Cenário: a faculdade

Eu já aqui tinha referido a faculdade, noutros posts, mas nunca de forma abrangente. Chegou a hora. Estou numa fase de sintetização, a arrumar as ideias e, portanto, não posso ignorar a faculdade e a sua importância.
A faculdade que frequento, que obviamente não vou mencionar qual é, foi o epicentro da minha paixão. Se eu não tivesse ido estudar para ali nunca teria tomado conhecimento da existência do Hugo. E se ele não tivesse ido estudar para o mesmo sítio que eu, a mesma coisa. Então, é impossível não referir a faculdade. Referi o enredo, referi os actores e, por isso, tinha de referir o cenário.
Fui muito feliz lá, mas também muito infeliz. Agora só penso em terminar o curso e sair dali. Não me sinto bem lá. Não tenho sossego, nem paz de espírito, ou algo do género. Os corredores, as salas, as áreas de convívio, tudo me faz pensar no Hugo. Vi-o inúmeras vezes na zona da entrada/saída, cruzávamo-nos vezes sem conta nos corredores, outras tantas na secretaria, fizémos exames nas mesmas salas, assistimos aos mesmos seminários. Somando a isto, ainda vinham as aulas, às quais eu faltei para evitar mais contacto. Eu tentei fugir disto. Tentei mesmo! Mas quando se está preso por uma corrente chamada paixão, não há como fugir, certo? Ele nunca reparou realmente em mim, apesar de eu até ser vistoso. Eu mal conseguia desviar o olhar quando estávamos perto. Eu andei sozinho várias vezes à noite por aqueles corredores, procurando uma forma de gerir a situação e uma forma de lhe contar toda a verdade. Calculo que tenha resultado, porque já não sinto aquele medo que sentia há meses atrás. Não posso perder o que nunca foi meu, portanto não posso perder. Acho que era disso que eu tinha mesmo medo. Ainda tenho medo, é claro. O medo é uma fraqueza humana que nunca desaparece. Estou é mais confiante.
Folgo em saber que depois do ano lectivo terminar nunca mais terei de pôr os pés ali. Não tenho ressentimentos para com a instituiação, mas não suporto o ambiente que se criou, principalmente o ambiente que crei na minha mente e todas as consequências que isso acarreta. Fiz alguns bons amigos (dois ou três), mas nunca dei muita confiança à maior parte porque sei como as coisas funcionam.
E agora enfrento mais um problema. Eu não tenho grande vocação para a profissão que pretendo exercer. Denotei isso ao longo do curso, mas agora já está. O novo probléma é a insistência da minha mãe para que eu aposte num mestrado. É impressionante. A pressão começa a ser muita e simplesmente não vou poder negar isso à minha mãe, mesmo que não seja aquilo que mais quero agora. Posto isto, a cadeia de problemas adensa-se quando ao pesquisar percebo que os únicos mestrados que me agradam minimamente estão logo na faculdade que o Hugo frequenta actualmente. Torna-se difícil viver assim. Eu não sei o que se passa com o raio da minha vida, não sei o que se está a passar comigo, com azares e coincidências tudo à mistura. Mas ainda tenho tempo para poder respirar calmamente antes de algo mais. Mas a uma certa altura vou ter de tomar decisões.
Aquela faculdade marcou-me. Não sei se foi bom ou se foi mau o que lá aconteceu. É difícil escolher. Gostar de alguém assim, por si só, é saudável. Por aí, vejo o lado posítivo. Mas o que veio depois - o desinteresse e o silêncio - derrubou-me. Caí e está a ser difícil levantar-me.

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