A história (continuação)

Não sei se ficou explícito, mas apesar de eu ter contado ao H. que gosto dele, não implica que ele saiba exactamente de quem se trata. Não sei se foi cobardia da minha parte e se isso terá complicado ainda mais as coisas, mas eu não lhe revelei a minha verdadeira identidade. Ele conhece-me de vista, já me viu, até porque estudámos na mesma faculdade, mas ele não sabe que essa pessoa (eu, portanto) é quem gosta dele. Ou seja, eu não lhe disse quem eu sou de verdade. Não menti totalmente no nome, contudo. Não fui capaz de me revelar totalmente e ele posteriormente até me disse que era melhor nem saber. Eu bem sei o quanto a situação foi desconfortável, mas aquilo magoou-me mesmo, tanto que tive uma crise de choro logo depois. Mas não lhe contei quem eu era (embora tenciono fazê-lo um dia) porque sentia uma enorme pressão à minha volta. Eu não sabia como ia ser a reacção dele e temi que ele me fizesse algum mal, mesmo que tenha sido uma estupidez da minha parte pensar isso porque eu acho-o uma óptima pessoa.
Continuando...nunca escondi que foi a atracção física que despoletou esta paixão. Quando ele me aparecia à frente era como se eu me sentisse atraído por um íman. Só me apetecia vê-lo mais, ir para os mesmos sítios que ele ia. No entanto, a camada de nervos que eu apanhava por estar no mesmo espaço físico que ele ia aumentando, com o passar do tempo. Nas últimas vezes que eu o vi (e não posso dizer muito mais nem em que circunstâncias para não me denunciar, pelo menos por agora) fiquei com o coração a bater tão fortemente que parecia que ia desmaiar. Posso dizer que numa ocasião, cruzámo-nos na rua e ele olhou-me de uma forma que nem sei explicar. Eu não sei se ele o faz regularmente com outrém ou se sou eu que de alguma forma consigo atenção dele, não sei. Mas aconteceu, mesmo que não tenha qualquer significado para ele.
Eu sou um enigma para ele e isso pode fazê-lo afastar-se de mim, porque eu represento o desconhecido. Mesmo que ele tenha me desdenhado (embora não sendo rude), quero acreditar que fê-lo por eu representar um quebra-cabeças na sua vida. Quer ele queira quer não, eu represento algo diferente na vida dele. E isso incomodo-o. Mas eu existo e eu não procurei isto. Eu não quis. Fui inconsequente sim, porque era quase inevitável que eu não viesse a sofrer, mas aconteceu. Só quero que ele entenda isso e me deixe explicar as coisas, porque enquanto isso, isto vai me consumindo. Já perdi a conta às noites de choro, às dores de cabeça, à pouco vontade para fazer o quer que seja. A pouco e pouco, os que me rodeiam começam a notar que algo vai mal...

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