Com receios, mas sem grandes arrependimentos

Ontem e hoje foram dois dias de bastante reflexão. A minha tristeza andou inexplicavelmente adormecida até há poucos dias. Mas ultimamente tenho ouvido certas músicas, deitei-me e pus-me a pensar em tantas coisas. Acabei por chorar. Na verdade, estou cansado de verter lágrimas quando não quero chorar, estou cansado de sonhar sem ter um objectivo concretizado à vista, estou cansado de comer quando não tenho apetite, estou cansado de me rir entre amigos quando o que me apetece é chorar, estou cansado de ter de acordar todos os dias quando o que quero é dormir ininterruptamente, estou cansado de nostalgia e de recordar tempos e eventos que nunca mais vou experienciar, estou cansado de ter receio do futuro quando é isso que me espera, estou cansado de dizer “nada” quando a minha mãe me pergunta o que tenho, estou cansado de fingir quando quero parar de o fazer, estou cansado de viver quando o que quero é desaparecer. Tudo devido a uma desilusão por ter vindo a sentir algo significativo por uma pessoa que me desprezou, tendo em conta todo o impacto negativo que isso teve em mim. Porém, não me arrependo. O preço que paguei e tenho pago é elevado, mas nunca me arrependi. Nunca me arrependi de me ter apaixonado, nunca me arrependi de ter sonhado. Talvez haja uma coisa que me faça arrepender, em parte. Se calhar, ainda não sei bem, arrependi-me de ter contado o que sentia por ele a uma pessoa que ambos conhecemos em comum. Tenho a certeza que essa pessoa não lhe vai contar nada, seja em que circunstância for, aliás até já me aconselhou, mas se fosse hoje talvez não lhe tivesse contado. Cada vez é mais difícil para mim confiar em quem quer que seja. Mas agora já está e não há nada a fazer em relação a isso.
A lua, as estrelas e a noite têm sido as minhas companhias, no meu mar de solidão que cada vez mais parece aumentar de tamanho. Sofro sim, tenho receios sim, mas sem grandes arrependimentos.

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