O balão cor-de-rosa

Aquele balão cor-de-rosa não me sai da cabeça. Nesta quinta-feira teve lugar um dos episódios mais peculiares de que tenho memória. Uma coisa que até podia ser banal, mas que para mim teve um significado especial. Final de tarde agitado, como é hábito em Lisboa. Eu estava a dirigir-me para o metro. Ia a passar numa avenida. Quando chego perto de uma intersecção, com semáforos, muito movimentada deparo-me com um balão que por ali vagueava na estrada. Era cor-de-rosa. Com o vento causado pelos carros que passavam, ele não parava de rebolar e voar. Não sei, mas houve ali qualquer coisa que me despertou a atenção. Criei uma ligação com aquele balão naquele momento. E torci por ele. Um balão que estava perdido, no meio de uma confusão e nada nem ninguém lhe prestou atenção. Era como se ele estivesse sozinho, cheio de gente à volta, e prestes a explodir. É como eu me sinto. Deve ser por isso que aquela situação me cativou tanto. Eu só pensava que o balão ia rebentar a qualquer momento. Era carro atrás de carro e ele persistia. Nunca desistiu até que pousou no passeio dos peões. Eu não conseguia deixar de observar aquela situação. Só queria olhar para trás e ver o balão. E lá ficou ele, são e salvo num jardim até que o deixei de avistar. Esta história, à partida, seria insignificante, se eu não estivesse a passar pelo que estou a passar na minha vida actualmente. Mas aquele balão representou muita coisa para mim. Era rosa e eu já aqui assumi no blogue – post “Azul & Rosa” – que uma parte de mim é rosa, a minha identidade de género, a minha vulnerabilidade enquanto pessoa. Depois, era um simples balão, altamente propício a desaparecer de um momento para o outro. E no entanto, tal não aconteceu. Ele superou aqueles obstáculos todos. Eu não consigo parar de pensar nisto. A sério. Penso que se aquele balão ultrapassou todas aquelas barreiras, desafiando todas as probabilidades, eu também hei-de conseguir. Ponho-me a pensar: porque não enfrentar o Hugo de uma vez? O que eu tenho a perder? Se eu fosse um balão, e tudo corresse mal, rebentaria e acabava tudo. Mas não sou e haverá sempre um amanhã. Não há que ter medo daquilo que pode acontecer embora isso assuste, é claro. E portanto, dê por onde der, mesmo que tudo corra mal eu hei-de superar isto e sobreviver.

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