Azul & Rosa

Inevitavelmente, eu tenho um bocado das cores azul e rosa em mim. Vão acompanhar-me para sempre. Azul e rosa vão ser sempre cores opostas e os opostos atraem-se, recorrentemente. No entanto, eu vou estar sempre ali no meio. Não sou uma coisa nem outra e ao mesmo tempo sou as duas coisas. Sou como não quero e quero ser o que não sou.
O azul costuma estar associado à frieza, depressão, monotonia. Também à paz, à ordem, à harmonia. O azul é uma cor masculina e agressiva, com a qual eu me identifico pouco mas que está em mim. Uma parte de mim é azul. Sou azul por ter nascido com este corpo. Sou azul por ser frio e depressivo. Sou azul por ser quem sou.
Por sua vez, o rosa está relacionado com o amor altruísta e verdadeiro, com a sensibilidade, com o carinho e com a inocência. O cor-de-rosa está culturalmente relacionado com o elemento feminino ou homossexual. Por razões óbvias, eu sinto-me mais rosa do que azul, embora contra a minha vontade não o seja. Sou rosa porque quero ser o que realmente não sou.
Procurei no Hugo aquilo que o azul representa (força, estabilidade, confiança), que não é mais do que aquilo de que o rosa carece. Mas como é que o azul aceitará outro azul se aquilo que ele procura é puramente rosa? Eu não represento nada daquilo que aquele rapaz procura, embora quisesse. E isso é trágico. Não espero que ninguém compreenda o que estou a dizer, mas estou a dizê-lo porque sinto necessidade de o fazer. No meio disto tudo, desta procura e rejeição, perdi-me.
Dê por onde der, eu vou ter sempre estas duas cores em mim. Não sou somente uma ou outra. E mais do que ninguém, lamento por ser assim e por não ter direito a ser amado por quem quero pelo simples facto de eu ser azul e rosa. E eu não posso mudar isso. O azul é a minha existência, o rosa a minha essência.
Para finalizar, esta foi só uma forma de me manifestar sobre o meu transgenerismo. Precisava desesperadamente de o fazer e foi assim que consegui fazê-lo.

0 Response to "Azul & Rosa"