Em desespero

Há meses que não vertia uma lágrima. Bloqueei os meus sentimentos de uma forma, tal era o estado gélido da minha alma, que não conseguia sequer chorar. Hoje tive um momento súbito alagado em lágrimas. E não é nada bom sinal nesta altura. O tempo passa. E já passou tanto tempo que para mim é difícil de acreditar. Daqui a um mês vão fazer dois anos que contei ao Hugo o que sentia. Dois anos!!! Ando nesta tristeza misturada com vergonha e desilusão há dois anos. Abdiquei de tantas coisas (reduzi as minha saídas, afastei-me de não sei quantas pessoas) que até me faz pensar que sou uma outra pessoa. Quero e continuo a respeitar os meus ideais, os meus princípios, que parece que acabei por parar no tempo. Ser honesto comigo e para com os meus sentimentos tirou-me muita coisa de mim. Roubou-me a vontade do quer que seja. A cobrança foi alta. Dei e continuo a dar voltas à cabeça a tentar encontrar soluções quando elas simplesmente não existem. Mas eu ando a tentar enganar quem? Que frustração! Parei no tempo por causa desta paixão. Tenho a sensação de que estou cada vez a direccionar-me para a escuridão em vez de fugir dela. Sinto-me preso dentro de um filme de terror, mais do que um filme dramático. É desesperante quando queremos tanto algo que é impossível de alcançar. Mas fica tudo mais desesperante quando se muda de objectivo e mesmo assim é uma missão falhada. Primeiro, tentei chegar ao Hugo, aproximar-me dele, e foi um fracasso total. Depois, aceitando a realidade, tentei afastar os meus pensamentos dele e falhei outra vez. Não sei mais para onde me virar. Não estou mais bem em lugar nenhum. O desespero passou a ser a minha mais recente companhia - outrora foram a tristeza e a desilusão.

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