Coragem...

"O segredo da felicidade é a liberdade e o segredo da liberdade é a coragem." (Thucydides)

"O sucesso nunca é definitivo e o fracasso nunca é fatal. É a coragem que conta." (George F. Tiltonood)

Definição de "Coragem" no dicionário: Força ou energia moral que leva a afrontar os perigos; valor; destemor, ânimo, intrepidez, bravura. O tempo é de máxima reflexão. É tempo de ajustar e de organizar. É tempo de achar as palavras certas. Cheguei à conclusão que aquilo que mais me fez falta nos últimos tempos foi a coragem... A coragem de ser eu, de me afirmar perante o Hugo, de saltar sem ter medo de cair, ou noutras palavras, a coragem de arriscar sem ter medo de falhar. O medo prendeu-me durante meses a fio obrigando me a esconder-me como se tivesse cometido um crime. Estou, portanto, dependente da coragem. Sem ela não vou a lado nenhum. Esperança (que já aqui mencionei) sem coragem torna-se oca e inútil. Se nalgum momento hesitar em prosseguir sei que se tiver coragem suficiente irei conseguir. Preciso de coragem para continuar, para conquistar, para lutar e para me libertar. Chegou o momento definitivo em que tenho de me aliar à coragem para atingir seja lá o que for! O que eu quero eu sei, o que vou conseguir não sei, mas sem a dita coragem é que não vou conseguir rigorosamente nada. É preciso haver coragem para se ter coragem, uma vez que o medo é tentador e geralmente é sempre mais simples. Conto com a coragem porque é ela que conta.

Mais de 2000 visitas...

Uau! Mais de 2000 visitas! Pois é, depois de ter assimiliado o novo facto, agora estou mais crente. Quando me confrontei com isto foi um choque. Quando ultrapassei as 1000 visitas, pouco depois do ano novo, foi algo em grande para mim; 2000 visitas então era impensável. Isto tem um sabor muito agradável pois trata-se da minha vida e do meu grande problema. De alguma forma sinto-me menos sozinho ao publicar neste espaço sabendo que há alguém a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos o que acaba por transmitir-me alguma coragem.
Eu constatei aqui, há uns tempos, que ia começar a escrever o texto em que revelo toda a verdade ao Hugo. Não o fiz ainda. A razão principal prende-se com a falta de inspiração. Não quero escrever qualquer coisa que soe forçada. Tem de me vir da alma. Pode surgir a qualquer momento. Espero que seja hoje à noite, porque não suporto este peso nas costas por muito mais tempo. Também não sei qual será a melhor altura de lhe fazer chegar o texto, mas qualquer uma há-de servir.
Obrigado por me acompanharem na minha jornada mais difícil de sempre.

Uma frase que não me sai da cabeça...

"A esperança é um alimento da nossa alma ao qual se mistura sempre o veneno do medo." (Voltaire)

Uma frase que resume na perfeição a minha situação actual... Tenho esperança, mas sinto uma medo monstruoso do que sinto e do que vou fazer. :S
Ando a sentir uma grande desmotivação no meu dia-a-dia por causa disto. São dias de reflexão e de preparação. Pode dizer-se que este momento é o 'respirar antes do mergulho'.

Confiança. Respeito. Sinceridade. Amizade. Felicidade. Esperança.

Ando à procura das palavras certas, para uma atitude que também acho certa. Contar toda a verdade ao Hugo vai ser a maior prova de confiança que alguma vez dei a alguém. E só o vou fazer porque tenho-o muito em conta. Não me expunha de tal modo se não fosse por alguém importante e que estimo muito.
O respeito é o suporte das relações humanas. O Hugo pediu-me para largar a questão. Pediu-me, subtilmente, que seguisse o meu caminho desejando-me até boa sorte. Eu respeito-o e tentei respeitar a sua decisão, mas não deu em nada. Continuei, na minha mente, à procura de uma solução. Mas ao mesmo tempo que desrespeito a sua decisão, estou a tentar encontrar uma forma de lhe mostrar que ele não está agir correctamente comigo. Portanto, como se costuma dizer, há males que vêm por bem.
Resta-me a sinceridade. Vou ser honesto com ele, como sempre fui até aqui. Aliás, essa é a minha grande mais-valia no meio disto tudo.
O meu intento foi modificado. Não posso implorar pelo amor de ninguém, nestas circunstâncias. Era perigoso, era infantil, era ousado, era precipitado fazê-lo. Aquilo que posso conseguir dele é a amizade e mesmo assim sei que não é fácil. Estou ciente disso. Consigo enxergar que a situação não está famosa. Comecei mal esta história e ele agora tem uma ideia feita sobre mim, que irá prejudicar-me. Cabe-me a mim desfazer mal-entendidos.
Tudo isto que fiz, faço e vou fazer foi em busca daquilo que todos os seres humanos desejam...A felicidade. E eu admito que não sou feliz. Mais vale admitir em vez de ter uma vida de farsa. Atingir a felicidade não é fácil. É um longo caminho, que é acidentado, cheio de armadilhas e obstáculos e nele vamos sofrendo até conseguirmos chegar onde pretendemos. Durante o percurso, tenho medo de cair, tenho medo de querer desistir e tenho medo de nunca conseguir chegar à meta final. Tudo tem um preço.
Resta-me a esperança. Sem ela não teria conseguido aguentar isto. É ela que me tem movido e encorajado. Tenho sido paciente, à espera do momento certo que, na verdade, não sei bem bem qual é. É com a esperança que conto para me ajudar a superar as próximas batalhas. Tenho esperança e preciso de esperança. A esperança é a arte de ser feliz sem a felicidade...

A hora finalmente aproxima-se...

Estou a sentir outra vez aquilo que senti na quinta-feira passada. Um vazio, uma solidão, um desconforto. Nem sei bem o que dizer. Este dia também é propício a isso. Não aguento mais isto. É insuportável isto que se está a passar comigo. Vou ter de contar. Não tenho escolha. Tenho de estudar um bocado hoje, mas esta noite vou pensar seriamente sobre o que vou dizer ao Hugo. Sei que tem de ser um discurso convincente, mas vai ser também honesto. Ninguém é de ferro, mas ele não me está a dar grande margem para manobra. Seja lá o que for, dê por onde der, vai ser um alívio. Se não pensar assim, não consigo.

Lisboa: antes e agora

Na quinta-feira passada eu estava mesmo mal. E último post que publiquei reflectiu bem isso, acho eu. Mas mal publiquei aquilo, o meu telemóvel tocou e tive uma grande noite, em vez de ter ficado o resto do dia em casa a chorar pelos cantos e a bater com cabeça nas paredes. Passeei bastante por Lisboa (Avenida da Liberdade, Chiado, Bairo Alto, Rossio, Lapa, Campo de Ourique, nem me lembro de todos os sítios por onde passei). Recordei os velhos tempos, quando jantava frequentemente nos Armazéns do Chiado, quando passava tardes na baixa às compras.
Com isto tudo a acontecer, nem me apercebi do quanto me fazia falta voltar à rotina que tinha quando vim morar para Lisboa. Tenho saudades também de ser aquela pessoa, sem problemas, sem paranóias. Queria voltar atrás no tempo. Queria que 2006, 2007, 2008, voltassem atrás. Eu era feliz e não sabia. Não dei valor à minha vida naquela época. Senti dificuldades em adaptar-me ao dia-a-dia atribulado da capital e em adaptar-me à faculdade incluindo as pessoas. Pus-me a pensar que se tivesse percebido que tinha tido todas as condições para ser feliz, teria-me aplicado nos estudos e teria concluído o curso antes de ter que estar perto do Hugo, evitando assim o que sucedeu. Passado é passado e não há volta a dar. Isto aconteceu e tenho de enfrentar a realidade. E a minha realidade é ter posto num pedestal alguém que me ignora, enquanto a minha auto-estima vai-se pelo cano abaixo.
Este fim-de-semana nem foi mau, tive pouco tempo em casa, distraí-me bastante. Mas sempre que chega a noite, a melancolia abate-se sobre mim. Ponho-me a pensar numa série de coisas sem nexo, algo que só me faz mal, mas não dá para evitar. Enquanto isso, vou ganhando coragem, pouco a pouco, para confrontá-lo novamente.
No geral, tendo em conta todas as adversidades incluídas, vir para Lisboa fez-me bem. A minha constante: Lisboa. A minha variável: Hugo. Resultado: antes era feliz e não sabia e agora não sou feliz e sei.

Se a minha vida não é uma tragédia, não sei o que é

Começando por falar de assuntos académicos... Fiz um esforço enorme para terminar ontem dois trabalhos que faziam parte de um exame. Por mim, e no estado em que tenho andado, teria ignorado aquilo. Mas devo os meus estudos a uma pessoa que apostou em mim e não quero desiludir mais. Mas enquanto esforço-me na faculdade, ao sentir-me assim tão em baixo, estou a negligenciar o meu estado psicológico. Mas ontem aconteceu um episódio engraçado. Eu estava na sala de computadores da faculdade e uma colega de curso com quem raramente falo chega-se perto e diz "Tu estás diferente...Não sei, há alguma coisa que está diferente. Estás mais chique". Tive de me rir e agradeci. É facto que eu não mudei muito, mas é facto também que tenho preparado a minha imagem cada vez mais. Afirmei há uns posts atrás que esta foi a forma que arranjei de combater a baixa auto-estima e de me afirmar perante o Hugo.
Tenho de admitir que estou no limite. Este silêncio e esta distância não me estão a fazer bem. Pensei inicialmente que ia ajudar-me não vê-lo tantas vezes. Pensei que ia conseguir concentrar-me mais nos estudos. Mas continua tudo exactamente na mesma. Ele esconde-se atrás de um silêncio que para mim é mais ensurdecedor do que um grito. E eu, eu ando cá e lá. Uma vezes quero avançar mas entretanto falta-me a coragem; outras vezes recuo e sinto-me mal com isso. A verdade é que eu não posso estar a minha vida inteira atrás desta cortina. Tenho de desrespeitar a vontade dele e mostrar-lhe quem eu sou realmente. Só isso faz sentido para mim neste momento. A única coisa que está a adiar isso é o medo da desilusão e o medo da humilhação. Mas é inevitável e vou ter de sentir esses medos. Só estou à espera de um impulso. Pode ser agora, pode ser amanhã, pode ser depois de amanhã.
Hoje consigo ver que o maior revés da minha vida foi tentar ser importante para alguém que não me conhece ou conhece pouco. Tentei desesperadamente. E estive mal nesse aspecto. Deveria ter planeado bem, ter construído um caminho em vez de atravessar tudo o que vi à frente. Foi um erro grotesco. Habilitei-me a nunca poder aproximar-me do Hugo à conta disso. Eu acho que sei o que ele sente em relação a mim. Não é fácil gerir a situação. Eu se calhar teria feito o mesmo no lugar dele. Não o julgo. Mas também não é fácil para mim e de nós os dois sou eu quem sofre mais, sem sombra de dúvida. O tempo passa...Estamos cada vez mais distantes. É uma sensação que não consigo evitar. Sinto, embora não saiba, que ele esqueceu a minha existência. Dantes eu sabia quando ele vinha aqui ao blogue. Se continua a vir, não é pela mesma forma que vinha. Não tenho forma de saber. O blogue é a única maneira que encontrei de fazer chegar-lhe a mensagem. Se ele recusar algum dia ler-me, se se desinteressar totalmente, então é porque não há volta a dar. A minha vida é uma tragédia. Imaginei coisas simples com aquele rapaz. Imaginei que ele um dia aceitar-me-ia tal e qual como sou; imaginei coisas banais como idas ao cinema, jantares; imaginei chamadas dele para o telemóvel; enfim, imaginei principalmente coisas de amigos. Sonhei vezes sem conta, também. Nem a dormir consigo fugir disto. E para piorar ainda mais as coisas, não tenho ninguém que me ajude, que me incentive. Não tenho ninguém realmente disposto a ajudar, a quem possa ligar às 4 horas da mradugada quando ando às voltas na casa a chorar pelos cantos. Se a minha vida não é uma tragédia, não sei o que é.

"Perdemos"

Ontem tive uma noite complicada. Tinha intenção de investir nos trabalhos da faculdade, mas não fui capaz. Vai ter de ser hoje, embora não me sinta muito melhor. Tive um ataque de choro e só me dava vontade de ouvir "You Lost Me". Quando dei por mim estava a escrever a minha própria versão. É a segunda vez que escrevo uma canção sobre o Hugo. Fico, cada vez mais, convencido de que nunca mais vou sentir isto por alguém que não ele. E logo ele que nem sequer consegue aceitar-me como sou. É trágico demais para eu suportar. Fica a letra em baixo, seguida pela canção original.

"Perdemos"

Estou feito, nada a fazer
Ambos perdemos, dói muito

Só pensaste em ti, não tem graça

Ambos perdemos, dói muito

O meu sonho era mágico

E o que aconteceu é trágico
Simplesmente não conseguiste


Sinto que o nosso mundo foi infectado

E de alguma forma esqueceste-te de mim

Não tinha de ser assim

Babe, ambos perdemos


Tu desapareceste, eu sofri

Precisei de ti como amigo

Tu ignoraste-me, dói muito

Um muro separa-nos, ambos perdemos


O meu sonho era mágico
E o que aconteceu é trágico
Simplesmente não conseguiste


Sinto que o nosso mundo foi infectado
E de alguma forma esqueceste-te de mim

Não tinha de ser assim

Babe, ambos perdemos

Arrependes-te ao ver-me a sofrer?

Escolheste um caminho diferente do meu

Tenho medo que seja tarde demais

Confiei em ti enquanto tu nunca me aceitaste


Sinto que o nosso mundo foi infectado
E de alguma forma esqueceste-te de mim
Não tinha de ser assim

Babe, ambos perdemos


Miguel

Mais confissões

É o momento certo para abordar mais a fundo uma série de assuntos. Vou ser honesto e vou confessar coisas que me incomodam e entristecem profundamente. Esta situação provocou uma mistura de emoções em mim. Comecei a duvidar de mim mesmo. Quero ser o que não sou. Ele nunca me humilhou, nunca me rebaixou, mas indirectamente fê-lo. Este desprezo foi do género "chega-te para lá, não representas nada, não estás à altura, não apresentas os requisitos necessários, não és mulher!" É horrível! Mas é isso que não me sai da cabeça. E já aqui tinha referido o facto de não me sentir confortável em relação à minha pessoa, ao meu corpo, à forma como sou. E sei que a minha postura na área de alta visibiliade onde vou trabalhar - Comunicação Social - pode ser um motivo de crítica, ainda que tente sempre disfarçar. Como já referi, tenho uma disfunção de identidade de género, não me sinto da forma correcta assim, por outras palavras, não era suposto ter nascido com este sexo. E isso não foi de todo uma escolha. É óbvio que nunca escolheria um motivo para me tornar alvo de preconceito. O Hugo precisa de entender isso, entender que a culpa não é minha, que isto é algo que me ultrapassa, é algo que nasceu comigo. Precisa de entender que não se escolhe de quem se gosta. Mas nem eu compreendo o porquê disto, não me admira que ele reaja assim. Com tanta gente que poderia aceitar-me, porquê ele? Não sei. Acho que nunca vou saber, só sei que é ele. Se já era duro lidar com o preconceito que paira no ar, em toda a parte, com a rejeição dele o meu "eu" desmoronou. Não me sinto à altura dele. Sinto-me inferior. Sinto vergonha. Não queria sentir isto, magoa, arde, dói, mas esta é a pura verdade. Então, para me compensar-me, aposto na minha imagem. Compro roupa, acessórios, maquilhagem, o que servir para melhorar a minha imagem que por si só não é má, mas como a minha visão está deturpada, na maior parte das vezes não consigo enxergar isso. A minha imagem tornou-se uma obssessão. Hoje em dia, não demoro menos de um hora e meia a arranjar-me antes de sair de casa. O cuidado com o aspecto físico, com o guarda-roupa, tudo é uma forma de resposta, uma defesa, um escudo para me proteger e para me levantar a auto-estima. Mas ultimamente isto agravou-se e tenho gasto mais dinheiro do que é normal. Não consigo parar. E já reparei que quanto mais triste estou, mais tendência tenho a gastar e a vestir-me melhor. Como disse, é uma defesa.
Tenho de acreditar que vou conseguir obter alguma coisa dele perante toda esta adversidade que enfrento. Sei que é muito complicado aceitar alguém como eu, tão diferente dele, praticamente o oposto. Mas no fundo somos todos iguais, sou feito de carne e osso como ele, como os restantes 6 biliões de pessoas no planeta.
De vez em quando penso...Será que por detrás de todo este desinteresse dele, não exisitirá alguma curiosidade reprimida? Curiosidade acerca da minha pessoa, sobre o que raio é isto? Não sei mesmo. Houve uma altura que achei que ele escondia alguma curiosidade, depois achei-o distante e agora nem sei o que pensar. O meu maior revés foi ter tentado ser importante para alguém que não quer que eu seja importante. Estou a aprender a lidar com isso, embora sem sucesso.
E não vou mentir, isto que acabei de confessar custou, mas teve de ser. Escrever sobre tudo o que sinto tornou-se essencial.

Tempo de reflexão; passeio lisboeta

Já referi que estou em fase de reflexão, ou preparação. Estou a precisar de tempo para pensar no que vou dizer exactamente ao Hugo. Não posso fazer isto aleatoriamente, nem de ânimo leve. É demasiado importante para pôr a perder o resto. As minhas noites têm sido péssimas. Tenho sentido uma solidão estranha, nunca senti nada parecido. E não dá mais para continuar com isto, deste jeito. Se eu não consigo livrar-me disto, então só me resta tentar a sorte. Esta tarde, vou estar por minha conta, sem companhia. Vou dar um passeio pela Avenida da Liberdade, pelo Chiado, enfim, distrair-me um pouco e captar alguma energia. Bem preciso. Tempos difíceis avizinham-se e eu prefiro nem pensar muito no futuro e centrar-me exclusivamente no presente que, na verdade, preocupa-me mais.

Aniversário, fantasia, fim de rodeios/jogos

Fiz anos e continuo igual (para o bem e para o mal). Até tive um dia de aniversário engraçado. Esperava que fosse pior. É pena que o carinho das pessoas não se divida pelo ano inteiro, em vez de o partilharem todo praticamente naquele dia. Mas isso não me cabe a mim a decidir. Ultrapassa-me. Diverti-me especialmente ao jantar, com outra aniversariante e outra pessoa chegada. Somos todos muito amigos, mas enquanto eu estava ali a jantar via como estávamos distantes. São duas pessoas que não fazem ideia do que tenho passado nos últimos tempos, porque faço um bom trabalho a disfarçar. E não vou contar. Prefiro que seja assim. Isto é algo muito pessoal e não me sinto confortável a expôr-me, mesmo que se tratem de amigos de infância. Muita gente felicitou-me, de diversas maneiras. Os meus pais encheram-me de dinheiro, para não variar, e está tudo resolvido para eles. Eu às vezes queixo-me da minha vida. Mas foi sempre assim. São ambos farinha do mesmo saco. Pessoas que eu adoro mais do que tudo na vida, mas que dão muito valor ao conforto, aos bens materiais e que raramente deram-me apoio quando precisei e nunca foram capazes de perceber quando eu estava em baixo. Pouca coisa mudou depois do divórcio e já lá vão anos. Isto custa-me, porque vejo-me por minha conta embora não seja independente. E caminhar para a minha independência é um dos meus próximos passos. O aniversário ajudou-me a clarificar essa ideia e é mesmo o caminho a seguir. Preciso disso. Preciso de me desprender. Aqui em Lisboa já faço vida por minha conta, mas não conta. Preciso de ser mais independente do que isso.
Esta situação está a destruir-me. Eu não acredito em mais nada. O que me aconteceu foi fatal, o que eu fiz foi insensato, o que o Hugo fez foi, no mínimo, despreocupado. Agora pago as consequências pela minha insensatez. Acreditei tanto que que ia conseguir lá chegar, a convicção era tão forte, que nunca previ um cenário tão negro. Vivia num mundo de fantasia. Naquele mundo, eu fui feliz. Naquela fantasia senti-me bem, ignorando o que por aí viria. A minha fantasia foi a minha forca. Caminhei para a minha capitulação. E aconteceu sem eu dar por isso, sem eu poder controlar. Mas porquê? É isso que quero entender. Eu preciso de saber. Que raio de vida é esta? Que raio fiz eu para merecer uma coisa destas? Isto está a custar-me tanto, tanto, tanto, mas tanto! Mais uma noite de choro. Não resisti e fui ver-me ao espelho com as lágrimas a escorrerem-me rosto abaixo. Quis ver directamente a minha tristeza. Não reconheci aquele rosto. Não sei do que é feito aquele bom humor diário, aquela alegria de viver, aquela vontade de lutar pelo futuro. Vi foi um rosto de alguém que se rendeu, de alguém que não sabe absolutamente o que fazer. Doeu-me a alma ao ver-me a chorar tanto. Esta pessoa não sou eu. Recuso-me a crer que isto me esteja a acontecer por causa de uma outra pessoa que pouco mais me disse "adeus e boa sorte". Não me posso ter rendido assim. Se Deus existe mesmo, como tanta gente afirma, Ele há-de me ver assim. Onde é que Ele está?
O que me magoa mesmo, mesmo, mesmo é eu olhar em redor e ver um por um feliz. Uns de uma maneira, outros de outra maneira. Mas estão bem. Estudam, trabalham, saem, divertem-se, amam-se, basicamente, vivem a vida. E eu cada vez isolo-me mais, cada vez afundo-me mais. Queria ser capaz de deixar queimar as minhas emoções, mas é em vão. Isto já está em mim. Chega de planear e prever. Quis contar ao Hugo no aniversário, mas desaconselharam-me para não manchar uma data tão especial. Parto do princípio que vai tudo correr mal. E deve mesmo ser assim. Mas é isto que vou fazer, sem mais rodeios, sem mais jogos. Tenho de enfrentá-lo. E num impulso vou acabar por fazê-lo. A partir de agora, pode ser a qualquer momento. Estou a preparar-me para o que aí vem, embora já não existam grandes forças. Isto vai acontecer

Parabéns, para mim!

Dia 1 de Fevereiro, o meu aniversário. Não me apetece dizer grande coisa agora. Estou a tentar animar-me, pelo menos hoje.