Frustração, inveja/ciúmes, dedicação, desilusão, ansiedade, destino

Torna-se cada vez mais insuportável esta sensação que vai dentro de mim, um vazio gigantesco que me vai consumindo. Estou naquele ponto que sei o que é preciso fazer, mas mesmo com tamanha necessidade não tenho coragem. É frustrante. A frustração de saber que o problema está em mim e só em mim, a frustração de saber que tudo o que fiz ou vier a fazer vai ser em vão, a frustração de saber que perdi sem nunca sequer ter ganho nada antes.
Invejo todas as pessoas que fazem parte do dia-a-dia do Hugo, que não têm de lidar nem com o desprezo nem com o preconceito dele. Esta inveja irrita-me, porque eu não tinha de sentir isto. Devia sentir-me superior a isso, mas é impossível. Envolvi-me demasiado. Não consigo evitar de ter ciúmes dele. E verdade seja dita, isso faz-me sentir idiota, mas ao mesmo tempo é algo puro e inocente.
Dediquei largos meses da minha vida a este rapaz; faz praticamente um ano. Isso já não poderei apagar. Aconteceu. Esta dedicação não tem precedentes. Também nunca quis tanto bem a alguém. Nunca pensei que ele se tornasse assim tão importante para mim. Ele está relativamente longe agora, não sei onde ele está propriamente. Acho que nunca soube, psicologicamente falando. Estivemos sempre longe um do outro, a bem dizer. Proximidade física, muitas vezes, não quer dizer nada. Ele está tão presente na minha vida e eu chego à conclusão que sei tão pouco dele. É tão triste a minha vida. Poderia ter sido tudo tão diferente, mas não. Correu tudo da pior forma. Eu sou um daqueles carros de corridas que se despistam a 200 km/h. Sinto-me assim, um desastre, um acidente de percurso. Corri loucamente atrás de algo que nunca poderia adquirir. Quem me dera que assim não fosse. Depois da dedicação vem a desilusão. Tive de aprender a lidar com a última, aquela que me tem massacrado. Ela agora faz tão parte de mim, como o Hugo. Fiz asneira, mas ao menos fico com a certeza de que tentei. Não sou uma máquina. Não pude controlar os meus sentimentos. Nem tanto pude evitar ser como sou. Não posso lutar contra mim, contra a minha essência.
As crises de ansiedade e os problemas de saúde abrandaram um pouco. Contudo, hoje tive um ataque de nervos. Ia numa rua, muito perto de onde o vi na última vez, e vejo ao longe uma pessoa que me parecia ele. O aspecto era tão semelhante. Retirei o telemóvel do bolso para disfarçar aquilo, mas acabei por ver que não era realmente o Hugo. Deu-me um ataque súbito de ansiedade, senti um calor, uma sensação desagradável. Não entendo estes nervos e tão pouco os aguento. Recentemente, descobri um texto que lhe enviei em Setembro, creio eu. Não tinha conhecimento de que ainda detinha tal coisa, mas encontrei-o numa pen drive e agora não resisto em ler e já sei que me vou desmanchar a chorar.
Há coisas que não se explicam. Outras que não se entendem, Eu não só aceitei, como abracei o meu destino. Posso afirmar que vivi a minha vida, que chorei as minhas lágrimas, que sofri o meu sofrimento. Não tentei escapar do caminho que me foi traçado. Enfrentei o que me aconteceu. Lutei, chorei, desesperei, sofri, insisti, perdi. Embora tudo me pareça as trevas, agora consigo ver que também consegui algumas coisas positivas graças a isto. O Hugo ensinou-me mais do que julga. Aprendi que não posso exigir o amor, a amizade, a compreensão, a compaixão de ninguém. Aprendi que sou mais forte do que imaginava, que posso chegar onde nunca pensei que pudesse chegar. Para todos os efeitos, o Hugo deu novos contornos à minha vida. Mostrou-me que sou capaz de gostar de alguém incondicionalmente, que sou capaz de ultrapassar a vergonha para conquistar alguma coisa e que sou capaz de perdoar (porque eu já lhe perdoei esta maldade, mesmo sem ele pedir). Portanto, só tenho a agradecer a um rapaz chamado Hugo Manuel que um dia entrou na minha vida sem avisar e sem ele mesmo saber. Fará parte das minhas memórias até ao fim dos meus dias. Permanecerá como o meu maior sonho e ao mesmo tempo como a minha maior desilusão de sempre.
Sei que o meu discurso parece derrotista e é mesmo. Mas ainda não é tempo desta história acabar. Sinto muito medo de represálias, mas há qualquer coisa que me faz ser persistente. Ainda assim, não tenho esperanças de mais nada, mas como disse não desisti. Ainda há uma coisa a ser feita, mesmo que a aproximação pareça cada vez um tiro no escuro. Só me resta torcer para que a sorte esteja do meu lado, porque o resto não adiantou. E vocês sabem disso, ou este blogue não teria razão de existir.
Estou à deriva, a precisar que me resgatem.

1 Response to "Frustração, inveja/ciúmes, dedicação, desilusão, ansiedade, destino"

  1. Raquel Says:

    Antes demais deixa-me reforçar a ideia de que tens uma escrita sublime. Expressas-te de uma forma incrível através das palavras que quase dá para sentir o que sentes.

    Acho que uma vez disse-te aqui para não dares grande importância às pessoas que o rodeiam. Eles são amigos dele, não teus. Não lhes deves nada, portanto não há nada a temer em relação a isso. Se ele for mesmo boa pessoa como julgas que ele é, ele irá poupar-te e proteger-te no momento que te expuseres. Caso contrário, é porque te enganaste. No caso de ele te magoar, humilhar ou o que seja, sem tentar antes perceber o que sentes e porque é que sentes, é porque ele não vale grande coisa e portanto não vale a pena. Não depois de saber tudo pelo que passaste e passas!!!

    Desejo-te toda a sorte do mundo. Mereces. Fica bem, OK? :)