Ontem à noite dei por mim a chorar sentado no chão na casa-de-banho. Nada mais decadente. É provável que esteja em depressão. Vejamos os sintomas:Perda de energia ou interesse
Humor deprimido
Dificuldade de concentração
Alterações do apetite e do sono
Lentificação das actividades físicas e mentais
Sentimento de pesar ou fracasso
Assinalei os sintomas mais evidentes em mim. Esta é a minha nova realidade. Sonhei, voei alto e a queda foi enorme. Quando dei por mim, estava devastado. Sinto que fracassei, embora haja quem me tenho dito que não. Ora durmo muito, ora durmo pouco. Para fazer seja o que for levo imenso tempo, porque a vontade e a força já não são muitas. Se eu tivesse visto numa bola de cristal, há cerca de um ano, o que me iria acontecer eu provavelmente nem iria acreditar.
Não me recordo bem se já o disse, mas quando me interessei pelo H. na altura eu não estava bem ciente disso. Eu sabia que ele me atraía, que eu não tirava os olhos dele, mas era só isso. Depois, na minha cabeça, comecei a imaginar mil e uma coisas. O sonho passou a fazer parte do meu quotidiano. Admito que foi arriscado e paguei um preço bem alto por isso. Quando dei por mim, tinha me apaixonado. Estive meses a ponderar o que fazer. Até que decidi correr atrás do meu grande sonho e ele foi me negado. E penso que me foi negado pelo simples facto de eu representar um estereótipo e não por aquilo que eu realmente sou. Afinal, eu procurava somente uma amizade, nem mais nem menos. Foi esse sonho que levou à minha ruína. Tenho de admitir que fiquei 1000 vezes pior depois de lhe ter contado e de me ter deparado com a posição dele em relação a mim. Mas se tivesse ficado em silêncio até hoje não saberia nada de nada por isso não me arrependo. O sonho começou a tornar-se rapidamente num pesadelo. Ainda envolvi uma pessoa que conhecemos em comum, como já tinha dito, mas não achei certo chatear terceiros e desisti da ideia. Tudo começou a deixar de fazer sentido para mim. Estávamos nos meses de Maio e Junho. Eu era uma pessoa fútil e até arrogante. Deixei de dar importância a certas coisas por causa disso e modifiquei-me. Não há roupa ou objecto neste mundo que valha tanto ou mais do que o meu sentimento por ele. Este Verão foi o pior de sempre. Foi raro o dia em que não tenha chorado e poucos aqueles em que me diverti. Estou farto de dramatizar, mas esta é a realidade. Sou uma pessoa melancólica. O meu dia-a-dia tornou-se um inferno. Faz pouco sentido para mim viver assim. A minha realidade é mais um pesadelo do qual não consigo acordar do que outra coisa. Receio que não consiga livrar-me disto facilmente. Não quero fazer-me de vítima, mas honestamente não me sinto bem. Apelar aos sentimentos dele não me parece que funcione. Tenho medo de enfurecê-lo. Mas também não sei o que mais possa fazer. Eu pergunto-me quantas pessoas existirão no mundo que gostem incondicionalmente de outra pessoa tanto como eu gosto dele... Não muitas, parece-me a resposta. Dou conta de que isso parece não chegar. Sinto que tenho de lhe provar algo para merecer a confiança dele. Sinceramente, ainda não percebi se o irrito ou assusto. Seja lá o que for, resta-me humildemente ansiar por dias melhores. Gostar/amar é a coisa mais natural do mundo, mas por alguma razão sinto-me como a cometer um crime. Sabe-se lá porquê! O passar do tempo não ajuda. Costuma dizer-se que o tempo é nosso amigo, mas no meu caso parece aumentar cada mais o meu sofrimento e as saudades. Sinto-me patético a confessar isto e assombrosamente só, à beira do precipício . :'(
Quem segue o blogue poderá ter denotado a minha ausência prolongada. Explica-se pelo facto de me ter sentido pouco à vontade. Em relação a quê? Nem eu sei bem, mas saber que o H. agora tem acesso ao meu espaço, a este espaço, constrange-me de certo modo. É uma sensação forte, mas não é inédita. Ainda agora estou a tremer enquanto digito.
Ontem e hoje foram dois dias de bastante reflexão. A minha tristeza andou inexplicavelmente adormecida até há poucos dias. Mas ultimamente tenho ouvido certas músicas, deitei-me e pus-me a pensar em tantas coisas. Acabei por chorar. Na verdade, estou cansado de verter lágrimas quando não quero chorar, estou cansado de sonhar sem ter um objectivo concretizado à vista, estou cansado de comer quando não tenho apetite, estou cansado de me rir entre amigos quando o que me apetece é chorar, estou cansado de ter de acordar todos os dias quando o que quero é dormir ininterruptamente, estou cansado de nostalgia e de recordar tempos e eventos que nunca mais vou experienciar, estou cansado de ter receio do futuro quando é isso que me espera, estou cansado de dizer “nada” quando a minha mãe me pergunta o que tenho, estou cansado de fingir quando quero parar de o fazer, estou cansado de viver quando o que quero é desaparecer. Tudo devido a uma desilusão por ter vindo a sentir algo significativo por uma pessoa que me desprezou, tendo em conta todo o impacto negativo que isso teve em mim. Porém, não me arrependo. O preço que paguei e tenho pago é elevado, mas nunca me arrependi. Nunca me arrependi de me ter apaixonado, nunca me arrependi de ter sonhado. Talvez haja uma coisa que me faça arrepender, em parte. Se calhar, ainda não sei bem, arrependi-me de ter contado o que sentia por ele a uma pessoa que ambos conhecemos em comum. Tenho a certeza que essa pessoa não lhe vai contar nada, seja em que circunstância for, aliás até já me aconselhou, mas se fosse hoje talvez não lhe tivesse contado. Cada vez é mais difícil para mim confiar em quem quer que seja. Mas agora já está e não há nada a fazer em relação a isso.
Se eu já me sentia a pessoa mais infeliz do mundo, agora nem sei. Na noite passada fui assaltado aqui em Lisboa, não muito longe de casa (facto que me assusta ainda mais). No príncipio nem percebi, mas acabou por revelar-se um assalto. E já é a segunda vez, infelizmente. A certa altura vejo mais gente na rua, acabei por resistir para chamar a atenção e as coisas pioraram. No fim, o ladrão acabou por levar a minha mochila com todos os bens materiais que mais uso. O prejuízo é enorme. Acabo por perceber que não vale a pena andar com coisas de tanto valor e que a minha futilidade sai cara. Acaba sempre por aparecer alguém e levar o que não lhe pertence. Sinto-me arrasado, não só pelas perdas materiais, mas também pela situação. Ao resistir eu podia ter-me dado mal. Podia nem estar aqui agora a falar. Vi a minha vida por um fio. Estava tão nervoso que nem consegui raciocionar. Quando ia a fugir, vi o assaltante a correr na rua para a qual me dirigia. Corri e saí dali, desesperadamente. Só parei quando cheguei em casa. No fim, acabei por ser ajudado por pessoas que desprezei no passado e senti-me mal por isso. Ironia do destino. E assim denoto que algo vai mal na minha vida. Só queria acordar deste pesadelo que se revela bem real. O H. vai acabar por ser informado, mas não é minha pretensão que ele sinta pena.
Era sábado à noite e eu tinha um jantar marcado, com amigos, e à última hora resolvi não ir e não disse nada a ninguém. Vem do meu feitio. Talvez não tenha agido bem, mas eu sou assim. O que aconteceu é que depois de na sexta-feira à noite ter-me surgido o sentimento de culpa em relação à faculdade e também uma tristeza em relação ao H., pus-me a pensar em mil e uma coisas e e deixei de ter vontade para fazer o fosse o que fosse. Então, obviamente, não estava com espírito nenhum para sair. No entanto, saí. Não me apetecia ficar em casa, mas também não estava com clima festivo. Sem dizer nada a ninguém, fui passear pela cidade e acabei por me sentar num jardim e fiquei ali sozinho naquele espaço. Ouvindo músicas tristes, acabei por chorar ali mesmo. Do outro lado da cidade estava o pessoal em plena festa, sem sequer imaginarem como eu estava ou o que estava a fazer. Pouco me importou. Não fui capaz de fingir mais uma noite. Disse a mim mesmo que chega de fingir. Se não estava bem, não estava e ponto final. Acabei por caminhar bastante, dei uma grande volta, espaireci até que cheguei a casa era cerca de meia-noite. Naquela noite, usufruí de um momento só meu, ainda que triste. Fui eu, os meus pensamentos e a noite, mais nada nem ninguém. Cheguei a casa não muito melhor, mas pelo menos estava calmo. Desde então, não me sinto muito melhor. Sinto-me até com medo do que vem por aí...
OK, tive de me acalmar para conseguir redigir. Tive um súbito ataque de choro nesta noite. Sinto-me destroçado. Arrependi-me em relação a algumas coisas. Primeiro, foi por me ter apaixonado. Percebo há já vários meses que isso não me trouxe bons resultados. Mas com outro ano lectivo à porta bateu um sentimento de culpa em relação à faculdade. Eu desleixei-me. As minhas notas foram horríveis. Não queria sentir-me assim. Sei que sou humano e que posso errar como qualquer um. Mas isto agora assombra-me. E ele, o H., já lá não vai estar. Ao contrário de mim, ele terminou o curso. Ele seguiu em frente. Pouco se importou como eu fiquei depois de lhe contar. Eu nem sequer me posso queixar. A culpa é toda minha. Quem gosta sou eu, eu que sofra. Certo? Fui eu que fiquei destroçado, que chorei noites a fio em vez de estudar, etc. À conta disto tudo, desleixei-me com os estudos, afastei-me de pessoas que provavelmente estariam lá a apoiar-me, mas mesmo assim decidi afastar-me por não saber lidar com isto e ainda tive de omitir coisas à minha mãe que sempre apostou na minha formação e o meu medo de a desiludir é enorme. Acontece que não sou perfeito, errei, sofri e aqui estou. E se as lágrimas me escorrem agora pelo rosto é um problema meu e ninguém vai poder poupar-me disso. A tristeza neste momento invade-me sem pedir licença. Se pudesse voltar um ano atrás, não hesitava. Voltaria. Não estaria apaixonado por alguém que não me percebe, estaria disposto a licensiar-me com toda a força e ânimo. Enfim, eu era uma pessoa completamente diferente: forte, decidido, sonhador, ambicioso. Agora acrescento a essa lista "arrependido".
Ultimamente, tenho-me sentido como vidro a rachar, prestes a quebrar. Tenha tanta coisa na cabeça. Para mim os dias são como uma desculpa para viver. Vivo por viver. Não vivo por prazer. Não acordo com vontade de fazer isto ou aquilo. Não vou deitar-me a pensar no dia espectacular que tive, que nunca cheguei a ter. Não se passa nada de interessante na minha vida há tanto tempo. Sinto-me incompleto. Falta-me o mais importante. E eu não posso viver como se estivesse tudo bem na minha vida quando não está, porque sinto a falta dele.
Esta é uma questão que me tem apoquentado imenso. Depois de eu ter revelado o que sentia ao H., e percebendo o jeito como ele ficou e me tratou, uma ideia ficou a martelar na minha cabeça após isso: teria feito bem ou era um direito meu contar-lhe? Dias, semanas, meses passaram e eu continuo com isto a rondar-me. Será que devo culpabilizar-me por me ter apaixonado por uma pessoa que à partida não quer saber de mim nem pintado de ouro ou tenho direito a amá-lo como qualquer outra pessoa e lutar por ele? Eu quero respostas. Eu preciso de repostas. Preciso de um rumo. Ele não pode proibir-me de gostar dele, mas e eu como é que fico no meio disto? Culpo-me, por sentir que o deixo desconfortável, confuso ou sei lá o quê embora ele disfarce e tenha sido frio comigo, tentando esconder isso... Eu desespero com isto. Eu confesso que já pedi a Deus ajuda. Já Lhe pedi uma explicação, um porquê para isto ter-me acontecido. Os sonhos só me confundem mais ainda.

