Uma decisão tomada

Este fim-de semana foi muito calmo. Optei por passar mais tempo em casa, descansei, reflecti. No sábado à noite foi quando estive pior. Passei a noite praticamente em claro, a chorar e a pensar. Desta vez chorei não só pela situação que se gerou, mas por este impasse em que me envolvi. Eu preciso urgentemente de me revelar ao Hugo, sem jogos ou disfarces e de uma vez por todas. Ele tem de saber. Não faz sentido nenhum eu ter passado por esta aflição durante meses e não fazer o mais importante. Mas sofro por não ter coragem para o fazer. Acontece que peocupa-me a reacção. Tenho medo que ele me desiluda e faça algo que me magoe a sério. Tenho medo da humilhação...Não posso ignorar outros factores, como as pessoas que estão ao redor dele. Ele confia mais nelas do que em mim, o que é normal embora me doa. Já aqui disse que alguns desses amigos preferiram fazer troça de alguém que nem sequer conhecem. Eu faço um esforço enorme para entender a mente humana, mas não chego a nenhuma conclusão em concreto. Não percebo porque é que ele teve de me expôr naquela vez. Talvez porque não acreditou, porque não confiou. Acho que esse é um dos obstáculos no meio disto tudo. A desconfiança e, também, a intolerância. Eu entrei a arrasar nisto, a contar logo tudo o que sentia e ele assustou-se e "escondeu-se" atrás dos tais amigos que tinha por perto, naquela altura. Compreendo isso. Mas ao fazê-lo ele esqueceu-se de um pormenor: que poderia estar a magoar uma pessoa que verdadeiramente gostava dele. Acho também que faltou diálogo, que a comunicação falhou. De um lado, temos uma pessoa que quis agir como se isto não tivesse nada que ver consigo, que quis fugir da situação; do outro lado, temos outra pessoa que queria diálogo, que queria aparecer mas que ao mesmo tempo morria de medo da tal humilhação. E na vida nós só podemos controlar as nossas próprias escolhas. Não podemos pensar pelos outros. Eu posso ter feito coisas mal e fi-las incorrectamente, reconheço. Mas a forma como o Hugo agiu foi imatura, mas percebo porque assim o fez. Apesar da imaturidade, eu continuei a ver o grande ser humano que ele é. No meio desta fatalidade, ele nunca me ofendeu, nunca me humilhou, nunca me gozou (pelo menos directamente). Era muito mais fácil ele proteger-se com preconceito e homofobia e acusar-me. Mas não. Este rapaz nunca chegou a descer tão baixo. Preferiu o silêncio. Fez-me sofrer, não vou dizer que não. Mas da outra forma teria sido brutal. Eu não iria aguentar. E é por isto mesmo que pretendo dar mais um passo. Um passo em direcção ao desconhecido, ao escuro. Não sei o que me aguarda. Ele é boa pessoa, é educado e agrada-me que assim seja. Sem ele perceber, demonstrou-me isso. O grande problema nesta última etapa é mesmo aquilo que o rodeia, as pessoas que estão por perto que, caso ele lhes conte, não hesitarão em atacar-me. Eu sei como funciona. É muito fácil acusar e ser-se mau. O difícil mesmo é compreender e se-se bom, ser-se um bocadinho humano. Estarei eu prestes a tornar-me um alvo a abater? Fica ao critério dele. Depois de saber tudo, fica nas mãos dele se me quer sacrificar ou proteger. Se eu consegui confiar nele, será que ele conseguirá fazer o mesmo?
Isto tudo faz parte dos prós e contras que formam a base da minha decisão. Não é algo que se faça de ânimo leve. Não posso falhar. Trata-se de uma coisa demasiado importante. O meu objectivo primordial sempre foi aproximar-me deste rapaz, sem segundas intenções. Nunca pretendi um relacionamento porque sempre soube que isso seria improvável de acontecer. Pretender isso só me iria fazer pior. Só que ao que parece ele não compreendeu isso e misturou tudo, criando uma ilusão na sua cabeça. Ele está enganado a meu respeito. Quero desfazer esse mal-entendido e depois ele decide o que quer fazer: ter-me longe ou por perto. O momento aproxima-se. Não dá mais para voltar atrás. Só dá para seguir em frente, mas agora não pode haver mesmo falhas. Desta vez, escolhi o meu aniversário, que é no próximo dia 1. Achei oportuno por ser um dia simbólico. Contar-lhe vai ser como um presente. Vai ser algo que me vai aliviar e dar alguma paz de espírito, mas só no futuro imediato porque mais tarde...Nem sei.

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