A vida é pura ironia

A vida foi cruel comigo. Perdi conta às vezes em que estava em locais públicos, em redor de dezenas, centenas, milhares de pessoas e que me deu uma vontade incontrolável de chorar. Sentia a minha alma a morrer. Refugiava-me nos WCs. A minha decadência era tão grande que até chorei nos WCs da faculdade. E não foi uma, nem duas, nem três vezes. O que é que posso dizer mais em relação a isto? É triste. Precisei que o Hugo estivesse por perto, mas ele preferiu dizer-me "adeus e boa sorte" antes de desaparecer. Eu sei que o envergonhei-o. Eu sei que sou uma vergonha para ele. Eu sei! Mas eu nunca lhe pedi grande coisa. Precisei dele, principalmente, como amigo, mas ele não esteve lá para mim. Depois disto comecei a sentir-me humilhado nem nunca ter sido efectivamente, pelo menos por ele. Aliás, ele foi muito respeitador o que comprova o bom carácter que eu sempre soube que ele tem. E, ironicamente, isso ainda me deixa mais triste. Se ele fosse alguém que não valesse nada teria sido mais fácil eu ultrapassar isto. Mas não foi assim.
O tempo não vai ser capaz de apagar nada disto. Estas feridas não vão sarar nunca. Às vezes isto tudo parece-me tão irreal. Surgiu do nada. Nem eu nem ele esperávamos algo assim. Foi o acaso total que imperou nesta história. O Hugo representa mil e uma coisas para mim. Respeito-o, não o odeio, mesmo que isto tenha sido o maior desastre da minha vida. Só posso ficar feliz por saber que gosto de alguém que realmente valeu o meu esforço, a minha dedicação e cada lágrima que derramei.
Quanto mais eu desejei este rapaz, mais longe ele ficou. Quanto mais eu quis ficar bem, pior fiquei. A vida é irónica. As melhores coisas que nos acontecem são aquelas que são totalmente inesperadas. Mas não fui nem vou ser capaz de adoptar essa atitude passiva de esperar pelo inesperado. Prefiro correr riscos e desafiar a ironia que é a vida.

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