
Tenho de admitir que estou no limite. Este silêncio e esta distância não me estão a fazer bem. Pensei inicialmente que ia ajudar-me não vê-lo tantas vezes. Pensei que ia conseguir concentrar-me mais nos estudos. Mas continua tudo exactamente na mesma. Ele esconde-se atrás de um silêncio que para mim é mais ensurdecedor do que um grito. E eu, eu ando cá e lá. Uma vezes quero avançar mas entretanto falta-me a coragem; outras vezes recuo e sinto-me mal com isso. A verdade é que eu não posso estar a minha vida inteira atrás desta cortina. Tenho de desrespeitar a vontade dele e mostrar-lhe quem eu sou realmente. Só isso faz sentido para mim neste momento. A única coisa que está a adiar isso é o medo da desilusão e o medo da humilhação. Mas é inevitável e vou ter de sentir esses medos. Só estou à espera de um impulso. Pode ser agora, pode ser amanhã, pode ser depois de amanhã.
Hoje consigo ver que o maior revés da minha vida foi tentar ser importante para alguém que não me conhece ou conhece pouco. Tentei desesperadamente. E estive mal nesse aspecto. Deveria ter planeado bem, ter construído um caminho em vez de atravessar tudo o que vi à frente. Foi um erro grotesco. Habilitei-me a nunca poder aproximar-me do Hugo à conta disso. Eu acho que sei o que ele sente em relação a mim. Não é fácil gerir a situação. Eu se calhar teria feito o mesmo no lugar dele. Não o julgo. Mas também não é fácil para mim e de nós os dois sou eu quem sofre mais, sem sombra de dúvida. O tempo passa...Estamos cada vez mais distantes. É uma sensação que não consigo evitar. Sinto, embora não saiba, que ele esqueceu a minha existência. Dantes eu sabia quando ele vinha aqui ao blogue. Se continua a vir, não é pela mesma forma que vinha. Não tenho forma de saber. O blogue é a única maneira que encontrei de fazer chegar-lhe a mensagem. Se ele recusar algum dia ler-me, se se desinteressar totalmente, então é porque não há volta a dar. A minha vida é uma tragédia. Imaginei coisas simples com aquele rapaz. Imaginei que ele um dia aceitar-me-ia tal e qual como sou; imaginei coisas banais como idas ao cinema, jantares; imaginei chamadas dele para o telemóvel; enfim, imaginei principalmente coisas de amigos. Sonhei vezes sem conta, também. Nem a dormir consigo fugir disto. E para piorar ainda mais as coisas, não tenho ninguém que me ajude, que me incentive. Não tenho ninguém realmente disposto a ajudar, a quem possa ligar às 4 horas da mradugada quando ando às voltas na casa a chorar pelos cantos. Se a minha vida não é uma tragédia, não sei o que é.