
Por outro lado, a opinião dos outros faz cada vez menos sentido para mim, muito por culpa da paixão. Os outros estão a perder importância no meu dia-a-dia e já quase não interferem no meu comportamento social, o que me agrada. Afirmei anteriormente que nunca deixei de ser eu por causa de ninguém, embora atendesse muito ao que achavam de mim. Fui sempre eu, ao contrário de muita gente artificial que anda por aí. Posso ser materialista e ter mil e um defeitos, mas fui sempre eu e abraço cada defeito meu. A vida dá voltas, já se costuma dizer. É engraçado, agora não quero nem preciso da aprovação dos outros para me sentir bem. Agora só anseio pela aprovação de uma única pessoa, o Hugo. Não posso deixar de me rir disto, embora devesse é chorar. A minha vida deixou de girar à volta de tudo e todos. Era uma procura doentia pela aceitação do panorama social no geral, eu queria desesperadamente sentir-me pertencente ao todo social. Ao contrário disso, a minha vida passou a girar à volta de uma só pessoa e sinto como se a minha sobrevivência agora dependesse dessa pessoa em particular. A aceitação pelo Hugo é soberana para mim, nesta altura. Podia ter o mundo todo contra mim, mas se soubesse que ele me aceitava, eu estaria bem. É mais ou menos isso. Cada vez mais fico com a certeza de que o encanto do Hugo só poderia ser quebrado quando eu finalmente fizesse parte da vida dele. Não me interessa se a bem ou mal. O que interessa é eu não ser mais ignorado. Prefiro que ele me odeie, que me diga coisas horríveis. Tanto faz. O que preciso mesmo é de significar alguma coisa para ele, e de lhe falar, de o ver por perto. Só assim esta magia poderia desaparecer, que é o que ele quer, eu sei. Enquanto ele estiver longe, eu vou continuar a criar ilusões, na minha mente, por causa deste encanto. Não basta ele desejar-me sorte e querer-me longe. Isso foi ineficaz e esteve muito longe de resultar. Para ele foi fácil, para mim nem tanto. Deus sabe o quanto eu quis respeitar a posição dele, mas ele também não respeitou nada do que sinto. Isto não passou, nem vai passar desta forma. Esta distância e este desprezo não estão a funcionar. Eu ponho-me a imaginar milhões de coisas acerca dele. Não o vejo há tanto tempo, não sei como ele está, não sei em que é que está a trabalhar, não sei se está tudo a correr bem. Sou tão irrelevante! Para ele, eu quis ser o número 1 mas acabei por ser nada. E isto está a destruir-me por dentro e tornou-se insustentável. A minha falta de importância para ele e a minha ausência na vida dele estão a matar-me. Será possível alguém compreender o que estou aqui a dizer? Eu simplesmente não me quero meter no meio da vida dele, sem respeitar o espaço dele e depois fico neste impasse. Estou perdido. Não sei que atitude tomar, falta-me coragem, mas assim também não consigo estar mais.
18 de setembro de 2011 às 13:31
Realmente, paixão ardente, avassaladora só se sente uma vez.
Se cuida,
Mércia