Uma decisão tomada

Este fim-de semana foi muito calmo. Optei por passar mais tempo em casa, descansei, reflecti. No sábado à noite foi quando estive pior. Passei a noite praticamente em claro, a chorar e a pensar. Desta vez chorei não só pela situação que se gerou, mas por este impasse em que me envolvi. Eu preciso urgentemente de me revelar ao Hugo, sem jogos ou disfarces e de uma vez por todas. Ele tem de saber. Não faz sentido nenhum eu ter passado por esta aflição durante meses e não fazer o mais importante. Mas sofro por não ter coragem para o fazer. Acontece que peocupa-me a reacção. Tenho medo que ele me desiluda e faça algo que me magoe a sério. Tenho medo da humilhação...Não posso ignorar outros factores, como as pessoas que estão ao redor dele. Ele confia mais nelas do que em mim, o que é normal embora me doa. Já aqui disse que alguns desses amigos preferiram fazer troça de alguém que nem sequer conhecem. Eu faço um esforço enorme para entender a mente humana, mas não chego a nenhuma conclusão em concreto. Não percebo porque é que ele teve de me expôr naquela vez. Talvez porque não acreditou, porque não confiou. Acho que esse é um dos obstáculos no meio disto tudo. A desconfiança e, também, a intolerância. Eu entrei a arrasar nisto, a contar logo tudo o que sentia e ele assustou-se e "escondeu-se" atrás dos tais amigos que tinha por perto, naquela altura. Compreendo isso. Mas ao fazê-lo ele esqueceu-se de um pormenor: que poderia estar a magoar uma pessoa que verdadeiramente gostava dele. Acho também que faltou diálogo, que a comunicação falhou. De um lado, temos uma pessoa que quis agir como se isto não tivesse nada que ver consigo, que quis fugir da situação; do outro lado, temos outra pessoa que queria diálogo, que queria aparecer mas que ao mesmo tempo morria de medo da tal humilhação. E na vida nós só podemos controlar as nossas próprias escolhas. Não podemos pensar pelos outros. Eu posso ter feito coisas mal e fi-las incorrectamente, reconheço. Mas a forma como o Hugo agiu foi imatura, mas percebo porque assim o fez. Apesar da imaturidade, eu continuei a ver o grande ser humano que ele é. No meio desta fatalidade, ele nunca me ofendeu, nunca me humilhou, nunca me gozou (pelo menos directamente). Era muito mais fácil ele proteger-se com preconceito e homofobia e acusar-me. Mas não. Este rapaz nunca chegou a descer tão baixo. Preferiu o silêncio. Fez-me sofrer, não vou dizer que não. Mas da outra forma teria sido brutal. Eu não iria aguentar. E é por isto mesmo que pretendo dar mais um passo. Um passo em direcção ao desconhecido, ao escuro. Não sei o que me aguarda. Ele é boa pessoa, é educado e agrada-me que assim seja. Sem ele perceber, demonstrou-me isso. O grande problema nesta última etapa é mesmo aquilo que o rodeia, as pessoas que estão por perto que, caso ele lhes conte, não hesitarão em atacar-me. Eu sei como funciona. É muito fácil acusar e ser-se mau. O difícil mesmo é compreender e se-se bom, ser-se um bocadinho humano. Estarei eu prestes a tornar-me um alvo a abater? Fica ao critério dele. Depois de saber tudo, fica nas mãos dele se me quer sacrificar ou proteger. Se eu consegui confiar nele, será que ele conseguirá fazer o mesmo?
Isto tudo faz parte dos prós e contras que formam a base da minha decisão. Não é algo que se faça de ânimo leve. Não posso falhar. Trata-se de uma coisa demasiado importante. O meu objectivo primordial sempre foi aproximar-me deste rapaz, sem segundas intenções. Nunca pretendi um relacionamento porque sempre soube que isso seria improvável de acontecer. Pretender isso só me iria fazer pior. Só que ao que parece ele não compreendeu isso e misturou tudo, criando uma ilusão na sua cabeça. Ele está enganado a meu respeito. Quero desfazer esse mal-entendido e depois ele decide o que quer fazer: ter-me longe ou por perto. O momento aproxima-se. Não dá mais para voltar atrás. Só dá para seguir em frente, mas agora não pode haver mesmo falhas. Desta vez, escolhi o meu aniversário, que é no próximo dia 1. Achei oportuno por ser um dia simbólico. Contar-lhe vai ser como um presente. Vai ser algo que me vai aliviar e dar alguma paz de espírito, mas só no futuro imediato porque mais tarde...Nem sei.

Frustração, inveja/ciúmes, dedicação, desilusão, ansiedade, destino

Torna-se cada vez mais insuportável esta sensação que vai dentro de mim, um vazio gigantesco que me vai consumindo. Estou naquele ponto que sei o que é preciso fazer, mas mesmo com tamanha necessidade não tenho coragem. É frustrante. A frustração de saber que o problema está em mim e só em mim, a frustração de saber que tudo o que fiz ou vier a fazer vai ser em vão, a frustração de saber que perdi sem nunca sequer ter ganho nada antes.
Invejo todas as pessoas que fazem parte do dia-a-dia do Hugo, que não têm de lidar nem com o desprezo nem com o preconceito dele. Esta inveja irrita-me, porque eu não tinha de sentir isto. Devia sentir-me superior a isso, mas é impossível. Envolvi-me demasiado. Não consigo evitar de ter ciúmes dele. E verdade seja dita, isso faz-me sentir idiota, mas ao mesmo tempo é algo puro e inocente.
Dediquei largos meses da minha vida a este rapaz; faz praticamente um ano. Isso já não poderei apagar. Aconteceu. Esta dedicação não tem precedentes. Também nunca quis tanto bem a alguém. Nunca pensei que ele se tornasse assim tão importante para mim. Ele está relativamente longe agora, não sei onde ele está propriamente. Acho que nunca soube, psicologicamente falando. Estivemos sempre longe um do outro, a bem dizer. Proximidade física, muitas vezes, não quer dizer nada. Ele está tão presente na minha vida e eu chego à conclusão que sei tão pouco dele. É tão triste a minha vida. Poderia ter sido tudo tão diferente, mas não. Correu tudo da pior forma. Eu sou um daqueles carros de corridas que se despistam a 200 km/h. Sinto-me assim, um desastre, um acidente de percurso. Corri loucamente atrás de algo que nunca poderia adquirir. Quem me dera que assim não fosse. Depois da dedicação vem a desilusão. Tive de aprender a lidar com a última, aquela que me tem massacrado. Ela agora faz tão parte de mim, como o Hugo. Fiz asneira, mas ao menos fico com a certeza de que tentei. Não sou uma máquina. Não pude controlar os meus sentimentos. Nem tanto pude evitar ser como sou. Não posso lutar contra mim, contra a minha essência.
As crises de ansiedade e os problemas de saúde abrandaram um pouco. Contudo, hoje tive um ataque de nervos. Ia numa rua, muito perto de onde o vi na última vez, e vejo ao longe uma pessoa que me parecia ele. O aspecto era tão semelhante. Retirei o telemóvel do bolso para disfarçar aquilo, mas acabei por ver que não era realmente o Hugo. Deu-me um ataque súbito de ansiedade, senti um calor, uma sensação desagradável. Não entendo estes nervos e tão pouco os aguento. Recentemente, descobri um texto que lhe enviei em Setembro, creio eu. Não tinha conhecimento de que ainda detinha tal coisa, mas encontrei-o numa pen drive e agora não resisto em ler e já sei que me vou desmanchar a chorar.
Há coisas que não se explicam. Outras que não se entendem, Eu não só aceitei, como abracei o meu destino. Posso afirmar que vivi a minha vida, que chorei as minhas lágrimas, que sofri o meu sofrimento. Não tentei escapar do caminho que me foi traçado. Enfrentei o que me aconteceu. Lutei, chorei, desesperei, sofri, insisti, perdi. Embora tudo me pareça as trevas, agora consigo ver que também consegui algumas coisas positivas graças a isto. O Hugo ensinou-me mais do que julga. Aprendi que não posso exigir o amor, a amizade, a compreensão, a compaixão de ninguém. Aprendi que sou mais forte do que imaginava, que posso chegar onde nunca pensei que pudesse chegar. Para todos os efeitos, o Hugo deu novos contornos à minha vida. Mostrou-me que sou capaz de gostar de alguém incondicionalmente, que sou capaz de ultrapassar a vergonha para conquistar alguma coisa e que sou capaz de perdoar (porque eu já lhe perdoei esta maldade, mesmo sem ele pedir). Portanto, só tenho a agradecer a um rapaz chamado Hugo Manuel que um dia entrou na minha vida sem avisar e sem ele mesmo saber. Fará parte das minhas memórias até ao fim dos meus dias. Permanecerá como o meu maior sonho e ao mesmo tempo como a minha maior desilusão de sempre.
Sei que o meu discurso parece derrotista e é mesmo. Mas ainda não é tempo desta história acabar. Sinto muito medo de represálias, mas há qualquer coisa que me faz ser persistente. Ainda assim, não tenho esperanças de mais nada, mas como disse não desisti. Ainda há uma coisa a ser feita, mesmo que a aproximação pareça cada vez um tiro no escuro. Só me resta torcer para que a sorte esteja do meu lado, porque o resto não adiantou. E vocês sabem disso, ou este blogue não teria razão de existir.
Estou à deriva, a precisar que me resgatem.

Tempo, coragem, desespero, confiança, destino, incompreensão, lágrimas

Costuma dizer-se que o tempo cura tudo. Eu só posso dizer que quem diz isso está redondamente enganado. Esperar por uma resolução miraculosa, pelo fim dos meus sentimentos pelo Hugo revelou-se uma completa perda de tempo. Com o passar do tempo, tenho a sensação de que ainda gosto mais dele. Não sei se foi a distância que gerou mais saudades, não sei se é por esta ser uma paixão autêntica, não sei. Sei que o que sinto aumentou. Sei que gosto mais dele agora do que há 5 meses atrás, por exemplo. Sinto isso, mas não sei explicar detalhadamente porquê. O tempo revelou-se um inimigo. É algo com que luto diariamente, mas esta é uma guerra perdida mesmo antes de começar. O tempo é sábio e soberano. Ele sabe o que faz e eu não posso simplesmente contrariá-lo. Se ainda não aconteceu nada, é porque não era o seu tempo de acontecer. Se ainda não tive coragem para lhe contar quem realmente sou, é porque ainda não foi tempo para isso
Falta-me coragem. Falta-me coragem para ser o centro das atenções. Falta-me coragem para sair do escuro. Falta-me coragem, basicamente, para pelo menos tentar ser feliz. E enquanto a coragem parece diminuir, aumenta o desespero. O desespero é um outro grande inimigo meu. Na minha mente nem sequer se coloca a possibilidade de ele não me dar uma chance de lhe explicar tudo, ponto por ponto. Eu desespero pela coragem que se me quer escapar. Desespero por uma oportunidade de provar que o que sinto é verdadeiro e, principalmente, que o que sinto é inocente. Desespero por uma oportunidade de tentar reverter o rumo da situação a meu favor. Mas eu não posso trepar uma parede sem fim. Preciso de algo do outro lado. Preciso que haja confiança por parte dele. Se o Hugo confiasse em mim, ele veria que eu mereço uma oportunidade. E estou a falar de uma oportunidade de fazer parte da vida dele. Eu nunca lhe pedi grande coisa. Às vezes, queria que a minha vida fosse uma cassete e que existisse um botão para rebobinar, de maneira a eu poder modificar certos eventos passados. Mas ninguém pode andar para trás. Passado é passado. A maneira como eu abordei este rapaz, pela primeira vez, não foi a melhor. Hoje admito isso, aqui. Entrei logo a arrasar, a dizer "amo-te" e coisas do género. Assustei-o, afastei-o de mim, sem perceber isso, naquela época. Não me arrependo. Disse o que me ia na alma. Mas a paixão cegou-me e não me deixou ver que aquele não era o caminho certo. Que eu deveria ter seguido por uma via mais branda e segura. Acabei por ser gozado por pessoas próximas dele, a quem ele fez questão de contar. O resultado foi, por assim dizer, desastroso e até hoje não andei um mílimetro sequer em direcção à resolução deste problema, uma vez que o Hugo continua irredutível.
Eu aceito, de cabeça erguida, o cruel destino que Deus me designou. Era e teria que ser assim. E por falar em destino, hoje aconteceu-me mais uma coisa a que me recuso de chamar "coincidência". Como vos disse, eu já sei que ele está a trabalhar/estagiar. Eu não tenho grandes detalhes acerca disso, por razões óbvias, mas se ele está mesmo empregado onde eu julgo que ele está, passei hoje à tarde mesmo lá em frente. Eu ia no carro, com mais duas pessoas (que iam a conversar bastante), e dirigiamo-nos para o centro de Lisboa. Passámos pela Avenida da Liberdade. Eu quando vi o tal sítio, deixei simplesmente de ouvir e não vi mais nada senão aquilo. Lembro-me de dizer para mim "Não acredito que isto me está a acontecer!". Já não me recordava que aquele edíficio se situava ali e foi uma grande surpresa para mim. No preciso momento em que eu estava a olhar para o que me rodeava vejo o edífcio. Eu não queria acreditar! Se ele me despreza assim, porque é que ele está sempre a aparecer-me à frente? Mas que raio de destino é o meu!?
A incompreensão dele choca-me, mas não me surpreende. Eu já lhe pedi para ele se colocar no meu lugar, e eu acho que ele fê-lo. Simplesmente, não adiantou. Não é fácil para uma pessoa aceitar uma outra que aparece do nada. E não é só isso, mas prefiro não enunciar claramente o outro motivo, pelo menos agora, porque ele não é homofóbico. Sei que não. Sinto e vejo naquele olhar que ele não é. Se sentisse que fosse, nunca teria andado com isto para a frente. E no meio deste turbilhão de emoções, e de azar, em que me vejo envolvido, as minhas lágrimas continuam a escorrer pelo meu rosto. Nunca chorei tanto por alguém. Não há truque de maquilhagem que apague o que me vai na alma. Posso tapar este rosto de choro, disfarçar estas olheiras das noites sem sono, mas nada apaga o que sinto cá dentro. Os meus olhos ardem de tanto chorar. A noite para mim é traiçoeira. Ela é calma, mas de repente dá-me um golpe e põe-me a chorar. Quando estou sozinho, como agora enquanto escrevo, é fatal. Não há como escapar.
O Hugo é livre de deixar-me a sofrer até eu não poder mais. Completamente livre. Mas embora eu esteja nesta agonia que me enlouquece, ainda sei que enquanto ele me provoca este mal ele está a fazer-se mal a ele próprio, porque eu, indirectamente, faço parte dele, da vida dele. E isso, nada nem ninguém neste mundo, pode contrariar!

"Confissões de um Coração Partido" - A minha canção

Honestamente, não me estou a sentir nada bem. Sinto-me um idiota irrelevante. Eu não sei porque insisto em andar atrás do Hugo, em vasculhar a vida dele, sabendo que ele não revela nenhum interesse pela minha pessoa. Eu não enveredei numa missão de perseguição, mas é algo mais forte do que eu. Tomei conhecimento que ele já está a trabalhar e voltei ao mesmo, a pensar no meu curso e no desastre que foi o ano lectivo passado por causa disto. Mas estou super feliz por ele, já tinha ficado quando soube que ele se licenciou. Mas há alguma coisa que não está bem em mim, algo que não encaixa. Se estou feliz por isso, porque é que me deu uma vontade incontrolável de chorar? Deslizei pela parede a verter lágrimas, caí no chão e ali fiquei, a tremer de frio. Foi um momento decadente. Mais um para a colecção. Acho que é de vê-lo bem e de me ver a mim cada vez pior. Isso incomoda-me. Se calhar é isso que não encaixa em mim. Desesperei e desespero por ser importante para ele. Serei e ele é que não demonstra? Serei um dos motivos de preocupação dele ou não tenho importância rigorosamente nenhuma?
Na última (terrível) noite que tive, quando dei por mim tinha escrito uma canção sobre ele. Agora deduzo que foi uma forma de gerir e controlar as minhas emoções. Nunca me tinha acontecido tal coisa. A minha escrita costuma ser em texto normal, mas isto foi uma bela surpresa. Inspirei-me numa canção da Lindsay Lohan (adaptei-a à minha situação, com partes da minha autoria). Esta composição lírica vai acompanhar-me para sempre. Nunca me irei esquecer desta noite dolorosa e inspirada ao mesmo tempo. Eis a canção:

"Confissões de um coração partido"

O mundo desabou em cima de mim
Tremo ao ver-te nas fotografias, tu és a perfeição
Estou magoado, mas tenho esperanças
Estou sempre preso nestas emoções

Porque é que desapareceste? Porque é que desapareceste? Porque é que desapareceste?

De mim para ti, de mim para ti
Estou a chorar e parte de mim está a morrer
De mim para ti, de mim para ti
Imploro-te, dá um fim às minhas lágrimas
Estas são... Estas são as confissões de um coração partido

Eu sonho com um outro tu, um que me aceite
Que jamais me deixaria sozinho a recompor-me
Preciso de ti ao meu lado, para tudo dar certo
Não me deixes no escuro, por favor salva-me!

Porque é que desapareceste? Porque é que desapareceste? Porque é que desapareceste?

De mim para ti, de mim para ti
Estou a chorar e parte de mim está a morrer
De mim para ti, de mim para ti
Imploro-te, dá um fim às minhas lágrimas
Estas são... Estas são as confissões de um coração partido

Eu adoro-te, eu adoro-te, eu adoro-te, eu adoro-te!!!

De mim para ti, de mim para ti
Não te conheço, mas ainda assim quero-te
De mim para ti, de mim para ti
Diz-me a verdade: gostas um pouco de mim?
Gostas um pouco de mim?
Estas são as confissões de um coração partido

Não te quero desafiar, mas tu és o meu porto de abrigo

Miguel

Tão perto e tão longe

Um dos meus grandes problemas é efectivamente a distância. Pensei que a distância me fosse ajudar a espairecer, a organizar as ideias, a acalmar-me. Por algum tempo, teve efeito. Ver o Hugo diariamente estava a dar cabo de mim. Estar perto dele foi como uma mutilação psicológica para mim, porque estava ali perto e à vista, mas eu não podia fazer absolutamente nada, pelo menos nada que não me expusesse. Aguentei aquilo, acabei por me conformar. Quando soube que ele ia continuar a estudar, mas noutra faculdade, foi duplamente um alívio e uma tristeza. Eu sabia que ia ser bom não tê-lo tão por perto. Eu precisava de tempo e espaço para contar-lhe a derradeira verdade. Por outro lado, isso agora não me está a fazer bem. Sinto uma vazio em mim que não sei nem sequer descrever, nem consigo medi-lo. As saudades estão a destuir-me. Estou a morrer por dentro. Estou a sofrer como nunca antes e o pior de tudo: a sofrer em silêncio. Quando estou só choro, grito, pontapeio as coisas, parto outras tantas, esperneio. Já aqui disse o quanto eu sinto a presença dele na faculdade. Recordo-me a toda a hora dele e das sensações que tive enquanto ele a frequentava. E vou contar agora algumas situações (não contei antes porque ainda não me sentia preparado para o fazer e porque sei que são formas de ele me identificar). Houve uma vez que eu estava a estudar na biblioteca, e ouvi gente a chegar. Ao levantar a cabeça deparo-me com ele e com os dois dos seus colegas/amigos preferidos. Durante aqueles minutos eu transcendi-me. Senti um estímulo, um desconforto agradável, um pavor apetecível, muitos nervos. À saída, reparei que ele olhou duas vezes para trás, porrém não posso dizer se foi na minha direcção até porque estava uma pilha de nervos e não me consigo lembrar claramente. Recordo-me de outra circunstância, em que ele estava numa das mesas de convívio e eu vi-o com os amigos e eu voltei para trás; resolvi dar uma volta enorme para não ter de passar por ali. Aquilo aconteceu já numa fase adiantada, quando eu percebi que gostava mesmo dele e depois de lhe ter contado o que sentia. É a prova de como eu lutei contra isto. Eu combati-me. Combati os meus sentimentos, lutei contra a minha paixão. Foi inútil! Tentar desviar-me dele só fez foi aumentar ainda mais o tamanho do que sinto. Outra coisa, da qual não me orgulho, foi ter faltado às aulas por causa dele. Nós tinhamos algumas cadeiras em comum. Uma das quais era uma das opcionais, que por isso mesmo tinha menos alunos, por estes estarem divididos. Eu sabia que estar numa sala de aula com ele, durante um semestre lectivo, ia ser uma tortura. Seria suícidio. Não aguentei aquela pressão, fartei-me de chorar porque sabia que me estava a prejudicar, mas não consegui lutar contra aquilo de forma nenhuma. Então a minha avaliação àquela cadeira foi em regime não presencial e fui a única pessoa presente no exame no qual tirei inesperadamente 14 valores. O professor foi super atencioso e apesar disso eu ali estava, a realizar uma prova muito em baixo. Houve uma altura em que o professor saiu da sala durante um tempo e eu deitei algumas lágrimas. É por isso que nem sei como tirei positiva naquilo. E agora nem interessa mais. Outra ocasião em que estivemos muito perto, foi num exame (foi mais do que um, na verdade). Mas lembro-me que naquele tivemos de mudar de sala e eu ia mesmo atrás dele e parece que ainda sinto as pernas a tremerem como tremeram naquele momento. Eu tinha o coração a bater tão depressa... Noutra vez, a última vez que eu vi pessoalmente (Verão passado), cruzámo-nos numa passadeira para peões. Era de noite e lembro-me que ele olhou propositadamente para mim. A verdade é que eu já tinha olhado para ele várias vezes e ele pode ter ficado desconfiado daquela pessoa que na realidade sou eu mesmo, este aqui a redigir.
Por causa disto e muito mais, aproveito para dizer, que estou a falhar como amigo. Há uma pessoa muito minha amiga e muito importante para mim que está a precisar de ajuda, creio eu, mas eu não estou lá. Esta pessoa foi um pilar na minha adolescência, ensinou-me muita coisa, aceitou-me como eu sou. Devo-lhe muito. Esta pessoa tem um filho que eu amo como qualquer um dos meus sobrinhos e de quem já sinto saudades enormes. Mas a questão é que não me sinto bem psicologicamente para prestar apoio a ninguém no momento. Não estou em condições de representar o meu papel de amigo, com muita pena minha. Simplesmente não consigo e sei que estou a abandonar quem um dia me estendeu a mão. Sempre fui um amigo presente. Nunca falhei com ninguém, mas neste ponto da minha vida tenho de pensar primeiro em mim e depois nos outros. Não é uma desculpa, mas é a realidade. Continuar a ajudar os outros, ignorando os meus próprios problemas, seria cavar a minha própria sepultura. E espero que um dia essa pessoa me perdoe, mas é que eu também nunca me senti tão mal como agora. Achei que devia constatar isto aqui, era um desabafo necessário.
O Hugo quer por perto os amigos e sabe-se lá quem mais. Eu tentei. Deus sabe que sim e sabe o quanto sofri com isto. Eu não posso é ser alguém que não sou. Se ele não me aceita, só tenho a lamentar mas eu não posso ser alguém que não sou. Não digo isto orgulhosamente. isto custa-me. Eu não gosto de mim, não gosto do que sou nem do que represento. Viver rodeado de preconceito por todos os lados é algo que não me deixa proprimanente alegre. Mas sou assim e ele não gosta. Nos meus momentos mais agoniantes peço sempre a Deus que transforme o mundo num lugar menos superficial, onde se dê mais valor à maneira de ser das pessoas, aos seus valores. Queria que o mundo fosse menos um lugar de aparências e mais um lugar onde a beleza interior reinasse. Isto está a matar-me. Eu não tenho sono, eu não tenho sossego, eu não tenho mais alegria de viver. A minha mente é um furacão a rodopiar com inúmeras emoções no seu interior. Quando ele me vedou a entrada na vida dele, vedou-me também o direito a viver. Estivemos tão perto, eu tive a oportunidade de lhe contar tudo ali, em pessoa, mas a vergonha e o medo dominaram-me. Estive tão perto de me libertar destas correntes invisíveis e desta mordaça, mas fracassei. Agora estamos longe. Ele numa faculdade e eu noutra. Ele com a vida dele e eu com a amostra de vida que tenho, que nem chega a ser uma vida no seu termo lato. Físicamente, até podemos estar longe. Mentalmente, ele está muito perto de mim. Penso nele constantemente. E sei que ele também se vai lembrando de mim, de vez em quando, perguntando-se sobre quem sou eu: a figura enigmática que surgiu no caminho dele. Perto ou longe, eu dediquei parte da minha vida a alguém que preferiu não querer conhecer-me a fundo e desfrutar de momentos divertidos na minha companhia. Isso é trágico. Para quê nascer e viver algum tempo para se chegar a uma situação destas? Qual é o propósito de eu viver? Perguntas retóricas com respostas mudas.
Desejos? Queria que a distância física entre mim e ele encurtasse. Queria poder voltar a vê-lo. Queria que esta barreira psicológica, que nos não só separa como afasta, desaparecesse para nunca mais aparecer. Queria poder estar perto dele, agarrar na mão dele e dizer que tem um amigo para a vida toda. Isto pode parecer tão estranho e eu sei que é (LOL). Caramba, eu sei. Nós mal nos conhecemos, mas não invalida o quanto eu lhe quero bem, o quanto eu simpatizo com ele. E isso NUNCA me aconteceu. Nunca! O Hugo é um paradoxo na minha vida. É a pessoa que menos bem conheço, mas de quem eu mais gosto e com quem mais simpatizo sem conhecer realmente. Eu não tenho maneira de explicar como nem porquê. Pura e simplesmente é assim. E queria que a nossa eventual amizade fosse tão simples quanto isso. Mas não é assim. Parece que a vida não é um mar de rosas..,É mais um caminho longo a percorrer cujo fim é uma incógnita.

Frases...

Resolvi criar uma compilação de frases com grande significado para mim, de autores anónimos ou conhecidos.

"A melancolia é a felicidade de se ser triste", Victor Hugo.

"As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada", Paulo Coelho.

"O teu rumo foi a perdição.
O nosso rumo foi a desilusão.
O meu rumo foi a solidão".

"Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito", Albert Einstein

"No meu olhar brilha o desejo de estar sempre ao teu lado. Mas em cada desejo brilha a desilusão de estar a sonhar acordado".

"Se a vida te der alguém melhor do que eu e o amor vencer todos os preconceitos...sê feliz!"

"O amor dá-nos asas, a desilusão tira-nos as asas...ou será o contrário?".

"Cuidado com a tristeza. Ela é um vício", Gustave Flaubert.

"O desenvolvimento do amor é dividido em três partes: paixão, desilusão e aceitação da realidade".

"Quando não há expectativa, também não há desilusão".

"Aprendam com a decepção, com a desilusão, com a dor e tornem-se fortes, juntem as pedras e façam um castelo e agradeçam, depois de tudo, pois o que não mata, fortalece".

"De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos", Fernando Pessoa.

"Nunca te afastes dos teus sonhos, pois se eles se forem, tu continuarás a viver, mas terás deixado de existir", Charles Chaplin.

"Eu sei que não sou nada e que talvez nunca tenha tudo. Aparte isso, eu tenho em mim todos os sonhos do mundo", Fernando Pessoa

"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso", Fernando Pessoa

"Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor", William Shakespeare

"Amar é ultrapassarmo-nos", Oscar Wilde

"Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...", William Shakespeare.

"A felicidade é uma bênção, mas geralmente, uma conquista", Paulo Coelho.

"A dor que não ajuda ninguém é absurda", André Malraux.

"As mais belas frases de amor são ditas no silêncio de um olhar", Leonardo da Vinci.

"O êxito ou o fracasso da tua vida não depende da força que tens numa tentativa, mas da persistência que tiveres".

"Todos os infernos estão contidos nesta única palavra: solidão.", Victor Hugo

Mais confissões de um coração partido


Não sei porque é que ele não consegue fazer um esforço e aceitar-me. Não sei porque é que ele não consegue colocar-se no meu lugar, entender o que sinto e em que isto me tornou. Se eu cresci e amadureci como pessoa depois disto, porque é que ele não cresce e amadurece também? Porque é que sou só eu a sofrer quando o que sinto envolve não uma mas duas pessoas? Porque é que para ele eu não valho absolutamente nada?
Nas últimas madrugadas tenho estado completamente sem sono. Tive tempo para pensar nalgumas coisas. Uma das quais foram os meus tempos de transição liceu-faculdade. Lisboa nunca foi uma alternativa. Lisboa foi sempre aquilo que quis. Nem sequer coloquei a hipótese de não vir para cá estudar. É como se já estivesse pré-definido assim e assim teria de acontecer. Não deixa de ser estranho, mas parece que eu tinha de vir para cá para que uma série de eventos fossem acontecer. Há um episódio intrigante do qual não me esqueci: uma visita de estudo a Lisboa, no início de 2006 (ainda não frequentava a faculdade). Estava em Belém, com os meus colegas, e o grupo ia mais à frente e surge-me uma cigana que bateu o olhar em mim e disse-me "Há ou vai haver um homem muito importante na sua vida. Venha que eu leio-lhe a mão." Foi uma das coisas mais esquisitas e assustadoras que me aconteceu, mas não dei importância nenhuma áquilo. Nunca dei importância ao aspecto amoroso, até porque os estudos estiveram sempre em primeiro. Os meus primeiros tempos na capital foram magníficos. Já lá vão 4 anos desde então. Vivi momentos mágicos, inesquecíveis. Algumas pessoas foram-se, outras ficaram. Mas não me aborreço por causa disso. As amizades que se dissipam com o tempo é porque não valiam mesmo a pena. Eu era feliz! Eu acordava com vontade. Não tinha preocupações nem paranóias. Era livre como um passarinho! Sinto muito a falta dessa época. Aliás, para o meu bem-estar psicológico preciso de revivê-la e saboreá-la novamente, nem que seja um pouco. Mas agora é tudo diferente. Tive de ceder, deixei alguém comandar-me e o Hugo faz definitivamente parte de mim e da minha vida.
Difícilmente, depois desta situação, serei a mesma pessoa. Como disse, amadureci. Não digo que me tornei uma melhor pessoa. Continuo a ser fútil, extremamente ambicioso, calculista, entre outras coisas, mas pelo menos dou mais valor ao amor, à paixão, até mesmo à amizade. Não se pode ter tudo. Não se obtém tudo que o se pretende. Eu pensei sempre assim porque fui mimado. Quando nutri sentimentos pelo Hugo o meu mundo era cor-de-rosa. Não foi preciso muito para ele se tornar o que é hoje: preto, escuro, sombrio. A questão é que eu vou continuar a gostar dele. Isto envolve-me de tal forma que não consigo fugir. Não dá para remar contra a maré. Eu tentei, mas não consegui. Sinto um vazio em mim que é indescrítivel. Estou a isolar-me cada vez mais. Precisei dele, principalmente como amigo, mas ele não esteve lá. Ele preferiu pôr o preconceito, a vergonha e até mesmo os amigos dele à minha frente. Eu poderia pintar-me de ouro, porém não ia adiantar. Enquanto ele não amadurecer é inútil tentar. Tudo o que fiz foi isso mesmo: inútil. Contar-lhe o que sentia, pedir-lhe ajuda, foi tudo inútil. Serei eu inútil? Porque é que ele me faz sentir como tal?
Não há diálogo quando uma pessoa quer estar longe da outra. E não é que eu queira fazer-lhe algum mal...É ele que pôs isso na cabeça. Deixou o preconceito e a vergonha colocarem-se acima dele e acima de mim. E eu não posso lutar contra isso. Nem é suposto fazê-lo. Não o posso obrigar a falar. Por outro lado, não posso dialogar com uma parede. Falar-lhe é escusado. E, neste ponto da situação, não sei mais o que fazer.
A vida é como um jogo...Vai-se ganhando ou perdendo. Mas nunca uma vitória ou uma derrota são definitivas neste jogo. Por agora, fui perdendo umas rondas. Todavia, ainda não me preparei mentalmente para desistir ou para perder o jogo inteiro. Seja uma causa perdida ou não, esta é a minha vida.

O muro

O céu quebrou-se e caiu em cima de mim. Custa-me tanto sentir o que sinto. Para começar, vivo a maior farsa da minha vida. Não suporto mais mostrar algo que não sou. Fartei-me de estar como não quero. Se não estou bem, para quê mostrar sorrisos? Para quê fingir? Por que não dar a vitória a quem me quis ver mal, a quem me gozou, a quem me criticou? Eu não sou a perfeição em pessoa. Tenho de aceitar as minhas fraquezas. Um dia o gelo ia partir-se e eu não sou de pedra. E essa gente toda não me importa mais. Agora dou importância a outras coisas. Magoa pensar que o Hugo pode nunca dar-me hipótese de me explicar, de falar com ele, pelo simples facto de eu gostar dele. Por que é que eu sinto vergonha em gostar dele? Que mal há nesse sentimento puro? Sinto-me sempre sem jeito, embaraçado, quando me dirijo a ele.
Criou-se um muro entre nós. Um muro que é feito de frieza e pintado de silêncio. Ele não quer passar para o meu lado. Eu não consigo saltar para o lado dele porque ele não deixa. Do meu lado reina a desilusão, a solidão e a tristeza. Do lado dele mora o desconhecido. E mesmo que eu consiga saltar o muro, quando lhe contar quem realmente sou, só o desconhecimento e a dúvida me esperam. O desconhecimento e a dúvida que me atormentam e que não me deixam descansar um único momento. Não tenho paz há meses. A minha vida gira em torna desse momento, dessa incógnita, dessa dúvida, desse muro que há-de ser saltado. Estarei eu prestes a saltar para um buraco sem fundo? Esse muro não nos divide somente aos dois; dividiu-me a mim. Sinto-me em pedaços. Vivo cada dia de cada vez, sem querer saber o que vem a seguir. Não quero que esta agonia acabe com medo que algo pior possa vir a seguir. O muro não cai nem vai cair facilmente. Não quero forçar e parti-lo. Mas também não consigo viver com ele a separar-me daquilo que mais quero.
Depois de contar ao Hugo, o que eu queria mesmo fazer era chorar à frente dele. Chorar de uma vez tudo o que chorei durante meses. Chorar até não poder mais. Chorar para me libertar de uma vez. Chorar sem conversa! Porque emoções valem mais do que palavras. Quero que ele veja o quanto me fez mal, mesmo que tenha sido sem perceber, sem intenção. Quero que ele veja que eu nunca estive a brincar, que sofri por ele como mais ninguém sofreu por ele, que desesperei por ele como mais ninguém desesperou por ele. E apenas as lágrimas podem fazer isso por mim. Não as palavras. As palavras qualquer um invoca. Mas as emoções ninguém pode farsear. Quero saber se ele choraria por mim se eu lhe pedisse. Quero saber se ele respiraria por mim se eu sufocasse.
Alguma coisa não está bem. A minha inquietação está cada vez mais acentuada. Esta Quarta-feira, andei a vaguear pelos corredores da faculdade. Sentei-me e levantei-me inúmeras vezes. Observei Lisboa pela janela, vi o trânsito, vi a iluminação da cidade. Isto enquanto pensava nos tempos em que ele lá estudava. Sinto a presença dele em cada recanto e é uma coisa que me está incomodar e que não consigo controlar. Sou um puzzle cujas peças não encaixam. Sinto cada vez mais um vazio e uma solidão dentro de mim, que me levaram a afastar das poucas pessoas que me apoiavam e que me têm em consideração, mas que não me compreendem nem aprovam este caminho auto-destrutivo que segui. Fiquei só na minha amargura, fiquei só no meu sufoco, fiquei só na minha dor. E foi preferível assim porque já não me estavam a ajudar. Daqui para a frente sigo o caminho completamente sozinho e à medida que vou andando, olho para trás e vejo cada vez mais longe quem um dia me apoiou. Não tenho escolha. Esta é a minha vida e dela ele faz parte e quero que ele seja um amigo. Preciso disso. Preciso de sentir que todo o esforço e todo o sofrimento valeram, eventualmente, a pena.

Todas as coisas (vida)

Estava destinado eu apaixonar-me pelo Hugo? E se eu nunca tivesse ido estudar para Lisboa? Para aquela exacta faculdade? E se eu nunca tivesse frequentado o mesmo curso que ele? E se ele nunca me tivesse surgido à frente? Seria tudo igual? Iria acontecer, de uma forma ou de outra? Vivo tão depressa que nunca parei para pensar seriamente sobre isto. A velocidade da vida cega-nos. Queremos viver tudo, momento por momento, ao mais pequeno pormenor, mas acabamos por viver tão pouco, ou não fosse a linha da vida curta. Queremos viver tudo, muitas vezes sem resposta às nossas questão mais essenciais. O tempo passa, em momentos. Momentos que passando rapidamente definem o percurso de uma vida e conduzem inequivocamente para o seu final. Raramente paramos para analisar o percurso, para ver que nada acontece por acaso. Para perceber se o percurso que seguimos na vida é definido por nós ou se é, simplesmente, um caminho que percorremos de olhos fechados. E se pudéssemos parar, fazer uma pausa para avaliar um momento precioso antes que passe? Talvez vivessemos as bifurcações da estrada que modelou a vida e, observando essas escolhas, escolheríamos outro caminho? Quantas vidas diferentes teremos, se fizermos escolhas diferentes? Não sabemos. E se houver apenas uma escolha? Todas as outras estão erradas e há indícios ao longo do percurso aos quais temos de prestar atenção. Então, todas as escolhas conduziriam a este momento. Uma curva no sítio errado e não estaria aqui agora a escrever isto. Isso tem muito significado. Mais do que se possa imaginar.
Eu aceitei a minha vida, porque é minha e de mais ninguém. É a única coisa importante que tenho neste mundo. Ninguém ma tira. Eu sofro e sofro, mas não a trocaria. O Hugo entrou na minha vida sem permissão. Simplesmente apareceu, mesmo sem saber o que iria provocar em mim. E eu surgi na vida dele, invadi-a sem permissão e ele também não sabia que era isso que eu ia fazer. Estava destinado a acontecer. Não pode ter sido coincidência. Uma coincidência esquece-se e eu nunca esqueci isto. Mais: faz parte de mim agora. Vivo do passado, sem perspectivas no futuro, enquanto o agoniante presente me cerca por todos os lados. Esta é a minha vida: ruim, reles, defeituosa, mas minha. Resume-se a uma máscara, a uma desilusão amorosa, a uma dúvida sobre a vocação profissional. Aceitei igualmente a minha sorte. Tudo o que fiz voltaria a fazer porque eu acredito nos meus ideais. E enquanto há vida, há esperança!

A insanidade mora ao lado / O meu "Superman"

Sábado à noite. Cheguei a casa há bocado. Saio de vez em quando porque ainda há quem me consiga tirar de casa... Por mim fechava-me em 4 paredes e pronto. Já não estou bem em lado nenhum. A minha vida está um descalabro tão grande que agora ganhei medo de enlouquecer por causa disto. Um medo irracional, mas bem real. E por mais que isto seja fruto da minha imaginação sinto que a insanidade mora ao lado. Penso nas coisas mais rebuscadas, que depois de algum tempo chego a perceber que não fazem sentido nenhum. Se não percebesse era sinal que tinha mesmo atingido o limiar da insanidade. Digo outras tantas que não têm pés nem cabeça. Isto faz-me sentir vergonha. Espero não soar ridículo perante ele. Espero que ele não sinta vergonha de mim, por eu ser assim. Espero que estes pensamentos sejam só uma fase.

Aproveito para falar das mais recentes emoções. Estava no bar, um ambiente divertido como é óbvio. Mas eu não me consigo divertir. Eu finjo, mas não me divirto realmente. Não consigo! Mas houve um momento que gostei particularmente e que fez valer a noite toda!!! Tocou a música que mais me faz lembrar o Hugo, por causa de partes da letra e porque foi a canção que mais ouvi durante esta temporada da minha vida. Não estava nada à espera, até porque não é conhecida, mas tocou efectivamente. Coincidência ou destino!? Fica a questão no ar...Quando tocou "Superman" eu abstraí-me. Não ouvi mais nada nem ninguém, apenas "Superman". Naquele momento fiz uma grande viagem. Uma viagem pelas minhas memórias. Lembrei-me de tantas coisas naquele curto espaço de tempo. Lembrei-me de quando o via na faculdade ou na rua, lembrei-me das fotografias, lembrei-me do que fiz para me aproximar dele, lembrei-me do que ele me disse. Aquilo mexeu comigo. Deu-me vontade de chorar e quase não me contive. E isto tudo no meio de um bar. Voei dali para fora, sonhei acordado, foi um momento só meu. Desejei poder estar com ele naquele momento, onde quer que fosse, mas com ele, só com ele. Isso parece-me cada vez mais dificil, mas quero sentir aquilo mais vezes. Foi bom, foi agradável. São momentos assim que me fazem acreditar que gosto mesmo dele e que me dão força para acreditar e continuar. E que me fazem acreditar que, na verdade, mais nada importa. Ele vai ser o meu "Superman", sem qualquer prazo de validade. Tudo pode mudar, mas sei que isso não muda. Ele é a constante da minha vida. Nada há a fazer quanto a isso. :'(

You know, we don’t have to be dramatic
Just romantic


O choque eléctrico

Como disse há tempos atrás, não me culpabilizo mais. Não se escolhe de quem se gosta, não se escolhe como se nasce. Mas o Hugo não pensa assim, pelos vistos. Não foi capaz de compreender isso. Talvez tenha sido eu a exagerar, a pedir muito dele... Depositei confiança demais nele, esperando dele algo que ele nunca soube dar-me. E não falo de amor, falo sobretudo de compreensão e amizade. Enquanto penso que isto é mais uma batalha, penso também que não quero nem consigo lutar mais. Chega-se a um ponto que não dá mais. Eu testei os meus próprios limites. Primeiro sonhei, depois desiludi-me. Se tiver de haver um momento de rendição é este! Recordo com amargura as minhas noites horríveis de Verão, em que chorei inúmeras lágrimas. É fácil para os outros dizer para eu parar com esta agonia, para me livrar disto. Eu sou a primeira pessoa a afirmar que tudo correu mal, que isto foi um desastre na minha vida, um revés. Mas eu não mando nos meus sentimentos, nem posso ignorá-los.
Vivo os tempos mais confusos da minha vida. Eu sei o que quero e do que preciso. Aquilo a que me refiro é o impasse em que estou metido, este furacão de sensações em que me perdi. Quero subir mais um degrau, mas tenho medo de cair. Quero avançar, mas estas correntes invisíveis não me permitem. Estou encurralado num campo de alta voltagem. Quando penso em avançar, sinto medo. Se tocar nos arames que me prendem a liberdade de movimento, apanho um choque eléctrico. É isso mesmo que eu sinto...Um choque eléctrico quando penso em contar-lhe tudo o que resta. É um mau-estar, uma dor psicológica, um sensação desconfortável que me está a impedir de prosseguir. Ainda ontem fui ao shopping Vasco da Gama ao encontro de uma amiga e vi logo conhecidos dele. Não queria acreditar que nem ali eu me podia distrair. Tudo isto contribui para este choque eléctrico. Simplesmente, não consigo evitar de pensar no ambiente dele, em tudo o que rodeia e enquanto não me desprender disso não vou conseguir nada. Não sei o que ele quer que eu faça, o que tenho de fazer para ele confiar em mim. Não sei o que tenho de fazer para ele mudar de posição em relação a mim. Estou num desespero enorme para chamar a atenção dele e tenho, urgentemente, de me livrar deste choque eléctrico que está a acabar comigo.

Recordações e saudades

Ultimamente lembranças e saudades acompanham-me. Estão na minha cabeça a toda a hora. Lembro-me de imensas ocasiões em que estive no mesmo espaço físico que o Hugo, embora estivessemis a quilómetros de distância psicologicamente. Estas lembranças atormentam-me. Lembro-me de, uma vez, estar na biblioteca e vê-lo entrar acompanhado pelos seus dois colegas predilectos. Eu estava a estudar e ao levantar a cabeça vi-o e corei. Fiquei imediatamente uma pilha de nervos, tremia por todos os lados. Quando ele saiu mandou dois olhares para trás ainda me pergunto porquê. A última vez que o vi em carne e osso foi em Julho, na rua, numa passadeira para peoões. Ele mandou um olhar que até hoje não consigo decifrar. A faculdade deixa-me triste. O ambiente, as pessoas, os corredores, as salas, em tudo eu ainda sinto a presença dele. A uma certa altura ainda pensei que seria melhor não vê-lo, mas isto está a matar-me. Confesso.
É duro viver assim. Não desejo isto ao meu pior inimigo. A dor psicológica é muito mais forte que qualquer dor física. O sofrimento da alma torna a pessoa frágil e decadente. É como me sinto.
Tenho umas saudades incontroláveis de o ver novamente, mas não tenho como. Não posso chegar ao pé dele e dizer "quero ver-te". Seria legítimo, mas não tenho coragem. Enquanto isso, vou-me torturando. Preciso de sair da escuridão, preciso de me mostrar. Mas não consigo sair do escuro facilmente porque sei que vou ter todos os holofotes apontados a mim. Irei de um extremo ao outro. Esta semana estou a preparar-me. O que tem de ser feito, feito será porque não posso viver só de recordações e saudades. Tenho de pensar no futuro e no meu bem-estar também.

O meu mundo e o mundo dos outros. Inquietação e solidão. A máscara.

Não era para publicar hoje, não sei bem o que estou a sentir. Sinto uma inquietação em mim, esta noite. Não estou em paz de espírito.
Ultimamente, tenho estado com amigos. As férias de fim de ano permitiram isso. Na verdade, não tenho parado com tantas saídas. E acho que pode ser isso que está a causar este desassossego em mim e também a solidão. Existe um contraste abismal na minha vida, entre o meu mundo e o mundo lá de fora. No exterior, estou sempre acompanhado por pessoas que gostam de mim, mas que não fazem a mínima ideia pelo que tenho passado. Interiormente sinto-me só, triste. Há efectivamente um grande contraste. Já aqui tinha dito que estou rodeado de gente por todos os lados, mas no fundo não tenho ninguém. Estou longe e largado no meu mundo imenso, um mundo de emoções e desilusões. Esta divergência de ambientes deixa-me assim. Ver os outros felizes faz-me confusão. Não é inveja, é mais uma incógnita. Como é que os outros fazem para ser felizes à sua maneira e ultrapssar os seus obstáculos? Porque é que eles conseguem e eu não? Porque é que tem de ser assim? Porquê eu? As interregoções aumentam de dia para dia à medida que esta dor me vai aniquilando. Está a começar a ser difícil conciliar estes dois mundos - o meu e o dos outros. Começou a afectar-me a valer. Tenho vontade de andar, correr, gritar, cantar, saltar, voar, sair deste mundo solitário e sufocante e viver a vida em conjunto com os outros. Ser um deles, ser feliz como eles. Não consigo. Porém, finjo conseguir. Rir, sair, falar, ouvir, tudo faz parte do disfarce. Uso uma máscara há um ano. Uma máscara que tapa toda a mágoa e frustração que sinto. Uma máscara que mostra um Miguel que não existe, nem de perto nem de longe. Uma máscara que conspira contra mim, que apoia a minha auto-destruição.
Outra coisa em que tenho reflectido é se valeu a pena isto tudo que fiz e o que ainda irei fazer. Se me questionassem "Apaixonar-te-ias pelo Hugo se soubesses que isto te aconteceria?" a resposta seria não. Uma coisa que aprendi foi que não se deve enfrentar a improbablidade nem desafiar a impossibilidade. Mas fi-lo. Fi-lo porque sempre fui um sonhador. E acima de tudo, sou um ser humano, não um robot sem sentimentos ou emoções. Portanto, se me perguntassem "Voltarias a fazer tudo de novo?" a resposta seria sim, porque sei que estive sempre em busca de um sonho, de algo que idealmente me faria bem. Correrei sempre atrás daquilo em que acredito ser o melhor para mim, seja o que for. Isto pode parecer um pouco contraditório, mas deixo a ideia de que mesmo sabendo que ia sofrer eu estava a correr atrás de um sonho. E só isso já valeu a pena.
Tento lutar contra esta solidão que às vezes me parece ser uma opção, mas que na realidade não é. Estar num espaço físico com gente não significa estar acompanhado. Perdi a conta às vezes em que estive em grupo e que me abstraí das conversas, em que me perdi nos meus pensamentos. Solidão é isolamento, é não ter ninguém por perto, que nos compreenda, que nos ajude. O Hugo deve achar que eu não raciocino direito, que este fixação não é normal. E tem toda a razão. É mesmo invulgar e eu não sei explicar. Nunca me aonteceu. Eu sou invulgar, sempre gostei de me diferenciar dos outros. Mas posso garantir que sou normal e inteligente ou então não saberia ler ou escrever, não estaria no ensino superior, etc. Não tenho nenhum distúrbio mental. Se tivesse não sofreria assim. Infelizmente, tenho a plena consciência do que me está a acontecer; uma pessoa louca não teria. Apetece-me fazer analogias, sinto-me melhor ao fazê-las. Quero que saibam como me sinto. Sinto-me como gelo a quebrar, como um terramoto, como um navio a afundar, como um naufrágo a afogar-se, como uma floresta a arder. Tenho uma necessidade de chorar e chorar para aliviar este sofrimento. Só lhe pedi diálogo e ele desapareceu! Preferiu deixar-me na solidão. Não se deu ao luxo de deixar alguém "diferente" como eu entrar na vida. Parece que lhe pedi um mundo quando não lhe pedi quase nada. Só queria ter a confirmação de que o que fiz não foi em vão. Só isso.

E digo mais...Este foi o desabafo que mais me custou escrever/publicar até hoje. Pergunto-me até quando vou aguentar fazer isto.

Quero seguir em frente sem olhar para trás (Ano Novo)

Costuma dizer-se "Ano novo, vida nova". Sempre duvidei disso. Mas o que é facto é que nunca fiz nada para mudar. Desta vez, sinto-me obrigado a mudar certos aspectos na minha vida.
Começando por falar da passagem de ano...Foi horrível. Não o ambiente, mas eu sinto-me mal psicologicamente, outra vez, e sem vontade para festejos. Andei a planear a passagem de ano a fim de a passar sozinho. Mas não consegui. Acabei por passá-la com o meu pai e os seus. Senti que lhe devia isso. Uma pessoa que respeito, que pouco vejo e que se preocupa com o meu bem-estar económico, mas que infelizmente ignora o meu bem-estar emocional. Não o censuro. Eu é que não gosto de fazer transparecer as minhas emoções. Em parte, isso é culpa minha. Vim relativamenente cedo para casa e agora estou sozinho que é como me sinto bem, ironicamente.
Estou a fazer um esforço enorme para enfrentar o Hugo, fazer o que tenho de fazer. Estou na fase da preparação. Vou começar a escrever o que tenho a dizer. Sinto vergonha, medo da desilusão, medo da humilhação, tantas coisas. Mas se não o fizesse ia ficar pior. O silêncio para mim já não é suportável. Neste novo ano que mal começou vou finalmente ser alguém na vida dele, seja no bom ou no mau sentido. Estou esgotado emocionalmente. Depois de fazer isto pretendo procurar ajuda médica especializada e isso é outro grande passo para mim: admitir que tenho fraquezas, que não estou bem e que preciso de ajuda e que ninguém chega lá completamente sozinho. Com o meu orgulho, cheguei a pensar assim...
Desejo que este ano seja o ano da minha realização profissional, adiada por razões que já aqui mencionei. Desejo que neste ano apenas pessoas realmente preocupadas comigo estejam por perto e que toda a falsidade desapareça do meu redor. Desejo que este ano me traga alguma paz de espírito. Desejo que neste ano me realize como pessoa, que me aceite como sou, que mude o que tenho a mudar, que cresça como ser humano.
Não tenho grandes esperanças em relação a isto, sou honesto comigo mesmo. Sei desde Maio que a minha meta não ia ser alcançada rapidamente nem facilmente. Sei desde então que o caminho é longo e cheio de obstáculos. 2011 provavelmente não será pior do que 2010. Seria impossível sê-lo. Nunca vou conseguir apagar 2010 do meu passado. Vivi-o. Mas quero esquecê-lo e todas as atrocidades que ele me proporcionou. Quero seguir em frente sem olhar para trás. Quero e preciso desesperadamente de ser um pouco feliz, já nem digo completamente feliz.