Cresci a ouvir A Rush of Blood to the Head (2002), mas tornei-me um seguidor ferrenho a partir do X&Y (2005). O Mylo Xyloto (2011) é o meu CD preferido deste ano. É absolutamente magnífico. Gosto do modo como eles alternam entre o pop-rock e o rock alternativo.
Mas por que é que eu estou a mencionar os Coldplay aqui e agora? Porque apesar de todas as canções mexidas, eles fizeram outras tantas que me comoveram mesmo! Porque são algumas canções deles que me acompanham em momentos de desespero, molhados pelas lágrimas do meu choro. Porque de alguma maneira eles tornaram-se a banda sonora da minha angústia. Na "Yellow", o Chris Martin diz "Olha para as estrelas / Olha como elas brilham para ti"; Eu atravessei o oceano / Eu superei barreiras por ti": tudo isto fez-me pensar muito; que eu realmente dei muita importância ao Hugo sem ele nunca me ter dado a mim, que eu me submeti a coisas, que fiz coisas que nunca mais farei por ninguém. A "The Scientist" é igualmente profunda: "Tu não sabes o quão adorável tu és / Tive que encontrar-te, dizer-te que preciso de ti"; "Nunca ninguém disse que era fácil". Isto comove-me mesmo. :'( Eu não devia ouvir estas coisas, mas é inevitável. Prefiro chorar rios a ouvir estas coisas do que reprimir este sofrimento em mim que poderia a ter consequências graves se não o fizesse.
Preciso dele, preciso de ajuda, mas os Coldplay são a minha terapia agora. Eles vão actuar ao vivo cá em Portugal, no Estádio do Dragão (Porto), a 18 de Maio de 2012. Eu e uma amiga gostaríamos mesmo de ir ao concerto. É longe e eu até já estou a colocar a hipótese de ir até lá de carro, embora eu deteste e tenha um pavor absurdo de conduzir. Mas acho que se tornou essencial para mim ouvir estas canções lá, ao vivo, e sentir as emoções à flor da pele. Tenho de ir. Vou fazer um esforço para isso.
Deixo alguns vídeos que adoro:
Talk
Yellow
The Scientist
Speed of Sound
God Put a Smile Upon Your Face
Every Teardrop Is a Waterfall

Ateei fogo à chuva. Aconteceu o inesperado. Uma paixão que tanto foi um perigo como uma bênção. Uma paixão que sobreviveu num mundo paralelo, onde ninguém a pôde destruir ou sequer tocar. Uma paixão que desafiou o destino e a probabilidade.
Se formos ao dicionário procurar pela palavra "vazio" surge-nos uma definição do género: "espaço sem nada dentro". É exactamente como me sinto. Foi assim que o Hugo me deixou. Sinto-me como um jardim sem flores, como um oceano sem água, como fogo sem chamas. De há alguns tempos para cá que tenho vindo a sentir isto, mas sempre ignorei até não conseguir negar mais a mim mesmo. Sinto um vazio em mim do tamanho do mundo. A minha vida estagnou. Admito. Aquilo que consegui até hoje, nos mais diversos aspectos, não é suficiente para cobrir o vazio que esta paixão deixou em mim. Fracassei. Fracassei por ter nascido justamente assim, fracassei por não ter conseguido aproximar-me da pessoa que mais desejei na minha vida toda, fracassei indirectamente em tudo o resto porque para mim nada faz sentido. E para mim, uma pessoa com um ego elevado transformado em defesa pessoal, admitir uma coisa destas é duro. É duro perder, principalmente aquilo que se quer mais. E o que eu quis foi só compreensão, atenção, respeito, porque sabia que ele não me poderia dar mais do que isso, mas nem isso ele pôde dar-me. Parece que só a minha paixão não fracassou. Lutou contra tudo e contra todos, contra o ódio, contra o preconceito, contra a desilusão, contra a vergonha e venceu. A minha paixão floriu na maior das tempestades. É honestamente a única coisa que tenho como garantida neste momento. Só sei que aquilo que sinto pelo Hugo é perigosamente infinito e isso deixa-me sem chão. :'(
O rapaz proibido... Aquele por quem não era suposto eu ter-me apaixonado. O rapaz que apareceu do nada, que entrou na minha vida sem o ter desejado.
Não creio que seja possível amar mais do que uma pessoa, diga-se com uma paixão ardente. Pode gostar-se de uma pessoa, e depois outra, com serenidade, mas sem aquela loucura da paixão. Aquela paixão ardente que se sente uma vez jamais pode ser repetida ou sequer igualada. As pessoas podem namorar, casar, as vezes que quiserem. Mas nada muda esse facto. Pode sentir-se muita coisa por alguém, mas uma paixão avassaladora como a que eu tenho experienciado só se sente uma vez e não se iluda quem ache o contrário. A paixão é um sentimento esquisito, porque ao contrário de todos os restantes, nós podemos sentir paixão por alguém que não nos é próximo e é aí que tudo começa por seguir um mau caminho. No amor, na amizade, e no resto, há proximidade, correspondência e partilha, e na paixão nem sempre isso acontece. E por isso eu digo, a paixão é astuta e maldosa e acho que não faz bem a ninguém. É astuta porque surge do nada, sem que possamos combatê-la; quando a detectamos é tarde demais, ela já nos terá invadido. É maldosa porque dói, porque arde, porque chega ao ponto de nos fazer querer morrer. Dei-me ao trabalho de ir ver a definição de "paixão" no dicionário e saltam-me logo à vista expressões como "afecto violento, amor ardente". Nem pergunto porquê. Eu odeio a paixão e por isso mesmo é que nunca mais me vou apaixonar. Quem puder, que a evite. Não me revejo a gostar de mais alguém assim como aconteceu com o Hugo. Não há qualquer hipótese de isso acontecer. Nenhuma mesmo! E eu não afirmo isto todo contente, até porque eu antes disto invejava os apaixonados e deu no que deu.
Inevitavelmente, eu tenho um bocado das cores azul e rosa em mim. Vão acompanhar-me para sempre. Azul e rosa vão ser sempre cores opostas e os opostos atraem-se, recorrentemente. No entanto, eu vou estar sempre ali no meio. Não sou uma coisa nem outra e ao mesmo tempo sou as duas coisas. Sou como não quero e quero ser o que não sou.

