Como tudo começou

Bem tenho a dizer que apesar de não achar piada nenhuma à minha situação, a forma como começou é engraçada e curiosa. Eu não sou, de todo, de reparar regularmente nas pessoas à minha volta. Sou capaz de olhar, mas olhar por olhar. Gosto mais que me olhem, admito ser vaidoso. Este rapaz quando me aparecia à frente, na faculdade, trazia consigo uma aura, uma vibração, algo que me atraía fortemente. Parecia um íman ao qual eu era atraído sem escapatória. Dei por mim, tarde demais, a observá-lo fixamente. Nada de doentio, mas nada saudável também. Tentei várias vezes desviar o olhar, sem sucesso. Era inevitável. Ele estava ali, a metros de mim. No meio de multidões e só aquela pessoa me cativava. Comecei a questionar-me...Porquê isto? E porquê ele? Comecei a reflectir. Queria respostas. Estávamos em Outubro de 2009. O tempo passava. Eu antes do final do ano provavelmente já gostava dele, mas não me tinha apercebido. Só tinha dado conta daquela vontade de olhar, de falar com ele, basicamente de estar com ele. Não entendia bem o significado do que se estava a passar comigo e não achava isso uma grande coisa, nada de importante. Mas quando comecei a dar conta de que estava perante algo sério, já em 2010, comecei só a pensar em como chegar a ele, de que forma me poderia aproximar. Mal sabia eu de que poderia estar a arranjar um grande problema para a minha vida. Dei conta disso depois da forma como ele reagiu à notícia, em Maio salvo erro. Não foi rude, mas foi frio. Agradeceu a sinceridade, mas deixou bem claro que não queria diálogo, mostrando-se (sem dizer) desconfortável em relação ao assunto. Esteve certo em desprezar alguém que gosta dele? Certamente que não, mas estava no seu direito. Na verdade, ele não me conhecia, portanto não tinha nada a perder. Mas ganhou algo com isso? Certamente que também não. Com remorsos não ficou. Nunca se arrependeu (até onde sei), nunca me contactou de volta, mesmo depois de um segunda tentativa minha. Terei eu me apaixonado por um não-LGBT? Por um heterossexual? Até onde posso eu ir? Até onde posso eu lutar? Até quando ele vai me renegar? Até quando vou eu aguentar? Quero desesperadamente respostas. Quero loucamente uma solução. Não lhe revelei a minha identidade (e sobre essas condições falarei alguns posts mais à frente), embora ele saiba quem eu sou de vista. Não sei se sabe o meu nome. A forma como já me olhou intriga-me. O que estará por trás das nossas efémeras trocas de olhares? Será que ele alguma vez persentiu algo? Será que foram casuais (apesar de algumas) e sem significado para ele? Mais respostas que tanto anseio. Foi assim que tudo começou. E assim continua...
´
Próximo post: O contexto, o meio envolvente

0 Response to "Como tudo começou"