O cometa

Começo a sentir-me deprimido outra vez e já lá vai o Natal. E não, ainda não contei. Senti um impulso enorme ontem, mas sempre que chego à página do Hugo começo a ficar mal disposto, entro em pânico. É uma sensação que nem sequer gosto de me lembrar.
Sou um cometa que anda de um lado para o outro e nunca se sabe ao certo por onde vai passar. Quero fazer uma coisa, mas faço outra. Sinto uma coisa e digo aos outros que sinto outra. Estou cada vez mais sem rumo, sem direcção definida.
Sou um cometa que parece perder o brilho à medida que se afasta - quando me afasto do meu objectivo. E é isso mesmo que sinto: a perder a luz, a claridade, a cor. Em vez disso, devia iluminar-me, sair da escuridão, ir para onde devo estar, deixar de andar às voltas. Mas tomar essa atitude não é fácil. Não é fácil sair da escuridão e de repente ter todos os holofotes apontados a mim. Chamar a atenção dele sempre foi o que eu quis, mas de alguma maneira isso assusta-me. Talvez porque haja outros factores à volta disso. Sei que mesmo que peça para ele não contar a ninguém próximo, ele irá fazê-lo e isso pode afectar-me. A humilhação é tudo o que menos preciso agora e temo que eu venha a fazer alguma coisa impensada por causa disso. Mas não posso pensar mais nisso. Preciso de me concentrar, porque o cometa a uma hora vai ser visto. Espero ansiosamente pelo próximo impulso para acabar com esta agonia que até já me conplicou a saúde.

1 Response to "O cometa"

  1. Anónimo Says:

    Olá, Miguel. Como estás? (Tentei enviar-te esta mensagem no fórum, mas tens a caixa de mensagens cheia, então envio por aqui; espero que não haja problema)

    Desculpa enviar-te assim uma mensagem, tu nem sequer sabes quem eu sou... Mas li o teu último post, e li alguns posts do teu blog, e decidi escrever-te alguma coisa.

    Sinceramente, nem sei bem o que dizer. Houve qualquer coisa no teu blog que despoletou em mim pensamentos sobre coisas passadas, sobre coisas que eu vivi (e que, não se assemelhando necessariamente ao que tu passaste, fizeram ainda assim com que eu sentisse que te percebo pelo menos um bocadinho).

    Talvez queira apenas desejar-te força. E dizer-te que tens aqui alguém com quem podes falar se quiseres, valha isso o que valer. Acho que não vou dizer que vai ficar tudo bem e que vais ultrapassar isso; mesmo que seja verdade, eu não o sei, e detesto falsos reconfortos. Digo-te apenas que o ser humano é capaz de muito mais do que pensa. E talvez isso sirva de algum consolo ou esperança.

    Um abraço,

    F.