O que vem aí...

Tenho andado meio ausente do blogue, porque ando com a mente ocupada... Estas insónias que tenho tido, por um lado, têm me ajudado.

O que vem aí são dois posts bastante importantes..

- "A Minha Intensa Paixão Volume 2": uma colecção de canções marcantes, com grande significado para mim e que vou partilhar. Provavelmente, já ouviram algumas delas tocaram aqui.

- "O Rapaz Proibido": provavelmente o texto mais profundo que alguma vez redigi, e confesso que ando reticente em publicá-lo. De qualquer forma, ainda ando a escrever e o resultado final pode ser bastante diferente. Logo se vê.

Mais um sonho

Esta sexta-feira foi um dia em cheio para mim. As minhas férias de Verão propriamente ditas terminaram. Precisei afastar-me de Lisboa por uns bons tempos, afastar-me de todas as memórias que me assombravam.
Mas agora é tempo de arregaçar as mangas e ir à luta. E isso não é fácil quando se vive um paixão platónica, que nos destrói por dentro a cada dia. Mas eu lá fui, à luta. Nesta sexta-feira fui candidatar-me a uma pós-graduação. Foi difícil escolher. Sofri até decidir-me até porque esta é exactamente a mesma pós-graduação que o Hugo frequentou no ano lectivo passado, na mesma exacta faculdade em que me fui candidatar. Ou seja, o nosso percurso académico está a ser exactamente igual. Será que posso chamar isso de ironia bizarra? Não sei. Há coisas na vida que não se podem explicar. Eu nem sei porque gosto tanto dele sequer, portanto nem vale a pena pensar muito nisto.
Mas a minha ida à nova faculdade foi muito engraçada. Para já, porque se dirigiram a mim por “doutor” enquanto me tratavam da documentação. Achei engraçado porque foi a primeira vez e porque afinal valeu o esforço e agora há quem reconheça o meu empenho. Depois, foi uma aventura. Quem me conhece sabe que eu sou a desorientação em pessoa. Não é preciso muito para eu me perder em Lisboa, embora eu more lá há anos. A ida correu bem, fui directamente do Marquês de Pombal até ao Pólo Universitário sem percalços. Mas a vinda… LOL. Eu até me estou a rir. Perdi-me completamente. Peguei no telemóvel e liguei a uma amiga, que acompanhou o episódio todo. Foram gargalhadas atrás de gargalhadas. Queria voltar ao Marquês de Pombal, mas fui parar a Algés! Lá consegui regressar, supostamente, para o M. Pombal mas perdi-me novamente. Acabei por ir para Picoas. Nunca tinha andado ali a pé. Lá encontrei a estação de metro e consegui orientar-me. Foi uma tarde muito engraçada.
Enfim, corri atrás de mais um sonho. Embora desmotivado, a vida continua e eu tenho de lutar para ser alguém importante, profissionalmente falando. Neste momento, são os meus estudos, a minha formação académica, que me fazem querer continuar. Se não tivesse isso para me agarrar, nem sei. Não é fácil viver nas minhas condições psicológicas actuais, mas estou a dar o meu melhor.

Vida pessoal & vida académica / profissional

Eu começo a achar que nunca me vou realizar como pessoa, talvez apenas como profissional. A minha vida pessoal é um desastre total. A verdade é que quando eu tinha 18 anos era a carreira profissional o mais importante para mim. E foi assim até aos meus 21 anos, altura em que conheci o Hugo. Lembro-me de referir sempre isso com uma amiga, com quem aliás já nem falo muito. Para nós, a carreira era o mais importante, estava acima de tudo. Eu era obcecado com a carreira profissional. O pessoal da minha antiga cidade criticava-me bastante que eu sentia a necessidade de completar um curso superior para assim calar bocas sujas. E fui feliz nisso, vinguei, consegui. Mas agora vejo que não chega! Não me sinto nada realizado como pessoa. O buraco que o Hugo deixou no meu coração é demasiado grande para cicatrizar com apenas o sucesso profissional que eu possa vir a obter.
Mas talvez eu não tenha nascido para ser verdadeiramente feliz. Talvez a minha existência se deva apenas ao facto de que uma pessoa LGBT como eu pode chegar onde quer, profissionalmente falando. Mas eu nunca quis ser um exemplo a seguir. Longe disso. Limitei-me a ser eu. EVou continuar a minha formação. Fui quase coagido a fazê-lo. Senti uma grande pressão por parte de familiares também. Mas agora sou eu mesmo que quero continuar o meu percurso académico. E vou fazê-lo também pela minha avó, a única pessoa que acreditou em mim e no meu sucesso desde o príncipio. Aliás, a minha licenciatura dedico-a a ela. Ando a decidir-me o que pretendo, se uma pós-graduação ou mestrado. Mas estou muito inclinado para a pós-graduação, que ironicamente o Hugo frequentou. Nem nisso me livro dele.
Mas enfim, não me vou iludir e pensar que mesmo chegando, quiçá, a um doutoramento um dia que isso me vai fazer completamente feliz porque não vai. Ninguém pode viver sem amor uma vida inteira. Mas eu até que me tenho aguentado bem nesse campo. E depois de escrever isto, ainda fica tanta coisa por dizer...

Paixão / Magia, Encanto

Não creio que seja possível amar mais do que uma pessoa, diga-se com uma paixão ardente. Pode gostar-se de uma pessoa, e depois outra, com serenidade, mas sem aquela loucura da paixão. Aquela paixão ardente que se sente uma vez jamais pode ser repetida ou sequer igualada. As pessoas podem namorar, casar, as vezes que quiserem. Mas nada muda esse facto. Pode sentir-se muita coisa por alguém, mas uma paixão avassaladora como a que eu tenho experienciado só se sente uma vez e não se iluda quem ache o contrário. A paixão é um sentimento esquisito, porque ao contrário de todos os restantes, nós podemos sentir paixão por alguém que não nos é próximo e é aí que tudo começa por seguir um mau caminho. No amor, na amizade, e no resto, há proximidade, correspondência e partilha, e na paixão nem sempre isso acontece. E por isso eu digo, a paixão é astuta e maldosa e acho que não faz bem a ninguém. É astuta porque surge do nada, sem que possamos combatê-la; quando a detectamos é tarde demais, ela já nos terá invadido. É maldosa porque dói, porque arde, porque chega ao ponto de nos fazer querer morrer. Dei-me ao trabalho de ir ver a definição de "paixão" no dicionário e saltam-me logo à vista expressões como "afecto violento, amor ardente". Nem pergunto porquê. Eu odeio a paixão e por isso mesmo é que nunca mais me vou apaixonar. Quem puder, que a evite. Não me revejo a gostar de mais alguém assim como aconteceu com o Hugo. Não há qualquer hipótese de isso acontecer. Nenhuma mesmo! E eu não afirmo isto todo contente, até porque eu antes disto invejava os apaixonados e deu no que deu.
Por outro lado, a opinião dos outros faz cada vez menos sentido para mim, muito por culpa da paixão. Os outros estão a perder importância no meu dia-a-dia e já quase não interferem no meu comportamento social, o que me agrada. Afirmei anteriormente que nunca deixei de ser eu por causa de ninguém, embora atendesse muito ao que achavam de mim. Fui sempre eu, ao contrário de muita gente artificial que anda por aí. Posso ser materialista e ter mil e um defeitos, mas fui sempre eu e abraço cada defeito meu. A vida dá voltas, já se costuma dizer. É engraçado, agora não quero nem preciso da aprovação dos outros para me sentir bem. Agora só anseio pela aprovação de uma única pessoa, o Hugo. Não posso deixar de me rir disto, embora devesse é chorar. A minha vida deixou de girar à volta de tudo e todos. Era uma procura doentia pela aceitação do panorama social no geral, eu queria desesperadamente sentir-me pertencente ao todo social. Ao contrário disso, a minha vida passou a girar à volta de uma só pessoa e sinto como se a minha sobrevivência agora dependesse dessa pessoa em particular. A aceitação pelo Hugo é soberana para mim, nesta altura. Podia ter o mundo todo contra mim, mas se soubesse que ele me aceitava, eu estaria bem. É mais ou menos isso. Cada vez mais fico com a certeza de que o encanto do Hugo só poderia ser quebrado quando eu finalmente fizesse parte da vida dele. Não me interessa se a bem ou mal. O que interessa é eu não ser mais ignorado. Prefiro que ele me odeie, que me diga coisas horríveis. Tanto faz. O que preciso mesmo é de significar alguma coisa para ele, e de lhe falar, de o ver por perto. Só assim esta magia poderia desaparecer, que é o que ele quer, eu sei. Enquanto ele estiver longe, eu vou continuar a criar ilusões, na minha mente, por causa deste encanto. Não basta ele desejar-me sorte e querer-me longe. Isso foi ineficaz e esteve muito longe de resultar. Para ele foi fácil, para mim nem tanto. Deus sabe o quanto eu quis respeitar a posição dele, mas ele também não respeitou nada do que sinto. Isto não passou, nem vai passar desta forma. Esta distância e este desprezo não estão a funcionar. Eu ponho-me a imaginar milhões de coisas acerca dele. Não o vejo há tanto tempo, não sei como ele está, não sei em que é que está a trabalhar, não sei se está tudo a correr bem. Sou tão irrelevante! Para ele, eu quis ser o número 1 mas acabei por ser nada. E isto está a destruir-me por dentro e tornou-se insustentável. A minha falta de importância para ele e a minha ausência na vida dele estão a matar-me. Será possível alguém compreender o que estou aqui a dizer? Eu simplesmente não me quero meter no meio da vida dele, sem respeitar o espaço dele e depois fico neste impasse. Estou perdido. Não sei que atitude tomar, falta-me coragem, mas assim também não consigo estar mais.