eu sinto que esta é uma causa perdida.
As pessoas costumam dizer que o tempo cura tudo. E eu acreditei nisso. Quis tanto acreditar. Tive muita esperança no tempo e estava convicto que ele estava do meu lado. Esquecer o Hugo foi aquilo que mais desejei, a seguir a ele próprio. E isto é a mais pura das verdades. Mas o tempo nunca foi meu aliado, enganou-me e parece que agora a minha paixão está mais ardente do que nunca. Imaginem só o meu desespero quando percebi que o tempo não ia resolver coisíssima nenhuma…
Foi uma escolha ter nascido com um sexo e num corpo com os quais não me identifico? Não. Foi uma escolha apaixonar-me por um rapaz heterossexual? Não. Foi uma escolha sofrer por causa disto tudo? Com certeza que não. Se não foi uma escolha, por que é que este rapaz não me aceita e nem faz um mínimo para compreender? Mereço ser punido por algo de que não tenho a culpa? Até que ponto isso é justo?
A minha dor inflama, enquanto ele segue o seu caminho. E eu sei, eu sinto, que ele está feliz. Mais cedo ou mais tarde, vou ter de me atravessar à frente do caminho dele, sem medo ou vergonha, numa tentativa de me libertar de uma vez por todas. Não é uma escolha, nunca foi.

Arrependimento

Há uma coisa da qual tenho de falar ou então explodo. Preciso de me livrar disto, de ficar com a consciência tranquila. Não sou pessoa de me arrepender. Gosto de pensar que sou uma pessoa determinada e que nunca olho para trás depois das atitudes que tomo e dos caminhos que sigo. Isso sempre foi uma das minhas teorias de vida. Tenho andado estes dias a reflectir sobre os últimos acontecimentos. E embora me tenha apetecido falar disto mais cedo, não consegui. As palavras não saíam. O arrependimento estava a bloquear-me e tem-me atormentado nos últimos dias.
Fiz um exame de melhoria de nota na semana passada e depois disso só me falta adquirir o certificado de licenciatura. Naquele dia senti que não pertencia mais àquela faculdade, que a missão tinha sido cumprida e que eu podia finalmente ir embora como tanto tenho desejado ao longo dos últimos meses. Porém, isso era o que eu pensava. Ganhei uma aversão à faculdade que começou a fazer-me mal. Culpei-a por todos os dissabores que ali tive. Eu não estava feliz e não estou feliz e atribuí as culpas todas à faculdade. E isso não foi correcto. Estive mal e agora reconheço isso. Senti hostilidade por parte de colegas em determinadas alturas e tive azar por me apaixonar por um deles, mas fora isso, nada de ruim aconteceu. Agora sinto-me culpado por ter amaldiçoado um sítio que me acolheu durante vários anos. Foi a faculdade que me fez vir morar para Lisboa e passei momentos alegres nesta cidade que jamais esquecerei. Eu vim morar para Lisboa com o propósito de estudar ali. Não era justo eu continuar a culpabilizar a faculdade por coisas que já nem me interessam e que tenho tentado varrer da minha memória.
Naquela tarde, quando saí de lá, depois do exame, senti um vazio enorme e bateram-me saudades. Vieram-me à memória imensos momentos que ali passei. Chorei mais do que aquilo que devia. Já sinto saudades. Foi a faculdade que me abriu os horizontes, que me tornou uma pessoa mais forte. Já não sou mais o menino frágil e indefeso que era quando fui para ali estudar. Eu amadureci ali. E tenho de agradecer a todos os professores e aos muito poucos colegas que se mostraram sempre disponíveis a ajudar-me. Mas agora é tempo de olhar em frente. A vida continua. E quero que este arrependimento passe depressa, porque é um peso muito pesado para suportar.

Beco sem saída

Ando tão nervoso, uma verdadeira pilha de nervos. Dou voltas e voltas à minha cabeça, à procura de uma solução para isto. Parece um caso de vida ou morte. Um ano e meio nesta situação ultrapassou os limites do aceitável. De lá para cá ando a correr, de um lado para o outro, à procura de uma saída. E infelizmente não encontrei nenhuma até agora.
Há tantas coisas que ainda tenho por dizer. No meio disto, felizmente, aconteceu alguma coisa positiva. Estou a um passo de terminar oficialmente a minha licenciatura e espero brevemente poder ir tratar da minha candidatura ao mestrado. Também já tenho em vista o estágio, mas uma coisa de cada vez. E pensar nisto deixa-me desconfortável, porque já não sou a pessoa segura e decidida que fui em tempos. Pelo menos, tenho seguido com a minha vida para a frente.
Mas é óbvio que o Hugo não me sai da cabeça. Não há um dia que eu não me lembre dele, que não visualize o seu rosto na minha imaginação. E porquê, depois deste tempo todo? Não faço ideia. Só sei que ele não me "larga". E quando penso que gosto assim de alguém que não me quer na sua vida, abate-se uma tristeza sem dimensão sobre mim. Não há espaço para mim na vida do Hugo. Nunca houve. Eu não vou criticá-lo, já disse. Cada um escolhe o melhor para a sua vida. Eu só tenho que aceitar e mais nada. Se para ele toda e qualquer pessoa é mais importante e mais merecedora da sua amizade do que eu, o que é que eu hei-de dizer-lhe ou fazer para contrariar isso? Seria incoerente da minha parte. As coisas são como são. Mas ficar neste anonimato também não quero nem vou ficar. Prefiro que nos tornemos inimigos, embora isso nunca vá acontecer porque ele não é assim. Coloquei este rapaz num pedestal de tal maneira que agora ando à procura de uma forma de ganhar relevância na sua vida. Rebaixei-me. Sinto-me humilhado sem o ter sido efectivamente. A humilhação também é algo que me assusta. Eu não vou fazer juízos de valor sobre ninguém que não conheço pessoalmente, mas creio que há ali algumas pessoas à volta dele que não perderiam a oportunidade de me "atacar" com preconceitos mal ele lhes contasse (como já fez anteriormente). E aí reside um grande problema para mim. O medo da humilhação tem estado a impedir-me de ir atrás da única pessoa que até hoje me fez sonhar, gritar de agonia, chorar, tremer e sei lá mais o quê. No fim de contas, esta é a batalha entre o medo da humilhação e o amor que eu sinto. E mesmo que eu sinta que isto não vai dar em nada, eu sei que a minha paixão vai eventualmente ganhar por ser mais forte. Enquanto isso não acontece, não consigo sair deste beco sem saída.

Luz vs Escuridão

Já aqui afirmei uma série de vezes que gosto muito de observar o céu à noite. É das coisas que mais me dá gozo fazer, porque naqueles momentos estou em serenidade total. Numa noite destas estava a ver uma estrela a cintilar que se sobressaía das outras e pensei que ela já podia não existir, que já podia ter-se extinguido e que a sua luz viajava pelo universo há milhões e milhões de anos. E depois isso fez-me pensar que na vida tudo tem um fim. Tudo começa e tudo acaba. No meio, cabe-nos a nós encontrar o equilíbrio. Procuro por esse equilíbrio. Mais do que isso, preciso dele. Há momentos em que me sinto como um desses artistas de circo, que atravessam as cordas lá em cima e então sinto-me prestes a cair por não conseguir encontrar esse equilíbrio. Nem podia encontrar com o rumo que as coisas têm tomado. A bem dizer a minha vida é um circo, mas não um desses divertidos. É mais um circo dos horrores em que eu sou a atracção principal. Parece que tenho sempre alguém a rir-se de mim nas minhas costas, que acha piada à minha desgraça, quando eu tento desesperadamente mostrar a todo o custo que está tudo bem comigo. Faz parte da farsa.
O Hugo foi a minha luz e a minha escuridão. Para mim ele representa essa dualidade. Representa o bem e o mal. Fez-me imaginar coisas extraordinárias que eu nunca pensei imaginar, iluminou o meu mundo monótono e cinzento. Mas depois fez-me sofrer como ninguém o fez e o meu mundo mergulhou numa escuridão eterna. Ele disse-me indirectamente que o mundo continua a girar, que não podia haver uma aproximação entre nós e que cada um segue o seu caminho. Foi desta maneira que eu interpretei o que me foi dito por ele há um ano atrás. O meu sonho terminou mesmo antes de ter começado. Será isso possível?
Não consigo largar a questão, porque gosto dele demasiado. É como se eu me tivesse apaixonado inescapavelmente por ele. É como se eu tivesse sido hipnotizado e não conseguisse sair deste transe. Ao menos fiquei com a certeza que isto não era uma paixoneta irrelevante. Cresci finalmente e já consigo amar alguém incondicionalmente. Creio que o amor é isso. Mas nem tudo são rosas. Enquanto gosto dele, ponho-me a imaginar coisas horríveis. Mesmo não indo ao perfil dele no Facebook há meses, por precisar de afastar-me, de vez em quando lembro-me dele e de quem o rodeia e de como ele se relaciona com aquela gente toda. Ponho-me a imaginar as raparigas com quem ele tem tido contacto ao longo destes últimos meses. Acho que é inevitável pensar nisto, mesmo que isto me faça profundamente mal. Eu nunca poderei competir com isso. Nunca poderei ser o que não sou, nunca poderei ser o que ele gosta, o que ele quer. Eu nunca vou ser uma delas. É trágico demais! Mas fico feliz por finalmente ter conseguido dizer isto. Finalmente! Estou a começar a enfrentar as coisas tal e qual como elas são, estou a começar deixar de sentir vergonha do que sinto. Porém, não adianta. Não adiantava nem que eu me pintasse de ouro. Para ele vou representar sempre um acidente de percurso, tanto que ele até mencionou o facto de isto tudo poder ser uma "brincadeira". Só por eu ser um rapaz que eventualmente se impressionou por ele? Será que ele só se vai lembrar de mim, daqui a uns tempos, como uma simples piada? Será que nenhuma das inúmeras lágrimas que eu verti por ele contou? Será que ele me respeita, a mim e às minhas lágrimas?
Estou cansado de querer o impossível, de esperar sem alcançar, de temer, no fundo, de viver.