Recordações e saudades

Ultimamente lembranças e saudades acompanham-me. Estão na minha cabeça a toda a hora. Lembro-me de imensas ocasiões em que estive no mesmo espaço físico que o Hugo, embora estivessemis a quilómetros de distância psicologicamente. Estas lembranças atormentam-me. Lembro-me de, uma vez, estar na biblioteca e vê-lo entrar acompanhado pelos seus dois colegas predilectos. Eu estava a estudar e ao levantar a cabeça vi-o e corei. Fiquei imediatamente uma pilha de nervos, tremia por todos os lados. Quando ele saiu mandou dois olhares para trás ainda me pergunto porquê. A última vez que o vi em carne e osso foi em Julho, na rua, numa passadeira para peoões. Ele mandou um olhar que até hoje não consigo decifrar. A faculdade deixa-me triste. O ambiente, as pessoas, os corredores, as salas, em tudo eu ainda sinto a presença dele. A uma certa altura ainda pensei que seria melhor não vê-lo, mas isto está a matar-me. Confesso.
É duro viver assim. Não desejo isto ao meu pior inimigo. A dor psicológica é muito mais forte que qualquer dor física. O sofrimento da alma torna a pessoa frágil e decadente. É como me sinto.
Tenho umas saudades incontroláveis de o ver novamente, mas não tenho como. Não posso chegar ao pé dele e dizer "quero ver-te". Seria legítimo, mas não tenho coragem. Enquanto isso, vou-me torturando. Preciso de sair da escuridão, preciso de me mostrar. Mas não consigo sair do escuro facilmente porque sei que vou ter todos os holofotes apontados a mim. Irei de um extremo ao outro. Esta semana estou a preparar-me. O que tem de ser feito, feito será porque não posso viver só de recordações e saudades. Tenho de pensar no futuro e no meu bem-estar também.

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