Inevitável

Ontem à noite, estava na cama, e massacrava-me mais um bocado com esta história. Aliás, não há uma única noite em que eu não pense sobre isto antes de dormir.
As pessoas que me lêem provavelmente ficam com uma ideia errada de mim, podem pensar que sou um pobre coitado, um mal amado, etc. Até um certo ponto, isso é certo. Às vezes sinto-me como lixo por causa disto, já chorei rios, não tenho problemas em afirmar. Mas sou tudo menos um fracasso. No meio de tanta melancolia e sofrimento, licenciei-me (e não sei como, se calhar por subestimar-me demais). Porém, assumo as minhas derrotas. Admito que perdi esta guerra. Admito que falhei no que toca ao Hugo e noutras tantas coisas que agora não vêm ao caso. Não o abordei como deveria ter sido, não fui capaz de fazê-lo mudar de ideias em relação a isto ou a mim. Admito que o destino me derrotou. Destino esse que me levou até ao Hugo, como se fosse inevitável isso ter acontecido. Parece que vivi a minha vida toda para chegar até àquele grande momento: ver e tomar conhecimento do Hugo.
Apesar de toda a desilusão e tristeza que experienciei, também fui feliz. Naquela época, entre eu ter-me apaixonado pelo Hugo e antes de lhe ter contado o que sentia (estou a falar de 4 meses e qualquer coisa) estive nas nuvens. Era uma alegria sem precedentes que se apoderou de mim. Era uma alegria artificial, uma ilusão que eu estava a viver, mas soube-me bem. Acho que também foi inevitável isso ter acontecido dada a minha ingenuidade. Mas foi bom, mesmo sabendo tudo o que veio a seguir. Mas isso não importa mais. Tenho que me agarrar àquilo que é positivo e deixar as coisas más de lado.
Faz mais de um ano que me cruzei com ele na rua e desde então que nunca mais o vi pessoalmente. Daqui a alguns meses fazem dois anos que gosto dele. E isto não é fictício, é pura realidade. Vivo das memórias e tenho medo do futuro. Não faço ideia de como vai ser daqui para a frente. Não me encontro profissionalmente, não é uma área que me agrade, honestamente. Mas agora não há volta a dar. Também não me sinto mentalmente capaz de enveredar por um mestrado ou pós-graduação, embora o vá fazer. Talvez eu tenha de fazer esse esforço, para ocupar a minha mente. Quanto à parte afectiva, ainda é mais complicado. O meu lado racional já desistiu do Hugo. Não tenho hipóteses. Arde só de pensar, quanto mais admitir. Mas o meu lado emotivo, nunca desistiu, aliás nunca parou de pensar em arranjar uma forma. Uma forma de tocar a consciência daquele rapaz, de o sensibilizar. E por mais racional que eu tenha tentado ser, uma coisa é certa: eu já não sei viver sem a figura do Hugo. Eu não sei o que é isso. É como se ele tivesse feito parte de mim desde que nasci. É como se ele me completasse. Sinto a presença dele, como sempre senti quando frequentávamos a faculdade na mesma altura. Há algo nele que me atrai profundamente e não estou a falar do aspecto físico. Parece algo magnético. Quem me dera que isso fosse tudo uma treta e eu pudesse seguir com a minha vida, mas é bem real. O que fazer? Tenho medo de me magoar mais, mas se calhar magoar-me-ia mais se desistisse de quem gosto. Estou num desespero enorme. Perdi-me neste labirinto de contradições e não encontrarei uma saída tão cedo. E embora perdido, já decidi qual é o caminho que vou seguir, quer ele me leve à liberdade ou não.

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