Cheguei a casa arrasado na noite de quarta-feira. Tinha jantado sozinho no C.C. Colombo, Lisboa. Andei por lá, vi umas lojas. Eu costumava ser um consumista de primeira, não sei se já aqui referi a minha futilidade... Eu estava ali, mas ao mesmo tempo a quilómetros de distância. Vinha tão triste do shopping e assim que entrei em casa comecei a chorar. Estava ali sozinho, desamparado. Precisei tanto daquele abraço, não tinha ninguém para mo dar. Impulsivamente, tomei um Xanax XR - um tranquilizante poderoso de efeito prolongado. Passadas poucas horas deu-me um sono terrível e lembro-me de adormecer com lágrimas no rosto. Se esta é a minha guerra, tenho de lutar com as minhas armas. Esta foi uma das que encontrei. Não é uma das melhores, mas foi a que se arranjou. O peso que eu carregava começava a ser pesado demais para mim. Se ele não se rala, porque hei-de eu ralar-me? Sinceramente, não me interessa mais se chegou o meu fim.
Na quinta-feira, acordei super desorientado. Dormi quase 12 horas, acredito que tenha sido por causa do comprimido. Sob o efeito do Xanax XR ando cá e lá. Ainda assim, isto não me tem impedido de chorar, que já é uma constante na minha vida. Nunca imaginei tomar uma coisa destas por causa de alguém. Eu acredito piamente que contar-lhe o que sinto foi uma forma de libertação, mas isso trouxe-me tantos dissabores. Eu não lido bem com a rejeição. Ele foge de mim como se eu fosse um cão raivoso. Sinto-me um lixo, um estorvo na vida dele. E quero ir mais além, mas tenho medo. Quero tanto revelar-lhe a minha identidade, mas o receio de represálias é enorme. No caso de ele contar aos amigos, será a minha capitulação. É como se eu estivesse acorrentado, e fosse caminhando no corredor da morte, em direcção à fogueira. Estarei prestes a ser julgado como um criminoso por simplesmente amar? Será essa a minha pena capital?
E chegou a hora de assumir algumas coisas. Estou farto de dizer isto aqui, mas o ser humano tem direito a errar. E eu, como qualquer um, errei vezes sem conta. Chateei amigos com este assunto; afastei-me de uns tantos e deixei de estar com eles em algumas ocasiões por me sentir em baixo por causa disto; envolvi uma pessoa que sabia que o conhecia e que sabia que me podia oferecer informações a respeito dele; segui-o numa noite em que nos cruzámos, por acaso, a fim de saber mais ao menos onde ele mora; destruí objectos em casa mais do que uma vez...uma série de coisas. Estou tão envergonhado e arrependido do que fiz. Sei que não sou obcecado e que é fácil alguém pensar isso de mim, mas só alguém numa posição semelhante à minha me irá entender. Não consigo assimilar sequer o que me está a acontecer. O silêncio dele está a destruir-me, a corroer-me por dentro. Infelizmente, é algo com que lido há já uns bons meses. O facto do Hugo não me ter agradecido os parabéns mostra bem o quanto ele me despreza. Na certa, algumas das pessoas que ele considera amigos importantes esqueceram-se da data e eu, o lixo com quem não há diálogo algum, lembrei-me e fui humilhar-me mais um bocadinho. Com isso eu vivo bem. Eu acho que mais do que a mim, a quem ele está a prejudicar mais é a ele próprio ao afastar uma pessoa que é tudo menos um inimigo - eu. Eu daria tudo para ter alguém na minha vida que me fosse tão leal e me quisesse tanto bem. Parece que isso não lhe interessa. Eu fui e sou um acessório descartável para ele. Na única vez que me falou disse que preferia nem saber quem eu era. Daquela frase retirei duas conclusões: uma, que a minha existência é inútil para ele; outra, que não tenho o direito de gostar dele pelo simples facto de ser quem sou: um rapaz. Não tive hipóteses de me expressar, de me explicar, nada. Garanto-vos que isto tem-me feito um mal incalculável. Comecei a odiar-me. Odeio-me. Odeio o que sou, como sou, no que me tornei. Deve ser em mim que algo está errado. Não consigo viver assim. Não quero. Nem vou. E agora nunca o vejo. Ele já não frequenta a mesma faculdade que eu. O único contacto visual que eu tinha era lá e agora sinto um vazio tão grande. Aqueles corredores, aquelas salas, tudo está cheio de lembranças.
Não é uma coisa que me dê prazer, mas começo a gostar de antidepressivos, pelo menos do efeito deles. Ando a alternar entre Xanax e Triticum. Não me interessa mais se me fazem bem ou não. São o meu refúgio. Ninguém se importa com o que eu sinto. Toda a gente à minha volta pensa que eu estou sempre bem, que passo 24 horas por dia a rir. O Hugo? O Hugo não faz ideia da dimensão do que eu sinto. Ele deve pensar que isto é passageiro. Na volta, ainda pensa que isto é um distúrbio da minha cabeça, que eu sou doido. Oxalá eu fosse. Era sinal de que eu era incapaz de gostar a sério de alguém como gosto dele. O efeito destes comprimidos é óptimo. Confesso-o com muita tristeza, contudo. Aos pontos a que eu cheguei. Eu nunca tinha tomado nada disto até há uma semana. E agora ando a tomar às escondidas, a chorar pelos cantos. Eu podia pensar assim "Ah, há tantos pessoas no mundo com doenças horríveis e pobres que lutam dia-a-dia para viver. O meu problema não é assim tão grave". Podia pensar assim. Podia, mas não consigo. Para mim, o Hugo, é como o ar que entra nos meus pulmões e o sangue que me corre no corpo. Quer me goze, quer me odeie. Isso nunca vai mudar. Parece que finalmente perdi o controlo. Eu era daquelas pessoas que pensava que estava acima de tudo e todos, que da minha vida sabia eu e que nunca ia amar ninguém nem precisar de ninguém. Como é irónica a vida. Agora sou como um comboio descarrilado que a uma hora vai embater e destruir-se. Sou um carro em alta velocidade que saiu da faixa de rodagem e que a uma hora vai embater contra alguma coisa até que explode. Ontem à noite, quando estava a redigir isto, houve uma altura em que me encostei à parede, sentei-me no chão, e enquanto chorava pedi ajuda a Deus. Eu sei que Ele não pode mudar a cabeça do Hugo, mas Ele age de formas misteriosas e escreve direito por linhas tortas. Eu continuo a acreditar em Deus. Mas receio muito o destino que Ele traça. Agora mais do que nunca. O que me reserva o destino assusta-me infinitamente.
Na quinta-feira, acordei super desorientado. Dormi quase 12 horas, acredito que tenha sido por causa do comprimido. Sob o efeito do Xanax XR ando cá e lá. Ainda assim, isto não me tem impedido de chorar, que já é uma constante na minha vida. Nunca imaginei tomar uma coisa destas por causa de alguém. Eu acredito piamente que contar-lhe o que sinto foi uma forma de libertação, mas isso trouxe-me tantos dissabores. Eu não lido bem com a rejeição. Ele foge de mim como se eu fosse um cão raivoso. Sinto-me um lixo, um estorvo na vida dele. E quero ir mais além, mas tenho medo. Quero tanto revelar-lhe a minha identidade, mas o receio de represálias é enorme. No caso de ele contar aos amigos, será a minha capitulação. É como se eu estivesse acorrentado, e fosse caminhando no corredor da morte, em direcção à fogueira. Estarei prestes a ser julgado como um criminoso por simplesmente amar? Será essa a minha pena capital?
E chegou a hora de assumir algumas coisas. Estou farto de dizer isto aqui, mas o ser humano tem direito a errar. E eu, como qualquer um, errei vezes sem conta. Chateei amigos com este assunto; afastei-me de uns tantos e deixei de estar com eles em algumas ocasiões por me sentir em baixo por causa disto; envolvi uma pessoa que sabia que o conhecia e que sabia que me podia oferecer informações a respeito dele; segui-o numa noite em que nos cruzámos, por acaso, a fim de saber mais ao menos onde ele mora; destruí objectos em casa mais do que uma vez...uma série de coisas. Estou tão envergonhado e arrependido do que fiz. Sei que não sou obcecado e que é fácil alguém pensar isso de mim, mas só alguém numa posição semelhante à minha me irá entender. Não consigo assimilar sequer o que me está a acontecer. O silêncio dele está a destruir-me, a corroer-me por dentro. Infelizmente, é algo com que lido há já uns bons meses. O facto do Hugo não me ter agradecido os parabéns mostra bem o quanto ele me despreza. Na certa, algumas das pessoas que ele considera amigos importantes esqueceram-se da data e eu, o lixo com quem não há diálogo algum, lembrei-me e fui humilhar-me mais um bocadinho. Com isso eu vivo bem. Eu acho que mais do que a mim, a quem ele está a prejudicar mais é a ele próprio ao afastar uma pessoa que é tudo menos um inimigo - eu. Eu daria tudo para ter alguém na minha vida que me fosse tão leal e me quisesse tanto bem. Parece que isso não lhe interessa. Eu fui e sou um acessório descartável para ele. Na única vez que me falou disse que preferia nem saber quem eu era. Daquela frase retirei duas conclusões: uma, que a minha existência é inútil para ele; outra, que não tenho o direito de gostar dele pelo simples facto de ser quem sou: um rapaz. Não tive hipóteses de me expressar, de me explicar, nada. Garanto-vos que isto tem-me feito um mal incalculável. Comecei a odiar-me. Odeio-me. Odeio o que sou, como sou, no que me tornei. Deve ser em mim que algo está errado. Não consigo viver assim. Não quero. Nem vou. E agora nunca o vejo. Ele já não frequenta a mesma faculdade que eu. O único contacto visual que eu tinha era lá e agora sinto um vazio tão grande. Aqueles corredores, aquelas salas, tudo está cheio de lembranças.
Não é uma coisa que me dê prazer, mas começo a gostar de antidepressivos, pelo menos do efeito deles. Ando a alternar entre Xanax e Triticum. Não me interessa mais se me fazem bem ou não. São o meu refúgio. Ninguém se importa com o que eu sinto. Toda a gente à minha volta pensa que eu estou sempre bem, que passo 24 horas por dia a rir. O Hugo? O Hugo não faz ideia da dimensão do que eu sinto. Ele deve pensar que isto é passageiro. Na volta, ainda pensa que isto é um distúrbio da minha cabeça, que eu sou doido. Oxalá eu fosse. Era sinal de que eu era incapaz de gostar a sério de alguém como gosto dele. O efeito destes comprimidos é óptimo. Confesso-o com muita tristeza, contudo. Aos pontos a que eu cheguei. Eu nunca tinha tomado nada disto até há uma semana. E agora ando a tomar às escondidas, a chorar pelos cantos. Eu podia pensar assim "Ah, há tantos pessoas no mundo com doenças horríveis e pobres que lutam dia-a-dia para viver. O meu problema não é assim tão grave". Podia pensar assim. Podia, mas não consigo. Para mim, o Hugo, é como o ar que entra nos meus pulmões e o sangue que me corre no corpo. Quer me goze, quer me odeie. Isso nunca vai mudar. Parece que finalmente perdi o controlo. Eu era daquelas pessoas que pensava que estava acima de tudo e todos, que da minha vida sabia eu e que nunca ia amar ninguém nem precisar de ninguém. Como é irónica a vida. Agora sou como um comboio descarrilado que a uma hora vai embater e destruir-se. Sou um carro em alta velocidade que saiu da faixa de rodagem e que a uma hora vai embater contra alguma coisa até que explode. Ontem à noite, quando estava a redigir isto, houve uma altura em que me encostei à parede, sentei-me no chão, e enquanto chorava pedi ajuda a Deus. Eu sei que Ele não pode mudar a cabeça do Hugo, mas Ele age de formas misteriosas e escreve direito por linhas tortas. Eu continuo a acreditar em Deus. Mas receio muito o destino que Ele traça. Agora mais do que nunca. O que me reserva o destino assusta-me infinitamente.
Esta paixão traz-me tanta amargura e o pior é que não consigo evitar isto. O H. fez anos na semana passada e eu dei-lhe os parabéns, logicamente. Acontece que ele não me respondeu, não agradeceu, o que seja. Nada! No fundo, não me espanta. Ele fez questão desde o princípio de me manter para lá da barricada, longe. Dói-me tanto saber que ele não quer qualquer espécie de diálogo comigo. Ele pensa que eu me quero fazer a ele. Isso assusta-o. Eu sinto, eu sei, mas isso é totalmente errado. Eu desejei tanto que ele me desse uma hipótese de me explicar, em tempo real. Com isto tudo, começo a sentir as minhas faculdades mentais afectadas. Em breve, pretendo recorrer a consultas de psiquiatria e este será o tema-chave. Não consigo caminhar mais com este fardo sozinho. Se ele não me quer ajudar, alguém tem de o fazer.
Em tempos pensei que o que me acontecera não foi justo. Quando nos dedicamos muito a uma coisa ou pessoa, como foi o meu caso, nem sempre é garantido que vamos obter uma recompensa por isso. Não sei o que falta provar, contudo. Começo a achar que não se trata de justiça. Penso que se trata de algo que não posso escolher. Penso que se trata de destino. E agora que tive de enfrentar a verdade, quero obter as respostas. Quero perceber porquê.
Decidi modificar o anteriormente chamado título “passeio da noite” para algo mais abrangente. O meu fim-de-semana foi agitado mas pouco valeu para me levantar o astral. Ontem, sábado à noite, fui jantar com uma pessoa amiga e depois fui sair à noite. Hoje tive uma festa de aniversário para a qual não estava minimamente empolgado. Na noite de sexta-feira, da qual vou falar mais aprofundadamente, fui arejar e tentei não pensar somente em coisas ruins. Enquanto estive no jardim, pensei naquelas vezes mais significativas em que estive ao pé do H., na faculdade. Sempre que penso nisso eu sorrio involuntariamente. Não só pela felicidade que isso me dá, mas pela piada que acho à situação. É que em todas essas circunstâncias, em que nos encontrávamos nos mesmos espaços físicos ao mesmo tempo, eu ficava uma pilha de nervos. Lembro-me que, só por causa da presença dele, o meu coração parecia que ia explodir tal era o aceleramento do ritmo cardíaco. Mas nem tudo é um mar de rosas e bem sei. Naquela noite, as lágrimas vieram-me aos olhos durante o turbilhão de pensamentos e memórias que me invadiram. Enquanto os carros circulavam, as pessoas passavam e a água do lago corria, estava ali eu, só e triste. Comecei então a pensar no lado mau. Em como eu sou fraco em enfrentar esta a situação, em como não consigo reagir uma tomar uma atitude mais drástica. Sinto que nada do que eu possa dizer ou fazer vá adiantar de alguma coisa. Chegou o momento em que cabe a ele reflectir e optar. Fazer-me sofrer como tem feito não vai matar aquilo que eu sinto. Queria tanto que ele abrisse os olhos e percebesse isso. Afinal, e ironicamente, eu sou uma das pessoas que mais gosta dele. Quanto a isso não restam dúvidas, espero que para ele também não. Penso que só me resta chorar em frente a ele. Vitimização não combina comigo, mas é isso que me apetece fazer. Chorar à frente dele. Mostrar a minha fraqueza. Sinto-me um perdedor. Perdi o que nunca tive e perdi aquilo que mais anseio na vida. Quero um término à minha desilusão. Preciso de uma resolução. Tenho me questionado se será pedir muito ser amigo da pessoa que respeito e gosto? Será que não tenho direito a fazer parte da vida dele, do seu dia-a-dia tendo em conta tudo o que sinto? Uma vez disse, e repito: o que o afasta de mim é mesmo aquilo que eu sinto por ele. Ironia do destino. E enquanto ele resiste, eu insisto, mas além de eu ter insistido, enfraqueci. E a minha fraqueza é não conseguir provar-lhe o quanto isto é sério e doloroso, é sofrer sem poder fazer nada enquanto espero por um milagre, é sentir-me a morrer e a vê-lo cada ver mais longe no túnel, é sentir-me a afogar e saber que só ele pode estender-me a mão para me salvar. A minha impotência em provar-lhe a importância que ele tem na minha vida e o quanto é essencial eu ser importante para ele é a minha derradeira fraqueza.

