Sonho vs Realidade

Ontem à noite dei por mim a chorar sentado no chão na casa-de-banho. Nada mais decadente. É provável que esteja em depressão. Vejamos os sintomas:

Perda de energia ou interesse
Humor deprimido
Dificuldade de concentração
Alterações do apetite e do sono
Lentificação das actividades físicas e mentais
Sentimento de pesar ou fracasso

Assinalei os sintomas mais evidentes em mim. Esta é a minha nova realidade. Sonhei, voei alto e a queda foi enorme. Quando dei por mim, estava devastado. Sinto que fracassei, embora haja quem me tenho dito que não. Ora durmo muito, ora durmo pouco. Para fazer seja o que for levo imenso tempo, porque a vontade e a força já não são muitas. Se eu tivesse visto numa bola de cristal, há cerca de um ano, o que me iria acontecer eu provavelmente nem iria acreditar.
Não me recordo bem se já o disse, mas quando me interessei pelo H. na altura eu não estava bem ciente disso. Eu sabia que ele me atraía, que eu não tirava os olhos dele, mas era só isso. Depois, na minha cabeça, comecei a imaginar mil e uma coisas. O sonho passou a fazer parte do meu quotidiano. Admito que foi arriscado e paguei um preço bem alto por isso. Quando dei por mim, tinha me apaixonado. Estive meses a ponderar o que fazer. Até que decidi correr atrás do meu grande sonho e ele foi me negado. E penso que me foi negado pelo simples facto de eu representar um estereótipo e não por aquilo que eu realmente sou. Afinal, eu procurava somente uma amizade, nem mais nem menos. Foi esse sonho que levou à minha ruína. Tenho de admitir que fiquei 1000 vezes pior depois de lhe ter contado e de me ter deparado com a posição dele em relação a mim. Mas se tivesse ficado em silêncio até hoje não saberia nada de nada por isso não me arrependo. O sonho começou a tornar-se rapidamente num pesadelo. Ainda envolvi uma pessoa que conhecemos em comum, como já tinha dito, mas não achei certo chatear terceiros e desisti da ideia. Tudo começou a deixar de fazer sentido para mim. Estávamos nos meses de Maio e Junho. Eu era uma pessoa fútil e até arrogante. Deixei de dar importância a certas coisas por causa disso e modifiquei-me. Não há roupa ou objecto neste mundo que valha tanto ou mais do que o meu sentimento por ele. Este Verão foi o pior de sempre. Foi raro o dia em que não tenha chorado e poucos aqueles em que me diverti. Estou farto de dramatizar, mas esta é a realidade. Sou uma pessoa melancólica. O meu dia-a-dia tornou-se um inferno. Faz pouco sentido para mim viver assim. A minha realidade é mais um pesadelo do qual não consigo acordar do que outra coisa. Receio que não consiga livrar-me disto facilmente. Não quero fazer-me de vítima, mas honestamente não me sinto bem. Apelar aos sentimentos dele não me parece que funcione. Tenho medo de enfurecê-lo. Mas também não sei o que mais possa fazer. Eu pergunto-me quantas pessoas existirão no mundo que gostem incondicionalmente de outra pessoa tanto como eu gosto dele... Não muitas, parece-me a resposta. Dou conta de que isso parece não chegar. Sinto que tenho de lhe provar algo para merecer a confiança dele. Sinceramente, ainda não percebi se o irrito ou assusto. Seja lá o que for, resta-me humildemente ansiar por dias melhores. Gostar/amar é a coisa mais natural do mundo, mas por alguma razão sinto-me como a cometer um crime. Sabe-se lá porquê! O passar do tempo não ajuda. Costuma dizer-se que o tempo é nosso amigo, mas no meu caso parece aumentar cada mais o meu sofrimento e as saudades. Sinto-me patético a confessar isto e assombrosamente só, à beira do precipício . :'(

O meu mundo, as minhas batalhas

Quem segue o blogue poderá ter denotado a minha ausência prolongada. Explica-se pelo facto de me ter sentido pouco à vontade. Em relação a quê? Nem eu sei bem, mas saber que o H. agora tem acesso ao meu espaço, a este espaço, constrange-me de certo modo. É uma sensação forte, mas não é inédita. Ainda agora estou a tremer enquanto digito.
Continuando, mais um ano lectivo, mais uma luta. Sinceramente, não estou nem um pouco interessado mas tem de ser. Já aqui disse, o último ano lectivo foi um desastre, não fui capaz de separar as coisas. Fiz uma grande mistura, deixei-me afectar. E isso foi errado da minha parte. Mas com os erros aprende-se. E eu acho que aprendi e agora vou continuar a minha luta académica. As coisas este ano vão ser tão diferentes. Aquela faculdade está cheia de recordações. Eu cada vez que que vejo o espaço exterior, que entro por aquela porta de entrada, que ando naqueles corredores, tudo, tudo me faz lembrar ele. E este ano são mesmo só lembranças. Pode ser que isso me permita concentrar mais. Tento encontrar o lado positivo das coisas. Embora, no fundo, eu não vejo nada de bom nisso. Outra batalha da minha vida está relacionada precisamente com ele. É como se eu tivesse ido para uma batalha que já estava perdida. Não tive hipóteses de lutar por aquilo que queria. Questiono-me se fosse outra pessoa se ele lhe daria ao menos o benefício da dúvida. Será que o problema sou eu? Será que há alguma coisa de errado comigo? :(
O tempo passa, a vida prossegue, tudo evolui, tudo muda, excepto esta minha paixão. E cada vez que me lembro que vai fazer um ano em Outubro que surgiu o primeiro interesse nele, e como eu tenho aguentado e de pensar quanto mais vou aguentar, entristece-me mas acima de tudo assusta-me. Assusta-me pensar que posso gostar mais de outra pessoa do que de mim, eu que sempre tive um ego do tamanho do mundo. Oxalá eu tivesse tido alguém no passado que gostasse de mim, como eu gosto dele. Sinto alguma revolta por isto ter acontecido, uma situação sem culpados e só com vítimas, as vítimas do destino. Gostaria de recuar no tempo, ser aquele adolescente feliz e sem problemas que eu era, com uma vida calma e sã. Hoje sou uma pessoa totalmente diferente. Moldei-me às circunstâncias. Mata-me perceber que não posso fazer nada, ou mais nada, que estou à mercê de alguém que pouca estima sente por mim, sejam quansi forem as razões. Magoa-me a valer. Ver todos felizes ao meu redor faz-me sentir num mundo só meu. Não me sinto pertencente a este mundo, sinto-me a caminhar num mundo vazio, sem nada nem ninguém, apenas com um longo caminho a percorrer à minha frente. Queria parar, mas não pude. Quero continuar, mas não consigo. As forças vão-se. Eu só peço a Deus, ou o quer que seja que tome conta disto tudo, que nunca ignore todas as lágrimas que derramei nos quase 12 meses mais recentes da minha vida. A minha paixão e o meu sofrimento também são as duas maiores certezas que tenho. Agora não sei é se terei forças suficientes para continuar a caminhar e sair do meu mundo de infelicidade, desilusão e dor e voltar ao mundo real para batalhar. E apesar de sentir imensa vergonha, embora não o devesse, estas foram as palavras de alguém desesperadamente apaixonado.

Deixo uma música do compositor Thomas Newman chamada "That Next Place". Ouço-a sempre à noite. Ajuda-me a reflectir.

Com receios, mas sem grandes arrependimentos

Ontem e hoje foram dois dias de bastante reflexão. A minha tristeza andou inexplicavelmente adormecida até há poucos dias. Mas ultimamente tenho ouvido certas músicas, deitei-me e pus-me a pensar em tantas coisas. Acabei por chorar. Na verdade, estou cansado de verter lágrimas quando não quero chorar, estou cansado de sonhar sem ter um objectivo concretizado à vista, estou cansado de comer quando não tenho apetite, estou cansado de me rir entre amigos quando o que me apetece é chorar, estou cansado de ter de acordar todos os dias quando o que quero é dormir ininterruptamente, estou cansado de nostalgia e de recordar tempos e eventos que nunca mais vou experienciar, estou cansado de ter receio do futuro quando é isso que me espera, estou cansado de dizer “nada” quando a minha mãe me pergunta o que tenho, estou cansado de fingir quando quero parar de o fazer, estou cansado de viver quando o que quero é desaparecer. Tudo devido a uma desilusão por ter vindo a sentir algo significativo por uma pessoa que me desprezou, tendo em conta todo o impacto negativo que isso teve em mim. Porém, não me arrependo. O preço que paguei e tenho pago é elevado, mas nunca me arrependi. Nunca me arrependi de me ter apaixonado, nunca me arrependi de ter sonhado. Talvez haja uma coisa que me faça arrepender, em parte. Se calhar, ainda não sei bem, arrependi-me de ter contado o que sentia por ele a uma pessoa que ambos conhecemos em comum. Tenho a certeza que essa pessoa não lhe vai contar nada, seja em que circunstância for, aliás até já me aconselhou, mas se fosse hoje talvez não lhe tivesse contado. Cada vez é mais difícil para mim confiar em quem quer que seja. Mas agora já está e não há nada a fazer em relação a isso.
A lua, as estrelas e a noite têm sido as minhas companhias, no meu mar de solidão que cada vez mais parece aumentar de tamanho. Sofro sim, tenho receios sim, mas sem grandes arrependimentos.

Sonhar não é proíbido

Hoje foi um dia em que pensei muito. Pensei acerca de tudo o que me aconteceu, os azares na minha vida, o assalto, as disputas familiares, o afastamento dos amigos. Tudo deitou-me abaixo, mas tenho de ser forte. As estrelas brilham na escuridão. Apesar de estar mal, sei que posso ficar bem. Tudo tem solução.
Depois do assalto, tive de comprar tudo o que me foi roubado, como é óbvio. Senti uma disputa entre os meus pais (divorciados). Parecia que um queria dar mais do que o outro. Eu realmente não tenho paciência para isso e entristeceu-me. Entristece-me saber que as duas pessoas que me puseram no mundo não se suportam. Entristece-me saber também que não posso contar com muitos amigos e que o afastamento de alguns foi inevitável ao longo dos tempos. O assalto deixou-me ainda mais vulnerável. Ando com medo de andar na rua. É tudo muito recente. Em relação ao H., ele já foi informado sobre o meu blogue e sobre o assalto também. Senti que tinha de o fazer, mesmo que isso não lhe agrade. Quero acreditar que a minha vida vai melhorar. Sonhar não é proíbido.

Assaltado, arrasado

Se eu já me sentia a pessoa mais infeliz do mundo, agora nem sei. Na noite passada fui assaltado aqui em Lisboa, não muito longe de casa (facto que me assusta ainda mais). No príncipio nem percebi, mas acabou por revelar-se um assalto. E já é a segunda vez, infelizmente. A certa altura vejo mais gente na rua, acabei por resistir para chamar a atenção e as coisas pioraram. No fim, o ladrão acabou por levar a minha mochila com todos os bens materiais que mais uso. O prejuízo é enorme. Acabo por perceber que não vale a pena andar com coisas de tanto valor e que a minha futilidade sai cara. Acaba sempre por aparecer alguém e levar o que não lhe pertence. Sinto-me arrasado, não só pelas perdas materiais, mas também pela situação. Ao resistir eu podia ter-me dado mal. Podia nem estar aqui agora a falar. Vi a minha vida por um fio. Estava tão nervoso que nem consegui raciocionar. Quando ia a fugir, vi o assaltante a correr na rua para a qual me dirigia. Corri e saí dali, desesperadamente. Só parei quando cheguei em casa. No fim, acabei por ser ajudado por pessoas que desprezei no passado e senti-me mal por isso. Ironia do destino. E assim denoto que algo vai mal na minha vida. Só queria acordar deste pesadelo que se revela bem real. O H. vai acabar por ser informado, mas não é minha pretensão que ele sinta pena.

A história; pensamentos/desabafos

São três da madrugada e resolvi escrever. Hoje a meio da tarde fiquei muito nervoso por causa do H. e acabei por dar um passeio nocturno para me distrair.
A questão é que a minha situação tornou-se insustentável. Psicologicamente, sinto-me exausto. Este assunto atormenta-me há meses e desde então que o meu raciocínio intelectual ficou afectado (vide o caso da faculdade). Eu já aqui disse uma vez penso eu, e repito: preciso desesperadamente de uma solução para a minha vida e começo a crer que também preciso de acompanhamento psicológico. Não posso nem consigo viver bem desta maneira. Portanto, tenho de tentar contornar isto. Aproxima-se a hora de mais uma investida. Mas porque é que desta vez correria bem? Pois, eu acho que não correrá mas isso sou eu que já sou pessimista por natureza. Acontece que a a minha situação evoluiu e eu resolvi criar um blogue onde desabafo. Não é algo inovador, mas é pessoal. Sou uma pessoa como outra qualquer, vi-me sozinho e desamparado e isto foi uma forma de lidar com a situação com a qual realmente não sei lidar. Dito isto, pretendo mostra-lhe o blogue, que aliás é sobre ele, basicamente. Pode não gostar, pode ficar furioso, ou desconfortável, ou triste, ou até indiferente. Mas eu precisei disto. E preciso. Fui eu quem se enfiou no quarto a chorar em silêncio para que ninguém percebesse o que se passa. Fui eu que me afastei de pessoas que sempre me quiserem bem. Fui eu que me lixei nos estudos. Eu! E, apesar de em tempos pensar que tinha o que merecia (por ter-me apaixonado sem pedir licença, mais ou menos isto), acho agora injusto. A culpa até pode ser minha, fui eu que procurei isto. Mas custará tanto estender a mão a alguém que lhe quer tanto bem? Falando dos amigos, notei que tem vários. Eu não gosto menos dele que os seus amigos, ele pode ter a certeza disso. No entanto, não tenho direito a pertencer ao mesmo leque. Eu queria entender porquê. O porquê desta frieza, deste desprezo. Eu não o posso odiar por isso. No fundo, fui eu que procurei isto tudo, como disse atrás. Mas ficou difícil para mim. Ele aparecia-me à frente regularmente. E eu até a hoje não sei explicar nem o como aconteceu nem o porquê do que sinto, porque não lidei com ele pessoalemente. Honestamente, não me sinto mais com forças para continuar seja o que for. É duro aceitar que todos para ele têm valor, menos eu. Eu não consigo aceitar. Isso mata-me. Não sei e não consigo lidar com isso. Não fui feito para isso. Por ter nascido assim é que ele despreza-me. E se calhar nesta altura alguns perguntam-se... Mas o que há de errado comigo? Eu acho que nada. Dizem-me "Torna-te modelo. Podias sê-lo". No entanto, sempre tive uma baixa auto-estima por ser como sou. Sempre me fui abaixo com as opinões dos outros. Não entendo o motivo que leva as pessoas quererem destruir o próximo. Sempre sofri com o preconceito e não me estou a fazer de coitadinho. Sofri na pele, mas venci várias batalhas também. Provei muitas vezes que estavam errados a meu respeito. Que não sou tão mau como julgam. Que não sou só aquilo que aparento. De resto, é o que se faz sempre: tira-se uma conclusão acerca de alguém através do que esse alguém aparenta ser e do que representa e não através do que ele é de verdade. Parece que não consigo provar nada a quem mais me interessa. Sinto-me um fracasso. Não tive oportunidade de diálogo, de explicar, nada. Sinto-me censurado por amar. Sinto-me a arder como uma chama, a afogar-me num oceano imenso, sinto-me torturado psicologicamente. É como se eu me estivesse a afogar e ele não me tivesse estendido a mão para me salvar propositadamente. Eu às vezes questiono-me acerca da justiça que existe no mundo, não só em relação a mim é claro. Mas existirá ela? E quando é que surge? Mereço ser condenado por amar? Será que não consigo transformar uma pessoa, esclarecê-la e mostrar-lhe o outro lado? Será que tenho de sofrer o resto da minha vida por simplesmente amar? Será que não tenho esse direito como qualquer um?
Uma vez disseram-me uma coisa muito interessante e tenho pena de já não contactar com essa pessoa. Disse-me que "O céu podia ser verde, mas é azul". Aquela frase ficou desde então no meu pensamento. Eu fico a pensar que as coisas podem sempre acontecer de um jeito, mas há sempre outra alternativa, um outro caminho, uma outra face dos acontecimentos. Que somos nós que fazemos as escolhas, que traçamos os nossos destinos. Neste caso, eu não escolhi amar, admito. Não quis porque sabia que sofreria. Lutei contra isso. Falhei nesse aspecto. Não fui suficientemente forte, calculo. Agora, resta-me sonhar e tentar mostrar o tal "outro lado", mostrar-lhe que eu não sou só aquilo de mau que ele pensa que eu sou. Eu também tenho qualidades, mesmo que isso nunca lhe tenha ocorrido.
E confesso: eu estou envergonhado, nervoso, assustado, desesperado. Como disse, não sei lidar com isto .Eu quis desistir, mas não tive força suficiente. O vazio invadia-me sempre que pensava sobre isso. Eu não sei explicar. Poucos serão aqueles que vão perceber isso. Um dos meus maiores sonhos é que ele possa entender-me um dia, que me dê oportunidade de falar, e depois decida o seu caminho. Eu não posso fazer mais do que isto. Eu cheguei ao meu limite. A partir daqui, o destino fica nas mãos de Deus, a quem eu tenho recorrido regularmente. Porque é que será que eu tenho vergonha disto tudo que acabei de dizer? Que mal terei eu feito para merecer isto? Porque é que será que tenho medo dele e do que ele possa pensar disto quando ler? Não sei responder. Sinto-me como um criminoso. É como se estivesse a fazer algo de ilegal. Sinto-me realmente assim. O SENTIMENTO MAIS PURO QUE HÁ NO MUNDO FAZ-ME SENRTIR CULPADO E ENVERGONHADO. E isto custou-me tanto dizer que é impossível conter as lágrimas. Alguém havia comentado aqui no blogue que oxalá tivesse alguém que o/a amasse assim tanto. Digo-te: também eu. Acredita. Não é fácil amar incondicionalmente sem retorno. Sinto-me como um barco à deriva no mar, como um cometa descontrolado a atravessar o Universo. Perdi o rumo. Deixei de ter gostos que me cativem a valer. Posso afirmar que sou uma pessoa diferente daquela que era há cerca de 10 meses atrás. Afirmo-o com muita tristeza. Nunca pensei chorar na rua, esconder o rosto para não me verem naquele estado; nunca pensei deixar amigos pendurados à minha espera uma noite inteira sem dizer o motivo; nunca pensei deixar de comer por estar infeliz; nunca pensei em sofrer assim. Resta-me humildemente esperar que o pesadelo termine.

O passeio de sábado à noite

Era sábado à noite e eu tinha um jantar marcado, com amigos, e à última hora resolvi não ir e não disse nada a ninguém. Vem do meu feitio. Talvez não tenha agido bem, mas eu sou assim. O que aconteceu é que depois de na sexta-feira à noite ter-me surgido o sentimento de culpa em relação à faculdade e também uma tristeza em relação ao H., pus-me a pensar em mil e uma coisas e e deixei de ter vontade para fazer o fosse o que fosse. Então, obviamente, não estava com espírito nenhum para sair. No entanto, saí. Não me apetecia ficar em casa, mas também não estava com clima festivo. Sem dizer nada a ninguém, fui passear pela cidade e acabei por me sentar num jardim e fiquei ali sozinho naquele espaço. Ouvindo músicas tristes, acabei por chorar ali mesmo. Do outro lado da cidade estava o pessoal em plena festa, sem sequer imaginarem como eu estava ou o que estava a fazer. Pouco me importou. Não fui capaz de fingir mais uma noite. Disse a mim mesmo que chega de fingir. Se não estava bem, não estava e ponto final. Acabei por caminhar bastante, dei uma grande volta, espaireci até que cheguei a casa era cerca de meia-noite. Naquela noite, usufruí de um momento só meu, ainda que triste. Fui eu, os meus pensamentos e a noite, mais nada nem ninguém. Cheguei a casa não muito melhor, mas pelo menos estava calmo. Desde então, não me sinto muito melhor. Sinto-me até com medo do que vem por aí...

Destroçado, triste, arrependido

OK, tive de me acalmar para conseguir redigir. Tive um súbito ataque de choro nesta noite. Sinto-me destroçado. Arrependi-me em relação a algumas coisas. Primeiro, foi por me ter apaixonado. Percebo há já vários meses que isso não me trouxe bons resultados. Mas com outro ano lectivo à porta bateu um sentimento de culpa em relação à faculdade. Eu desleixei-me. As minhas notas foram horríveis. Não queria sentir-me assim. Sei que sou humano e que posso errar como qualquer um. Mas isto agora assombra-me. E ele, o H., já lá não vai estar. Ao contrário de mim, ele terminou o curso. Ele seguiu em frente. Pouco se importou como eu fiquei depois de lhe contar. Eu nem sequer me posso queixar. A culpa é toda minha. Quem gosta sou eu, eu que sofra. Certo? Fui eu que fiquei destroçado, que chorei noites a fio em vez de estudar, etc. À conta disto tudo, desleixei-me com os estudos, afastei-me de pessoas que provavelmente estariam lá a apoiar-me, mas mesmo assim decidi afastar-me por não saber lidar com isto e ainda tive de omitir coisas à minha mãe que sempre apostou na minha formação e o meu medo de a desiludir é enorme. Acontece que não sou perfeito, errei, sofri e aqui estou. E se as lágrimas me escorrem agora pelo rosto é um problema meu e ninguém vai poder poupar-me disso. A tristeza neste momento invade-me sem pedir licença. Se pudesse voltar um ano atrás, não hesitava. Voltaria. Não estaria apaixonado por alguém que não me percebe, estaria disposto a licensiar-me com toda a força e ânimo. Enfim, eu era uma pessoa completamente diferente: forte, decidido, sonhador, ambicioso. Agora acrescento a essa lista "arrependido".

Deixo uns versos de uma música da Mariah Carey, que me parecem oportunos. Será que afinal isto tudo não é em vão? Que há uma razão de ser? Que ele se tocaria com a minha situação e seria capaz de chorar por mim se soubesse acerca de todo este sofrimento que me atormenta? Se soubesse que eu me afogaria ou sufocaria? Não se sabe. Enquanto isso, não tenho grandes perspectivas. Apenas apetece-me chorar, dormir e sonhar, para já.

It's a shame you don't know me at all

I was wondering would you cry for me
If I told you that I couldn't breathe
If I was drowning, suffocating
If I told you that I couldn't breathe


Como um vidro a rachar...

Ultimamente, tenho-me sentido como vidro a rachar, prestes a quebrar. Tenha tanta coisa na cabeça. Para mim os dias são como uma desculpa para viver. Vivo por viver. Não vivo por prazer. Não acordo com vontade de fazer isto ou aquilo. Não vou deitar-me a pensar no dia espectacular que tive, que nunca cheguei a ter. Não se passa nada de interessante na minha vida há tanto tempo. Sinto-me incompleto. Falta-me o mais importante. E eu não posso viver como se estivesse tudo bem na minha vida quando não está, porque sinto a falta dele.
Para mim o vidro a rachar simboliza o não aguentar mais esta solidão, esta dor de perda, esta angústia da distância, este medo da rejeição. Magoa tanto quando olho em volta e vejo todos felizes. Não por inveja, porque eu adoro verdadeiramente os meus amigos. Mas magoa-me ver que todos amam e são amados, e eu só consegui atingir o primeiro critério mencionado do amor. Falhei ao tentar surpreender, impressionar, o que seja, a pessoa que mais adoro no mundo.
Receio que ele nunca (palavra meio forte) me venha a compreender, ou pelo menos que venha a demorar a fazê-lo. Enquanto isso eu perco as forças. Sinto-me como um barco a afundar, como um vidro a rachar.

Sentimento de culpa ou direito a amar?

Esta é uma questão que me tem apoquentado imenso. Depois de eu ter revelado o que sentia ao H., e percebendo o jeito como ele ficou e me tratou, uma ideia ficou a martelar na minha cabeça após isso: teria feito bem ou era um direito meu contar-lhe? Dias, semanas, meses passaram e eu continuo com isto a rondar-me. Será que devo culpabilizar-me por me ter apaixonado por uma pessoa que à partida não quer saber de mim nem pintado de ouro ou tenho direito a amá-lo como qualquer outra pessoa e lutar por ele? Eu quero respostas. Eu preciso de repostas. Preciso de um rumo. Ele não pode proibir-me de gostar dele, mas e eu como é que fico no meio disto? Culpo-me, por sentir que o deixo desconfortável, confuso ou sei lá o quê embora ele disfarce e tenha sido frio comigo, tentando esconder isso... Eu desespero com isto. Eu confesso que já pedi a Deus ajuda. Já Lhe pedi uma explicação, um porquê para isto ter-me acontecido. Os sonhos só me confundem mais ainda.
Concluindo, e num discurso meio atrapalhado bem sei, eu não consigo deixar de evitar em sentir-me culpado. A culpa foi minha, fui eu que olhei para ele, fui eu que me interessei por ele, fui eu que me apaixonei. Mas sei também que sou um ser humano, tenho o direito a amar e não há nada de errado nisso, penso eu. Amar é das maiores beldades que existe. Oxalá ele um dia perceba isso e me perdoe qualquer coisa. Não tenho culpa de amar. :(